Larissa • Capítulo 22

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Larissa

Me espreguicei me ajeitando no sofá, peguei meu celular vendo que era 09:00 da manhã, tinha algumas mensagens do Geizon pedindo notícias da Geovanna.

A pequena esqueceu como é a vida de cachaceira e foi sem freio, no final eu e Lennon penamos pra trazer ela pra casa, preciso lembrar de agradecer ele depois, deixei ela dormindo no meu quarto com minha mãe e acabei dormindo pela sala mesmo.

Peguei o celular vendo algumas mensagens do Xamã perguntando se ela estava bem, a última mensagem do Lennon dizendo que ia dormir e outras do grupo da família.

Levantei do sofá e fui pro meu quarto, minha mãe saiu do banheiro no exato momento e segurou o riso olhando pra cama, Geovanna estava sentada nela e parecia que tinham passado um trator pela garota.

- Ta viva? - perguntei segurando o riso.

- Passei muita vergonha? - a voz dela saiu baixinha enquanto ela se encolheu na cama.

- Pouca, só ficou bem louca, Lennon teve que carregar pro carro...

- QUE? - ela gritou e segurou a cabeça fazendo a gente rir - O Lennon me carregou? - assenti.

- E tu ficou o caminho todo ameaçando a vomitar dentro do carro, certeza que ele veio de lá até aqui com o cu na mão - ela escondeu o rosto com vergonha e eu gargalhei - mas você tá viva, pelo menos isso.

- O Xamã viu isso tudo?

- Viu e tava me mandando mensagem perguntando se você estava bem, e não é pra ficar com vergonha, eles tão mais do que acostumados.

- Agora você vai tomar um remédio, um banho e comer alguma coisa pra ficar bem - minha mãe entrou no quarto com um copo de água e remédio - seu pai ligou, chamou a gente  pra almoçar na casa dele hoje.

- Tio Rogério também vai? - ela concordou.

- Eu não entendo a família de vocês - Geovanna resmungou entregando o copo pra minha mãe - é ex que é amigo de atual que convive todo mundo junto.

- Melhor que isso só quando junta eu e Júlia pra falar mal do Ricardo - a gente riu - é perfeito.

- Chega de show, vai tomar banho logo e se arruma pra ir com a gente - Geovanna se jogou na cama - se ficar aqui seu almoço vai ser água, não fiz compra.

- Chata! - ela reclamou e levantou indo pro banheiro.

...

- Fala comigo Nerdona - brinquei assim que entrei no quarto da Brendha vendo ela sentada estudando - é domingo doida, larga isso aí!

- Tô terminando o resumo que tenho que entregar amanhã - me aproximei vendo o livro de penal.

- Direito Penal do equilíbrio, uma visão minimalista do direito penal - comentei lendo a capa do livro - "os movimentos do Direito Penal Máximo e Abolicionismo não são capazes de resolver o problema da criminalidade, a sabedoria está no equilíbrio." - forcei uma pouco a memória citando uma parte do livro e ela riu - Penal é minha área né? - me gabei - É um resumo do livro?

- Na verdade é uma apresentação de tópico - ergueu as folhas - A visão de um Direito Penal mais digno e humano.

- Termina logo que eu quero lê isso aí - ela riu fraco e voltou a escrever.

- Na verdade já terminei - guardou a caneta no estojo e virou pra mim - porque eu estou sentindo que você quer falar alguma coisa comigo?

- Você gosta do Direito mesmo? - fui direto ao ponto e ela ajeitou a coluna na hora ficando séria.

- Tia Suzy falou da nossa conversa né? - assenti e ela resmungou - Lali...

- Por que você escolheu o direito? Você sempre quis arquitetura - interrompi fazendo ela bufar.

- Eu fiquei muito em dúvida na hora de escolher e meu pai sempre se gabou porque tinha uma filha bacharel em direito - ela deu de ombros - imaginei que ele fosse ficar feliz em ter mais uma.

- Brendha você tá se ouvindo? - ela parou me olhando - Tu demorou séculos escolhendo que faculdade queria pra acabar fazendo algo pra agradar os outros? - ela se encolheu um pouco na cadeira - E outra, ele estava feliz porque eu estava fazendo o que eu gostava, você não vê que ele fala do surf do Davi todo orgulhoso? Se você quisesse sei lá, fazer Artes cênica ele ia te colocar no pedestal menina.

- Mas eu gosto do Direito... - parei olhando ela sério que acabou rindo - Não tanto quanto vocês mas sei lá, eu vou pensar com calma.

- Faça isso, vê se é isso mesmo que você quer, quando quiser conversar com meu pai eu vou com você - ela levantou e me abraçou - te amo sua idiotinha.

- Chega de viadagem aí, a comida tá pronta - Davi apareceu dando dois sequinhos na porta do quarto.

- Mais tarde tem Flamengo e Vasco, vamo pro Seu Vidal assistir? - meu pai perguntou animado assim que sentamos a mesa

Se tinha uma pessoa que era doida pelo Flamengo era meu pai e criou eu e meus irmãos no mesmo ritmo.

- Tenho que ir na Rocinha antes - falei sentando a mesa - amanhã começa o judô do Fernando e eu tenho que levar as coisas deles.

Fernando era meu "afilhado", adotei ele no projeto que eu ajudo na Rocinha, ele me viu lutando Judô e pediu pra começar, vi o local e comprei as coisas, ele começa amanhã e tá todo bobo.

- Você vai levar ele no treino ? - Geovanna perguntou e eu neguei.

- Vou buscar quando sair do trabalho - ela assentiu - prometi pra ele.

- Mudando de assunto real, sábado que vem tá tudo confirmado? - Davi perguntou me lembrando da comemoração.

Era aniversário do meu pai e inauguração do novo escritório dele, ia ter uma recepção só para os clientes e amigos mais íntimos, odeio eventos formais mas sou da família do anfitrião.

- Tudo certo, vê se corta esse cabelo pra chegar lá descente filho - ele chamou a atenção do Davi que riu - vai ser lá no escritório mesmo.

- Vou comer pra caraca - Tio Rogério alisou a barriga fazendo a gente rir.

- Normal né Rogério? - Tia Júlia zoou.

Eu amava vê minha família reunida assim, nosso jeito doido de viver e de se amar era o que tornava tudo ainda mais especial.

Larissa • LennonOnde histórias criam vida. Descubra agora