009

424 34 1
                                    

Coringa

Conforme a música ia tocando,eu pensava em coisas diferentes,eu me sentia calmo,depois de tempos vivendo em tempestades.
Estar ali com ela me acalma,a música me acalma,tudo me acalma.

Nunca pensei que me sentiria relaxado assim novamente.
Oh eu não pensei mesmo.

A única coisa que me acalmava era matar a sangue frio.

Ah,eu adorava.

Ela tem uma expressão tão relaxada,parece estar longe de tudo e de todos;
Queria ter esse dom.

A porta foi aberta bruscamente e um homem moreno que vestia um jaleco branco,entrou junto a quatro seguranças.

Eles a pegaram com força e depois me arrastaram até a porta,
Senti minhas veias pulsarem e meu corpo se arrepiar,joguei o homem que vestia preto longe,e senti suas costas baterem contra parede.
Outro veio para cima de mim,com força me dando um soco no estômago,doeu mais não tanto.
Lhe dei um golpe por trás e ele caiu no chão gemendo de dor;
O soquei novamente e fui até a porta,onde bárbara se debatia contra dois homens;

Dei um chute em sua cabeça e vi sua boca virando em câmera lenta até o chão esguichando sangue,soqueei o outro até ele cair no chão com a mão no rosto,olhei para o médico e ele saiu dali.

Antes que mais gente chegasse,eu peguei bárbara pelos braços e sai da sala.

Ela tinha arranhões pelo rosto,e uma expressão de medo,eu a assustei,não queria tê-la assustado.

Voltei para meu quarto e a coloquei sentada na cama.

Fui até a mesinha que ficava no cantinho e abri a segunda gaveta, mostrando coisas de primeiros socorros.
Estava ali porque as vezes a enfermeira deixava,caso algo acontecesse.

Peguei um curativo e levei até ela junto a álcool e algodão.

Me sentei e comecei a limpar o sangue que já estava seco.

—porque eles vinheram e começaram a bater em você?-ela pergunta enquanto bate os pés no chão.

—Eles vem tentando me forçar a dizer as coisas, usando armas de choque e me soquear.-digo me sentando ao lado dela na cama

—isso não é justo,se eu estou aqui e vários outros funcionários,são para ajudar você,e eles não estão sendo nem um pouco legais,o fazendo sofrer.

—eu não quero ajuda,já disse,estou bem sozinho,e eles são fracos,deveriam lutar mais.-ela ri do meu comentário.

—vamos supor que não é ajuda,do meu ponto de vista,eu gosto de estar com você,conversar coisas aleatórias e tudo mais,só que você não pode lutar contra suas dores sozinho,meu trabalho é o ajudar a se sentir confortável expressando seus sentimentos sem remorso ou raiva instantânea.-ela diz e sorri para mim.

—tudo bem,eu juro que vou tentar dar o meu máximo.-estralo meus dedos.

—você não precisa se focar em se esforçar a todo custo,eu apenas preciso que confie em mim para te ajudar a enfrentar seus sentimentos,raiva,ódio e tristeza.-ela segura minha mão e a coloca sobre minha coxa esquerda.

—eu não consigo os controlar,apenas me deixe,não tem cura para isso.

—para de negar,seu caso é sério, você está negando a todo custo que precisa de ajuda,mas não enxerga que a cada vez,se afunda mais,seus ataques de Pânico são profundos,oque pode causar coisas piores,eu já estive no seu lugar e não recomendo.-ela brinca com meus dedos.

—tudo seria mais fácil se ele estivesse aqui,mais eles o levaram,para sempre.

—você assume tanta culpa,tanto sentimento,tanto ódio sobre a morte de seu pai.-ela olha pra mim e solta minhas mãos.

—eu estava bem,sem minha mãe,mais aí levaram o meu pai,me tiraram quem eu amava denovo,e eu descobri que o amor é um sentimento idiota.-suspiro.—o fato é que ser rude e matar a sangue frio,é um dos meus calmantes.

—você já parou para pensar,que tanto tempo se passou e tudo continua entalado dentro de você?
Você não sente ódio por terem matado o seu pai,e sim por ele ter o deixado sozinho, você se privou e não deixou ninguém o amar.-ela da uma pequena pausa e suspira.
—e talvez por isso seu psicológico,esteja ruim, você deveria lembrar do seu pai,e vir memórias boas em sua mente,coisas que viveram juntos,coisas simples que fizeram juntos,que hoje são totalmente especiais,lutar as vezes não é dar um soco,e sim ser forte o suficiente para soltar oque há dentro de você e se permitir a viver.

Olhei rapidamente para ela e pensei,ela estava certa.
A porta se abriu e o mesmo homem que a chama todos os dias apareceu dizendo que já era hora de ela sair.

—tchau coringa,tenha uma boa noite e pense sobre oque eu falei,até amanhã!

Me deitei em minha cama e deixei meus pensamentos fluírem,a forma doce que ela falava comigo,e o jeito em que ela tem a delicadeza a dizer oque acha,oh isso acaba comigo.

Psicopath.Onde histórias criam vida. Descubra agora