Prólogo

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A maior parte dos adolescentes reclama por acordar cedo e precisar ir para a escola. É, eu sou uma grande exceção disso. E aí vocês me perguntam o motivo, certo? É simples... eu gosto de me arrumar para sair, mesmo que seja para ir ao Inferno — escola. Meu problema não é o colégio, as aulas ou os professores, e sim praticamente todos os alunos, os quais adoram fazer piadas pelo modo que eu me visto.

Afinal, é estranho um garoto de dezoito anos ir para o colégio vestido com roupas femininas, certo? Errado. Roupas não deveriam possuir gênero, cada um tem o direito de vestir o que acha que é confortável.

E por pensar desse jeito, após sair do banho, separei as peças que usaria em mais um dia de aula. Coloquei uma boxer — que era feminina — de renda, meias 7/8 na cor branca, uma saia soltinha em um tom claro da cor rosa, uma blusinha grossa e de mangas compridas em um doce tom de lilás. Calcei sapatilhas brancas e enrolei um lenço no pescoço. Botei meus brincos, anéis e minha pulseira, passei perfume e pronto.

Eu, Park Jimin, gosto de me vestir assim desde criança. No começo meus pais acharam estranho meus gostos diferentes, mas logo começaram a me presentear com essas lindas e delicadas peças de roupa.

— Bom dia! — Cumprimentei meus pais ao que entrei na cozinha.

— Nossa princesa está tão linda hoje. — Elogiou meu pai, me arrancando um enorme sorriso.

Eu gostava de ser chamado de princesa por eles, mas não por eu querer ser uma garota ou algo do tipo, até porque eu adoro ser um menino, mas sim porque era um apelido doce e carinhoso quando vinha deles. Bem diferente de quando as pessoas da escola me chamam assim.

— Seus fios estão ficando desbotados, quer que eu pinte mais tarde para você?

— Mãe, você é a melhor. Óbvio que quero! — Sorri largamente para ela. — Estou indo. Até mais tarde!

Os dois se despediram de mim, e assim fui rumo à escola.

Meu caminho até o colégio não é muito longo, mas é agradável colocar os fones no ouvido e seguir por todo o percurso escutando alguma música boa. Normalmente as pessoas mexem comigo na rua ou debocham de como me visto ou minha aparência, mas como sempre eu apenas ignoro, fingindo não escutar ou não ligar, mesmo que me doesse infernalmente por dentro o fato de não ser aceito por essa sociedade — mesmo que esta fosse medíocre e totalmente hipócrita.

Cheguei na escola cedo para o horário de aula e fui até meu armário, pegando os livros necessários para o dia. Me senti ser jogado contra a parede metálica do armário e grunhi. Apenas mais um dia normal na minha vida escolar.

— A princesinha da escola só falta estar maquiada. — Eu queria tanto ter coragem de socar ele. — Cadê seu namoradinho? Cansou de te comer? Foi atrás de outra bonequinha?

— Deixa ele! — Um dos jogadores do time, Taehyung, disse. — Vai cuidar da sua vida.

Somente cinco alunos são legais no colégio, são eles: Seokjin, Namjoon, Taehyung, Hoseok e Jungkook. Eles são os únicos que não me criticam ou atacam, sendo que muitas vezes até mesmo me ajudam — com exceção de Jungkook, que é um pouco mais na dele, mesmo sendo o mais popular aqui de dentro.

Apenas agradeci Taehyung, peguei meus livros e fui para a sala de aula rapidamente antes que outro incidente viesse a ocorrer. Soltei um suspiro assim que me sentei, respirando fundo e me encolhendo no meu canto em seguida. Odeio viver dessa forma, com as brincadeiras maldosas, os comentários cruéis e as agressões. Eu sou uma pessoa normal, mas quase ninguém enxerga isso.

Muitos me julgam pela minha inocência, mal sabendo os brinquedos que guardo dentro do meu guarda-roupa, nem imaginam as outras roupas que tenho também dentro de móvel para momentos onde elas me forem úteis. Nunca beijei e sou virgem, nunca me envolvi com ninguém, mas de santo, puro ou inocente eu não tenho absolutamente nada.

My Sweet Baby | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora