Capítulo 23 — Início.
— Mas Nando... Isso é... — O amigo voltou a lhe encarar, agora carregando um olhar triste e pesado. — Eu gosto de você também, mas não dessa forma.
A frase atravessou seu peito, rasgando seu coração certeiramente. E quando Fernando abriu os olhos e acordou do sonho, ainda doía. As palavras de Carlos pareciam reais e embora agora se sentasse no colchão para respirar fundo, sabia que aquele cenário poderia realmente acontecer.
Em seu despertador, via que já estava tarde. Era mais de nove horas e geralmente não se levantava naquele horário. O artista esfregou o rosto, em uma falha tentativa de tirar aquele sonho ruim de sua cabeça. Finalmente se levantando.
Já estava trocado e tinha escovado os dentes quando se encontrou com Carlos tirando o pó das superfícies da sala. O amigo sorriu animado e abaixou o som da música que tocava na televisão.
— Bom dia, Nando! Tá com fome? — Indagou, dobrando o pano úmido que segurava.
— Não, por enquanto não. — Respondeu, sem conseguir esconder seu desânimo. — Eu dormi demais... Você precisa de ajuda com a casa?
— Não preciso, relaxa. E você já fez bastante coisa por esses dias, descansa um pouco. — Respondeu, voltando a limpar a estante.
— Já descansei demais. — Fernando agora olhou ao redor, encontrando o cachorro em um canto da sala.
— Tem que aproveitar e dormir, mesmo. Eu teria dormido mais se alguém tivesse deixado, né Kid? — Carlos brincou, olhando para o cão dorminhoco. — Eu acordei com o barulho dele pedindo pra sair pra fazer as necessidades lá fora. Pelo menos, não posso reclamar disso.
— Eu não ouvi nada. — Fernando riu baixinho. — Hoje meu sono estava pesado.
— Ele foi chorar na minha porta, acredita? — Carlos olhou novamente para o cachorro, que voltava a fechar tranquilamente os olhos para dormir. — Parece até que já me conhece, é incrível.
— E sobre a situação dele? Você recebeu alguma mensagem?
— Não, ainda não. Mas preciso olhar de novo. — Carlos retirava o celular do bolso. — Ah, Nando. Eu fiquei de te falar, o rapaz da pizzaria mandou mensagem, ele tá precisando de alguém pra hoje.
— É pra começar às seis, né?
— Sim, eu posso te deixar lá. — Carlos agora finalizava a limpeza. — Quer que eu confirme com ele que você vai?
— Pode confirmar. — Respondeu, vendo que o cachorro agora se levantava, indo em sua direção para pedir carinho.
♢♦♢
Eduardo conseguiu convencer a namorada a sair do banheiro feminino da academia para conversarem. E Monique demonstrava toda sua timidez enquanto caminhavam, de cabeça baixa, sem encarar qualquer pessoa que passasse por eles.
Chegaram em uma região afastada, perto da administração da academia e pararam de andar. Com Eduardo puxando-a para perto, dizendo baixinho:
— Mô... Me fala, você tá bem?
— Quando ela me falou o nome dela, eu não me aguentei... — Monique suspirou, sem coragem de encará-lo.
— Tá tudo bem, eu entendo. Você não precisa se explicar. — Eduardo acariciou os ombros dela, vendo que ela levantava o olhar aos poucos.
— Eu quero ir embora... — A blogueira murmurou, encarando a expressão meiga do outro.
— Você não quer ficar aqui ou é por causa da Marcela?
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...