Capítulo 17 — Habituando.
— E como foi hoje? — Carlos indagou, olhando para o trânsito enquanto dirigia. — Você conseguiu ir atrás de todos os documentos ou ainda não?
— Consegui fazer bastante coisa, mas não tudo, amanhã vou precisar ir de novo...
— E quanto tempo vai levar pra ficar tudo pronto? — O instrutor quis saber.
— A certidão de nascimento foi o que deram o prazo maior, de uma a duas semanas... Eu espero que não leve tanto tempo, mas pelo menos consegui. — Fernando afirmou, abrindo um pequeno sorriso.
— Eu fico feliz, Nando. Isso já me deixa aliviado, fiquei preocupado de não dar certo hoje. — Carlos assumiu, virando em uma das esquinas, ainda focado nas ruas. — Ah, me lembrei do que eu queria te falar... Sabe o Edu?
— Sei, sim.
— Ele tá querendo reformar um quarto na casa da namorada dele, fazer um escritório pra ela e ele me pediu ajuda. Então nesses próximos dias eu vou estar combinando com ele de ir o ajudar com isso. — Carlos o contextualizou, antes de continuar. — E eu queria saber se você não quer ajudar a gente, pra fazer alguma decoração bonita pro lugar, algo assim...
— Quero ajudar sim. — Aceitou, encarando o motorista.
— Tem certeza? Não é pra se sentir obrigado a nada... — Carlos encarou-o brevemente.
— Imagina, vai ser um prazer. — Fernando confirmou. — Já faz muito tempo que não faço nada. Vai ser bom sair desse tédio.
Carlos sorriu e o agradeceu, voltando a dirigir, começando a falar mais sobre o seu dia, poupando-o dos detalhes ruins dos colegas de trabalho homofóbicos por não saber se o artista também teria algum preconceito.
♢♦♢
Terça-feira, 13 de setembro.
— Bom dia! — Carlos cumprimentou o amigo, ao vê-lo chegar um pouco mais atrasado que o comum.
— Aí sim, esse é o cumprimento que eu quero receber! — Eduardo retribuiu o sorriso, encostando seu punho com o do amigo em um soquinho. — Ontem você tava tão chateado que nem parecia você.
— Ah, eu tô feliz que as coisas parecem estar dando certo agora. — Continuou, após colocar sua mochila no armário e o trancar. — O Nando conseguiu emitir a segunda via dos documentos principais dele, hoje ele ainda tá vendo outras coisas aqui no centro, mas a preocupação maior já foi.
— Que bom cara, fico feliz mesmo de saber.
— E então. E você e a Monique? Conversou com ela sobre aquilo do escritório? — Carlos indagou.
— Sim, nós conversamos ontem sobre isso. Ela vai me deixar organizar o quarto e por enquanto acha que só vou dar uma ajeitada lá e colocar uma mesa nova pra ela ter mais espaço, mas eu quero que toda a decoração seja surpresa. — Eduardo sorriu de modo travesso. — E eu quero tentar fazer toda essa melhoria por lá como uma surpresa, já peguei todas as medidas do cômodo e vou tentar fazer um projeto por conta própria, porque o dinheiro tá curto, mas quero fazer algo legal.
— E será que vai dar certo fazer como surpresa?
— Vai sim, eu conversei com a Michele, a amiga da Monique que divide o aluguel com ela. E combinamos que ela levaria a Monique pra sair no dia.
— Caramba, então é com direito a um plano e tudo! — Carlos admirou-se. — Você tá mesmo empenhado!
— Tô sim, quero que fique tudo perfeito pra ela. — Falou, sorrindo sinceramente.
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...