Sábado. As ruas de Seul eram um mar de agitação, um fluxo incessante de automóveis em movimento.
No meu carro, eu dirigia com serenidade, a janela aberta pela metade, permitindo que a brisa fria acariciasse meu rosto como um sussurro de inverno. Jimin estava ao meu lado, sua postura relaxada, o braço apoiado na porta, a mão sustentando o queixo como se segurasse um pensamento profundo. Seus olhos seguiam as ruas de Seul, contemplativos, e de vez em quando, suas pálpebras se encontravam em um breve descanso, enquanto o vento brincava com seus cabelos caramelizados.
Após aquela cena que ainda me escapa ao entendimento — embora uma vaga ideia circule como uma sombra na minha mente —, perguntei a Jimin se ele gostaria de sair para uma volta. Uma volta diferenciada, claro.
— Jimin-ssi… Você gosta de Toblerone? — perguntei, observando sua mão esfregar o rosto antes de seus olhos encontrarem os meus.
— O… o que é isso? — sua voz saiu densa, ainda marcada pelo choro recente. Embora eu não goste de vê-lo chorar, havia algo incrivelmente adorável em seu rosto corado, inchado de emoção.
— Hmm, você só vai descobrir se vier comigo…
Sem hesitar, ele aceitou. Fiquei surpreso, é claro, mas não questionei. Durante o caminho, percebi que ele enviou uma mensagem no KakaoTalk, provavelmente avisando ao senhor Park. Desde então, mantivemos o silêncio, e eu sabia que deixá-lo quieto, imerso em seus pensamentos, era o melhor a fazer.
Conforme a paisagem caótica de Seul começava a desaparecer, vi seus olhos explorarem todos os cantos possíveis, até finalmente repousarem em mim.
— Para onde estamos indo?
— É surpresa…
Diferente da primeira vez que Jimin entrou no meu carro, ele não parecia desconfiado, nem tenso com minhas palavras. Seus ombros relaxaram, e ele voltou à sua postura inicial. Isso era um progresso, certo? Um enorme progresso.
— Oh! — ele exclamou ao avistar o mar ao longe. — Aquilo não é uma praia? — sorri de canto.
— Você não deveria perguntar “aquilo não é "a" praia?”, ao invés de “aquilo não é "uma" praia?” Dessa forma, parece que é a primeira vez que você vê uma.
Seu silêncio e a forma como coçou a bochecha, sem jeito, me confirmaram que minha suposição estava certa.
— Hm — ele limpou a garganta, tentando disfarçar. — Talvez eu… nunca tenha visto uma tão de perto.
— Sério? — perguntei, vendo o pequeno biquinho tímido se formar em seus lábios. Adorável.
Fiz uma curva e segui o caminho que nos levava à divisa entre a cidade e a praia. Estacionei o carro em um terreno firme.
— Por que você parou aqui…? — ele me olhou, e eu abri um sorriso largo.
— Surpresa, Jimin-ssi! — abri a porta de uma vez e corri até a dele.
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EU QUERO SER PARA VOCÊ • jikook
RomanceJimin sempre se viu como alguém fora do lugar, uma alma desajustada. Por conta disso, e de tantas outras feridas invisíveis que o fizeram acreditar ser incapaz de viver como os demais, ele ergueu muros ao redor de si mesmo. Entregou-se à rotina do q...