Capítulo 24

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Martin

Estou sentado na recepção do hospital de cabeça baixa fazendo uma oração para que tudo esteja bem lá dentro, já se passou uma hora e ninguém veio me dizer nada.

Estava prestes a me levantar e ver se a recepcionista tinha alguma informação do que estava acontecendo lá dentro quando uma médica veio em minha direção.

- Senhor Smith? - Uma médica me chama atraindo minha atenção.

- Sim, como está a Hailey e o meu filho? - Pergunto preocupado, pois seu semblante não está dos melhores.

- Lamentamos informar, que sua companheira não resistiu, fizemos o possível para salvá-la.

- O meu Deus do céu é meu filho como está? - Pergunto com o rosto banhado em lágrimas.

- Seu filho está na UTI neonatal, ele nasceu prematuro e precisará passar por alguns exames, pois sua companheira morreu devido a uma overdose precisávamos saber se isso o prejudicou de alguma forma.

- Eu posso vê-lo? - Pergunto tentando segurar a angústia que sinto em meu peito, estou passando por tudo isso sozinho sem ter as pessoas que amo ao meu lado.

Acabei de perder minha amiga e corro o risco de perder meu filho por causa das atitudes inconsequentes dela, mas que Deus a receba em um bom lugar.

- Sim, venha comigo. - Caminhamos por um longo corredor até chegar onde meu filho está.

Não pude pegá-lo no colo pois ele seria muito arriscado para ele, não aguento vê-lo daquela forma e caio no choro, saio dali com o coração na mão. Me sento no banco e choro por tudo o que está acontecendo, não posso lidar com tudo isso sozinho preciso de ajuda preciso de alguém ao meu lado me apoiando, então decidi ligar pra minha mãe e contar a ela tudo o que tenho mantido em segredo durante os últimos meses.

Pego meu celular no bolso da minha calça e ligo para minha mãe, ela demora um pouco para atender, estava quase desistindo quando ouço sua voz.

- Filho. - Ouço a voz de sono da minha mãe e já me sinto um pouco melhor sabendo que tenho ela para me ajudar.

- Filho, aconteceu alguma coisa? Por que está chorando Martin? - Ela pergunta com a voz um pouco mais alta, eu não tinha notado que havia voltado a chorar.

- Mãe eu preciso de você aqui. - Falo sem conseguir dizer mais nada.

- O que aconteceu? Você está ferido?

- Não fisicamente.

- Estou pegando o primeiro voo para Londres.

- Vou está te esperando, quando chegar me avisa vou te passar o endereço de onde estou.

Encerramos a ligação e me sento mais uma vez, tentei digerir tudo o que aconteceu mas está sendo mais difícil do que eu poderia imaginar.

Ouço meu celular tocar e vejo que se trata de Max me ligando, enxugo meu rosto e atendo a ligação.

- Martin está tudo bem? Passei em sua casa e seus vizinhos me disseram que viram você saindo com uma ambulância. - Meu amigo me pergunta preocupado.

- Foi a Hailey, ela está morta.

- O que? Como assim cara?

- Overdose Max, encontrei ela desacordada em seu quarto e quando fui ver tinha uma grande quantidade de droga escondida no closet.

- Eu sinto muito meu amigo, não sei o que dizer a você nesse momento, mas e o bebê?

- Ele está na incubadora, terá que passar por alguns exames para saber se as drogas prejudicaram em algo sua saúde.

- Me passa o endereço do hospital que vocês estão, estou indo ficar com você agora mesmo.

- Obrigada cara, estou precisando mesmo, não sei por onde começar a organizar as coisas.

- Não demorarei para chegar aí.

Saio andando sem rumo pelo hospital até que encontro uma capela, nunca fui uma pessoa muito religiosa mas neste momento eu preciso muito pedir pela vida do meu filho, eu mal o tinha conhecido e ele já tem um espaço imenso em meu coração.

Me ajoelho no chão e começo a orar da minha forma do meu jeito, não sei quanto tempo eu passei ali mas só me levanto quando sinto uma mão em meu ombro. Olho para trás e vejo meu amigo, me levanto do chão e ele me abraça forte, ficamos assim por alguns minutos, estávamos os dois muito emocionados.

- Eu sinto muito meu irmão, estou aqui para o que você precisar.

- Eu sei disso e agradeço muito você estar aqui comigo nesse momento.

- Você não tem nada que agradecer, somos família e isso que fazemos um pelo outro.

- Mesmo assim obrigada.

- Você já comeu alguma coisa hoje?

- Ainda não.

- Então vamos até a lanchonete do hospital para você comer alguma coisa. - Max fala e saímos da capela.

- Está bem, vamos.

Caminhamos pelos corredores do hospital em direção a lanchonete Max fez nossos pedidos e me mantive quieta por um tempo.

- Liguei para minha mãe, para que ela viesse para Londres. - Falei tomando um pouco de café.

- Ela sabe o que está acontecendo aqui? - Meu amigo pergunta querendo saber como estão as coisas.

- Eu não tive coragem de contar pra ela, ainda mais por telefone. - Falei e abaixei a cabeça, começo a comer um pouco mesmo não estando com fome, precisarei de força para enfrentar tudo o que vem pela frente.

Terminamos de comer e voltamos para a sala de espera, pedi à médica para ver meu filho mais uma vez e levei meu amigo comigo.

- Ele é muito bonito.

- Ele e sim, meu coração está aflito, estou implorando a Deus que não o tire de mim, que o dê forças pois já não vejo minha vida sem ele.

- Eu entendo, estou torcendo por vocês.

Horas mais tarde eu estava exausto, só queria a minha cama e um bom banho, minha cabeça estava quase explodindo. Max havia ido embora, ele vai cuidar do enterro de Hailey para mim enquanto estou com meu filho.

Que até agora não pensei em um nome, para meu pequeno bebê fico pensando em nomes para o meu filho e nada me vem à mente no momento.

- Senhor Martin. - Ouço a médica responsável pelo meu filho me chamar.

- Sim? Está tudo bem com meu filho? - Me levanto apressado.

- Sim ele está bem, estou preocupada com o senhor, tem horas que está aqui, vá para casa descanse. Qualquer alteração no quadro do seu filho iremos ligar para o senhor.

- Eu não quero me afastar dele. - Falei me levantando do meu assento.

- Entendo, mas o senhor precisa estar bem para cuidar dele. Então descanse e mais tarde se quiser pode voltar.

- Está bem, mas por favor qualquer coisa me ligue.

Saio da onde eu estava e caminho para o estacionamento do hospital onde meu carro estava, volto para a casa de Hailey para descansar um pouco e pegar algumas coisas para meu filho, vou até o quarto que tínhamos montado pra ele e todas as suas coisas estão organizadas no guarda roupa branco.

Coloco algumas coisas em uma bolsa e deixo tudo pronto para quando eu voltar ao hospital, caminho até meu quarto, tirei minha roupa e entrei embaixo do chuveiro, deixo que a água leve toda tensão, a preocupação e o medo que estou sentindo.

Me enrolo na toalha e saio do banheiro, vesti uma cueca e me deito em minha cama, não demora muito e eu caio no sono.

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