𝟎𝟑

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Jas

Encosto minha cabeça na cabeceira da cama e sorrio aleatoriamente lembrando de Filipe

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Encosto minha cabeça na cabeceira da cama e sorrio aleatoriamente lembrando de Filipe. Como pode ser tão lindo? Seu cabelo estava da cor preta, do mesmo jeito do dia que ele deixou... Eu falo isso como se fosse a namorada dele!

─ Por que é tão difícil? ─ pergunto pra mim mesma.

Encaro meu celular vendo o mesmo sem notificações de nada, suspiro cansada e deito na minha cama. Minha cama, minha casa, meus móveis. Tudo meu!

Nunca imaginei que conquistaria algo, isso já é um bom começo.

Mas a verdade é que eu não quero ficar aqui, eu acho esse lugar mais ou menos. O problema são as pessoas, mas a verdade de uma favela é que você se sente mais segura aqui, rodeada dos traficantes do que em uma rua aleatória.

A verdade é que os traficantes nos conhecem, e por isso eles nos respeitam. Exceto quando você é mulher deles, aí eles te tratam como lixo.

Saio de casa arrumando minha calça jeans branca e a blusa de manga longa preta, suspiro cansada por ter trabalhado hoje e ter que trabalhar ainda mais. Caminho até a casa de meu vô e bato no portão.

─ Bora reviver essas plantas? ─ pergunto ao velho que estava na minha frente.

─ O seco pediu duas, só que é melhor tirar os mortos. ─ fala e concordo.

Comprimento minha vó rapidamente e em seguida vou em direção a escada de meu vô, onde tinha suas plantas.

A escada era lotada de plantas, e por isso o velho resolveu começar a vender os filhotes, como ele chama.

Pego a tesoura e lentamente tiro os mortos, eu trabalhava em uma floricultura bem pertinho daqui. Gosto de plantas desde pequena, elas eram meu amor.

─ Seu Antonio! Minhas plantas estão prontas? ─ Um arrepio ultrapassa meu corpo e olho em direção ao portal do vendo Filipe chegando aqui ─ Tem até ajudante.

Um sorriso me escapa e ele faz o mesmo jogando o cigarro que tinha em mãos longe. Filipe entra um pouco na casa e me sento na escada vendo que não havia nenhuma sujeira.

─ Mas ela é profissional! Trabalha até em floricultura.

─ Vô... ─ resmungo baixo com vergonha. 

─ Interessante. ─ Filipe murmura enquanto me encara ─ Onde trabalha Jasmine?

─ Na floricultura do lado do mercado. ─ respondo e o mesmo concorda.

─ Então, qual eu pego hoje? ─ perguntou e meu vô já vai todo entusiasmado subindo as escadas e quase me atropelando

─ Flores tendem a cuidar de flores, estou certo Jasmine? ─ me pergunta e apenas concordo ─ Posso cuidar de você... ─ um sorriso aparecer em seus perfeitos lábios e me sinto envergonhada.

─ Acho que sei me cuidar sozinha senhor Filipe. ─ falo e meu vô começa a descer as escadas.

─ Sua vó sumiu... onde ela tá? ─ pergunta.

─ Se agora for cinco horas, ela tá assistindo novela. ─ falo e ele rir ─ Ninguém consegue tirar a atenção daquela mulher pela TV.

─ Oia seco, essa daqui é boa. ─ diz mostrando a flor roxa, sorrio vendo Filipe olhar para a planta encantado.

─ Realmente linda, não é Jasmine?

─ Perfeita. ─ falo encarando seus olhos e sentindo um frio na espinha.

─ Novela só da boa. ─ minha vó diz aparecendo no quintal ─ Seco meu amor.

─ Oi meu amor. ─ Filipe comprimenta e vejo os dois se abraçarem.

Dou risada vendo meu vô bufar igual a um touro. Minha vó sempre foi assim, é só você dar um pingo de intimidade que ela te chama de amor, vida, bebê e por aí vai.

─ Onde tu tava meu fi? ─ pergunta e gargalho.

─ Procurando uma vida nova dona preta. ─ diz e sorrir.

─ A vida nova com a Jasmine? ─ minha vó diz algo que eu não pude decifrar.

─ Exatamente. ─ Filipe diz com um sorriso no rosto ─ Jasmine, vou querer essa planta que você está arrumando.

─ Eu ainda não terminei ela... ─ murmuro e minha vó vai até a cozinha voltando com um copo de café.

─ Senta um pouco aqui homi, ela já termina. ─ pega a cadeira que ficava do lado de fora, empurrando a mesma pro lado da escada.

Filipe entra em casa com sua famosa mochila nas costas e pega o copo de café que minha vó estendeu. Normalmente os cafés da minha vó é mais forte do que tudo e pelo visto Filipe gostou. 

─ Muito bom dona preta. ─ elogia.

─ Aqui tudo é feito com amor meu fi. ─ minha vó fala e volto ao meu trabalho.

Escuto a vibração baixa de meu celular e vejo que o mesmo estava na máquina a frente de Filipe. Com preguiça de levantar Filipe pegou o celular antes me estendendo. Vejo seu dedo deslizar pelo celular e desligando a chamada.

─ Foi sem querer Jasmine. ─ diz e concordo com um sorriso no rosto.

─ Relaxa. ─ falo e volto a mecher com sua planta ─ Tem que ter muito cuidado com essa, ela é bem delicada.

─ Entendo, era seu namorado? ─ pergunta se referindo ao homem que tinha me ligado.

─ Ahn... ─  quando ia falar que não meu vô reapareceu.

Filipe parecia até estranho, tinha cara de bravo, mas apenas lhe entreguei a planta e me levantei da escada.

─ Vô, vou ajudar minha mãe na lanchonete. ─ falo e Filipe se levanta dizendo também que ia pra casa.

─ Então, era seu namorado? ─ pergunta enquanto fecha o portão.

─ Não. ─ respondo rindo ─ Era meu amigo de trabalho. ─ mecho em minhas mãos completamente envergonhada.

─ Qualquer dia eu te vejo no seu trabalho. ─ fala e concordo com a cabeça ─ Obrigado pelo cuidado da planta.

─ Disponha, é só pedir. ─ dou meia volta indo até a garagem, onde é a lanchonete.

Talvez eu esteja perdidamente apaixonada. Só talvez.

 Só talvez

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31.07

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