Capítulo 11 — Decisão.
Fernando assustou-se e retirou os dedos do cabelo do amigo ao ver que ele abria os olhos e bocejava, envergonhado pelo que estava fazendo.
— Sua cabeça estava caindo. — O artista pensou em uma desculpa rápida.
— Tudo bem, eu que me aproveitei de você. — Carlos riu. — O sono foi maior, me desculpa.
— Imagina. — Respondeu, sem encará-lo, vendo que ele se levantava.
— Então acho melhor ir, antes que eu durma de novo. — Riu e levantou-se. — Até mais, Portinari.
Fernando soltou uma risada, se levantando e indo com ele até a porta e se despedindo do amigo, retornando ao seu colchão, apagando as velas. Assim deitou-se e olhou para as sombras do cômodo escuro. Ao contrário de Carlos, não estava com sono e o pouco que restava, havia ido embora com ele.
♢♦♢
Eduardo estava jogado sobre sua cama desde que havia chegado em casa. Nem sequer tinha escovado os dentes e, apesar de poder sentir o hálito de cerveja em si, não tinha ânimo para levantar-se. Com os olhos abertos, olhava para o teto fixamente, pensando na aparição de Monique no bar.
Não soube dizer quanto tempo se passou, somente pensava que deveria ir se arrumar para dormir, para não perder a hora no trabalho no dia seguinte. E ao se levantar da cama para trocar de roupa, ouviu seu celular tocar na escrivaninha, fazendo-o bufar por ter que se levantar para atender a ligação. Pensou que fosse sua mãe, mas quando tomou o aparelho em mãos, surpreendeu-se com o nome que apareceu em sua tela.
— Alô? — Atendeu, rapidamente.
— Oi, Edu.
— Monique? — Indagou, desacreditado.
— Desculpa ligar essa hora, já tinha ido dormir?
— Não, ainda não. Pode falar. — Afirmou, sentando-se de volta na cama.
— Então, eu queria falar um pouco com você, é uma hora ruim ou...
— É uma ótima hora. — Riu, desengonçado. — Pode falar!
Monique riu com a empolgação dele e voltou a dizer:
— Eu tinha pensado em ligar e combinar um lugar pra gente se encontrar, só que como era exatamente esse o motivo do que eu queria conversar, tem que ser por telefone mesmo, tem algum problema?
— Não, nenhum. — Respondeu, atento ao que ela queria dizer.
— Eu gostei de te ver hoje lá no bar, sabia? Você tava lindo... — Ela assumiu, parecendo envergonhada.
— Você também tava maravilhosa... — Elogiou-a, tímido.
— Eu sei que eu já te pedi desculpas pelo outro dia, mas eu me sinto tão culpada de ter o deixado esperando por mim...
— A gente já conversou sobre isso, Mô... — Rebateu, tentando demonstrar que não carregava ressentimentos. — Posso te chamar assim, de Mô?
— Claro. Pode sim. — Ela afirmou, docemente. — Olha, eu posso estar me precipitando nesse momento por estar trazendo um assunto desse à tona e principalmente por telefone, mas é o único jeito, Edu. Se eu for deixar pra te falar pessoalmente, eu vou me sabotar de novo.
— Fica tranquila, eu tô aqui, eu vou ouvir tudo o que você tem pra dizer. — Declarou, convicto e ainda mais curioso.
— É que... Bom, não é fácil pra mim, o meu jeito pode parecer maluco demais ou que é apenas uma frescura, mas eu costumo fugir das situações, me sinto insegura demais e... — Monique deu uma pausa no que falava, pra parecer formular melhor o que diria. — Eu queria te dizer que eu não sou assim porque quero. Eu tenho borderline¹, Edu.
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...