1. Sol

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A música já havia começado a tocar, algumas luzes piscando, passos apressados, o cheiro de perfume e bebida pelo ar, elas já estavam rindo alto, muitas vozes masculinas eram ouvidas, algumas meninas passavam por ela seminuas, bêbadas ou drogadas desejando "boa sorte" .
Algumas sorridentes, outras tristes...
Era mais uma noite, naquele inferno!
E ela estava ali pronta, linda e perfeita, para mais um "show" e ela estava há 9 anos nessa vida.

Algumas diziam que hoje seria uma grande noite, e que haviam convidados ilustres!
Novos sócios... Ela não ligava pra aquela merda toda, só queria fazer o que tinha que fazer e dormir... tentar! Ela a olhou sentada no canto com seus livros e fone de ouvido, e riu pra ela, aquilo era o bastante para que tivesse forças pra seguir em frente.

Daiana, carinhosamente Day, hoje com 14 anos.. Éram duas meninas na época que tudo aconteceu, mas ela teve que ser a adulta, mais que uma irmã, teve que ser a mãe também, e continua até hoje já que era a mais velha na época.

De repente, ele entra de forma grosseira como sempre e a tira de seus pensamentos. Bernard, era o nome dele. Aquele homem era o causante das maiores desgraças na vida delas.

Ele foi até ela com aquela mão imunda fazendo um carinho em seu rosto, a repulsa era enorme e essa mão que muitas vezes havia batido nela, sem piedade alguma e todas as outras garotas também sabiam o peso dela.

_ Você está maravilhosa, como todos os dias. Mas hoje está mais! - Ele havia chegado mais perto ainda e ela simplesmente se afastou e ficou de frente para o espelho fingindo retocar o batom.

Ele chegou mais perto e foi tomando a cintura dela e cheirando seu pescoço.
A vontade dela era vomitar ou enfiar uma faca no meio das pernas dele, ela tentou se afastar mas ele a puxou bruscamente.

_ Não sei porque você foge de mim, ah! Sol eu podia te dar tudo que você quisesse! Tudo... - Bernard sempre dizia a mesma coisa, para ele era uma esperança de que ela se cansasse de ser tão durona com ele.
Ela era apenas uma menina quando ele conheceu, hoje era uma mulher e isso deixava o desejo doentio dele mais louco ainda.

Ele a virou de frente e segurando o pescoço dela de forma violenta disse:

_ Um dia você vai cansar, e vai ceder e nesse dia eu vou enfiar tão forte em você que vai preferir ter feito de outro jeito.

_ JAMAIS, você me ouviu! Você é um porco imundo que mantém esse lugar destruído nossa humanidade, e violando nossos corpos. Mas um dia isso vai acabar. - Foi tudo que ela disse quando viu sua amiga Paloma levar Day dali, pois sabia bem o que viria agora, assim como todas as outras.

Bernard apenas andou alguns pequenos passos e voltou dando uma bofetada forte em Sol.

_ Vocês, nunca vão sair daqui! Principalmente você, sua vadia, aqui é o lugar de vocês, e eu só não te dou uma surra novamente porque você vai se apresentar agora, caso contrário você já sabe. E agora, limpa essa cara e anda que o seu público te espera, minha estrela. - Disse ele de modo irônico e saiu.

Ela apenas sentou, e pegou em uma gaveta uma pequena medalha, nela tinha a Virgem de Guadalupe, a padroeira da América latina, dos viajantes.
Ela fechou os olhos, e lembrou daquele triste encontro. Foi a última vez que viu seu pai, e sua mãe.

_ Virgenzinha, me ajuda! Eu estou ficando sem forças, e eu não posso. A Day precisa de mim. Ela só tem a mim... Não posso cair, se eu faltar algum dia ela não tem escapatória. Te peço mais uma vez, não me desampare... - Ela apenas baixou a cabeça, e as lágrimas não paravam.

As luzes se acenderam, um "flash"de luz forte iluminou o pequeno palco, e ela estava ali pra mais um momento, ela era a grande estrela da casa. Havia feito naqueles últimos anos mais apresentações do que podia contar, tornando aquela casa de shows conhecida, e Bernard mais rico ainda, enquanto ela apenas devia cada dia mais, cada roupa, comida, as despesas para a irmã, até mesmo a água era descontada, isso era uma forma para que a dívida nunca fosse finalizada, e as outras "moças", como ele às chamava tinham o mesmo tratamento.

Estava tudo cheio, três palcos. A direita, uma mulher seminua se exibia, a esquerda um casal de mulheres simulavam um sexo explícito enquanto eram aplaudidas por um grupo de jovens animados e bêbados, e pessoas sentadas ao bar, e outras entrando em pequenas portas que davam acesso aos quartos e na parte de cima, uma pequena arquibancada aonde haviam duas cabines, com duas moças dançando nuas, no meio o escritório de Bernard com uma janela enorme aonde ele tinha uma visão completa da boate, e embaixo no palco central a grande estrela.

Sol entrou ao ritmo da música e parou bem frente ao palco. Descalça, e com passos lentos como uma deusa egípcia, esse parecia ser o tema da noite.
De longe, ela viu Bernard apontar para algumas cadeiras a frente do palco dela, isso acontecia sempre que havia um cliente importante, ou que estavam gastando muito.

Ela sensualmente se agachou naquele ponto, dando uma perfeita visão de sua bela fantasia, a luz era forte ali, ela não via nada embaixo, e também não fazia questão nenhuma. Sol, era alta, negra, cabelos cacheados e avermelhados, um corpo bem definido por conta de todos o anos de prática com o pole dance.

Ela usava uma máscara, que cobria os olhos, da mesma cor de sua roupa.

Fantasia de Sol

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Ela havia escolhido uma canção especial, afinal os sócios tinham que ser fisgados, e ela havia achado a música hipnotizante e sedutora, e Bernard sempre usava essa técnica pois considerava a melhor forma para firmar seus contratos e encantar seus sócios. Ela se movia de forma calma, a dança deveria trazer sensualidade, desejo e prazer mas por dentro ela estava quebrada, quase morta em vida, ela sempre imaginava o que todos aqueles homens diriam se soubessem que a maioria daquelas belas mulheres, estavam ali obrigadas, e a maioria violentadas.

"Eles não se importam."- pensava ela .

Ricos, políticos, famosos, ou desconhecidos vindos da mais alta classe mexicana, movidos por dinheiro, poder e sexo.

Bernard tinha uma verdadeira devoção por Sol, nunca deixava nenhum dos clientes se quer chegarem próximos demais dela.
Ela só dançava... Ela era seu maior tesouro, sua cobiça e loucura, e ninguém além dele a tocaria e graças aos empecilhos que ele mesmo colocava os clientes acabavam desistindo, ou cobrava propostas milionárias que pareciam absurdas.
Mas isso mudaria! Ele já estava cansado da resistência e rejeições dela, todas ali deveriam fazer o que ele mandava e quisesse, a maioria havia sido assim... E ele acreditava que ainda a dobraria ao seu favor, mas parecia que naquela noite isso mudaria, pois um certo homem sentado e impactado na primeira fileira iria mudar isso...

Uma ideia nova Meninas! Espero que gostem, e me desculpem os erros. Continuo pelo celular e tentando melhorar esse português. Votem na ✴️ se gostarem e comentem por favor. 💋

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