Mais tarde, o enfermeiro me liberou. Todos já estavam indo para casa, e eu me vi sem saber o que fazer. Como eu poderia voltar para casa sabendo que Kai poderia estar à espreita em qualquer esquina? Eu não queria vê-lo, nunca mais. O medo me corroía por dentro. Me agachei no chão, abraçando os joelhos, enquanto lutava para conter as lágrimas que insistiam em não cair, apesar da vontade esmagadora de chorar.
Decidi esperar pelo ônibus, mesmo que minha casa não fosse tão longe. Ele passaria em meia hora, então planejei sair correndo apenas nos minutos finais.
Foi quando ouvi aquela voz novamente.
— Ei, garoto. Jimin!
Olhei para cima e vi suas mãos segurando os portões, que já estavam fechados sem que eu tivesse notado.
Mesmo sem ter reparado bem em suas feições antes, arrisquei perguntar se ele era quem eu estava pensando. Quando ele confirmou, me levantei do chão.
Ele perguntou por que eu ainda não havia ido para casa, mas eu temi contar a verdade. Não queria incomodá-lo com meus problemas. No entanto, ele me ofereceu uma carona.
Neguei, claro. Ele ainda era um enigma para mim, e mesmo parecendo amigável, a desconfiança ainda me rondava. Mas ele insistiu algumas vezes, e quando disse que não era nada demais, apenas uma gentileza entre colegas de faculdade, eu cedi. No fundo, o medo de encontrar Kai era maior.
Acabei aceitando, e o segui até o carro, olhando ao redor com cautela. Por sorte, não vi sinal do meu pesadelo em lugar nenhum. Quando entrei no carro, fui surpreendido pelo cavalheirismo do rapaz. Quantos caras fazem isso hoje em dia?
O carro dele era bonito, embora eu não soubesse identificar a marca. O interior tinha assentos de couro branco, era espaçoso e confortável.
Assim que ele deu partida, tentou iniciar uma conversa, talvez para preencher o silêncio que, para mim, estava repleto de ruídos e cenas horripilantes. Os gritos de Kai, suas mãos pegajosas, suas falsas juras... Tudo que eu queria era esquecer.
Jungkook perguntou onde eu morava, já que eu não havia mencionado antes. Observei ele mexer no GPS, mas quando disse o endereço, ele desistiu de colocar, dizendo que ficava na mesma rua da escola de sua irmã.
Eu conhecia a escola, a Instituição Johwa. Estudei lá no ensino médio.
Quando ele perguntou se poderia passar na escola da irmã antes, me senti acanhado. Embora ele tivesse sido corajoso e gentil ao me ajudar, ainda havia receio em mim por ele ser um desconhecido.
Acho que ele percebeu, e disse que não tinha problema em me deixar em casa primeiro. Senti o desconforto dele, e me senti mal por transmitir meu medo. Por isso, o tranquilizei, dizendo que ele poderia seguir o plano original.
VOCÊ ESTÁ LENDO
EU QUERO SER PARA VOCÊ • jikook
RomanceJimin sempre se viu como alguém fora do lugar, uma alma desajustada. Por conta disso, e de tantas outras feridas invisíveis que o fizeram acreditar ser incapaz de viver como os demais, ele ergueu muros ao redor de si mesmo. Entregou-se à rotina do q...