Absolutamente tudo no mundo bruxo poderia ser descrito como sombrio, desde o xadrez a fadas de jardim. E apesar de isso ter uma beleza misteriosa ainda é aterrorizante.
No meu primeiro ano em Hogwarts enquanto todas as outras crianças olhavam para o castelo, encantadas eu tremia de medo. Por que ao contrário da maioria delas sabia como a magia poderia ser perigosa, de como um deslize momentâneo dos sentimentos fortes pode causar o caos.
Lembro-me bem como foi ficar submerso embaixo da camada grossa de gelo sobre o lago na minha primeira viagem em família, quando meu irmão Carlinhos ficou tão irritado por algo que discutia com nosso pai que descongelou e congelou a água por onde eu e George passávamos sobre nossos patins. Se não fosse Fred quebrando o gelo a base de socos, não sei o que nos mataria primeiro o frio ou a falta de ar. Eu não deveria ter nem seis anos naquela época,
Ele me salvou.
E em meio a batalha em Hogwarts também.
Ninguém sabe, nunca pude contar, mas antes de Fred correr para aquele corredor, antes daquela parede cair sobre ele, meu irmão salvou minha vida pela segunda vez azarando um comensal da morte que me encurrala-vá por trás e sendo atingido na perna por outro que o seguia.
A última coisa que Fred me disse foi: "irmãozinho eu te amo, mas até a nossa falecida vó em seus 140 anos faria melhor que isso e ela nem mesmo conseguia sustentar a própria varinha sozinha!"
"Vai à merda Fred" foi o que eu respondi.
Então ele sorriu, piscou o olho direito e saiu mancando em direção a sua morte.
Se fossemos trouxas naquele momento em vez de lutar em uma guerra poderíamos estar sentados todos na sala, tomando um chá quente enquanto ele e George contavam tudo sobre o que faziam na faculdade, minha mãe ligaria a tv em um programa qualquer e eu escutaria os gêmeos ansioso por minha vez. Meu pai chegaria do trabalho trazendo a notícia de que os Potter viriam para jantar, Harry teria sua família e eu ele e Hermione combinaríamos de tomar sorvete no domingo totalmente, alheios a esse mundo sombrio em que vivemos.
Peguei-me pensando nisso várias vezes durante a buscar pelas horcrux de Voldemort, nas noites em claro pelo risco eminente, criando várias variáveis de uma vida pacífica e segura. E agora renovo essa mania na floresta negra, o que eu estaria fazendo agora se não fosse um bruxo? Talvez panquecas para o café da manhã.
— Já chega! — Blasio gritou chamando minha atenção — vamos descer!
— Ainda não o encontramos — não o olhei escolhendo mirar as árvores a minha frente.
— Não vamos encontrá-lo estando desmaiados de cansaço e desidratação!
— Você está sempre convidado a voltar Zabine!
— Prohibere!
Senti minha vassoura parar e dela toda a magia sair e então eu caí, despencando em alta velocidade do céu até Blasio me pegar no ar.
— Que merda!? — gritei segurando nele o mais forte o possível.
— Foi um feitiço de paralisia — explicou sem nenhuma culpa na voz — Não funciona em criaturas vivas, em geral, é usado contra vassouras por aurores em perseguição.
Blasio pousou, mas não me largou como pensei que faria.
— Vai ficar me segurando até quando?
— Vamos nos sentar e comer por exatos 10 minutos, então voltamos a busca — seus olhos pararam nos meus, ele não ia me soltar até ter minha concordância. Balancei a cabeça confirmando e de vagar Blasio soltou minhas pernas e eu deslizei meus braços por seu pescoço até que ficassem do lado do meu corpo, não nos afastamos por um tempo, senti seu toque no meu rosto e isso me tirou do transe — Você é tão teimoso.
Empurrei sua mão.
— Vamos rápido com isso, não temos todo o tempo do mundo.
Foi os 10 minutos mais longos da minha vida e quando passou corri para minha vassoura.
O vento soprou empurrando folhas em nossa direção, Blasio olhava para frente com o cenho franzido observando as árvores por onde passara tentando obter qualquer vestígio de Harry.
A floresta estava quieta, procuramos por mais de duas horas e nem mesmo avistamos uma criatura, com esse tempo que passou imaginei que mais pessoas se juntariam a nós na procura.
Algo não parecia certo, a cor o cheiro a forma pacifica com que a floresta estava se comportando mesmo tendo invasores, franzi o cenho, e tentei prestar mais atenção.
De repente um clarão se formou na minha frente e dele um pequeno macaquinho saiu, ele me olhou, olhou em volta e então sumiu entre as árvores. Desci minha vassoura até pousar, Blasio continuou planando entre os troncos das Árvores sem notar o ocorrido.
Estendi a minha mão tentando encontrar seja lá o que aquela luz fosse, apesar de ter minhas ideias, provavelmente um portal ou talvez um escudo, algo que mantivesse quem estava do meu lado longe do que estava acontecendo do lado de lá.
— Blasio! — gritei assim que meus dedos picaram pela energia de magia — Blasio! Eu encontrei algo!
Olhei em volta, mas não o via mais, retirei a mão e virei meu corpo então Blasio se materializou na minha frente.
— Santo Merlin! — ele gritou agarrando meus braços — a onde você foi?
— Eu? Estava aqui o tempo todo! Tentei te chamar para ver a coisa estranha que achei, mas não consegui te ver.
— Pode ser algo relacionado ao encantamento, uma luz branca te envolveu quando sumiu, quem está do lado de fora não pode ver o que está lá dentro e vice-versa pelo jeito.
— Então basta um toque para ativar o mecanismo. Não é algo que qualquer um pode fazer — me virei novamento para aquela estranha barreira — Harry caiu ali dentro, por isso não o encontramos até agora.
— É arriscado, não sabemos o que vamos encontrar e nem se ele realmente caiu aí.
— Não precisa vir se não quiser — fui de encontro com o escudo sem nem mesmo olhar para trás.
Quando a luz diminuiu me permitindo ver e meu corpo se livrou da energia do encantamento percebi estar em uma caverna escura e úmida.
— Um portal então — sussurrei e a ponta da minha varinha acendeu quando proferi: Lumos.
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Um amor para Ronald Wesley
RomanceEu me perdi em algum momento durante aquela detestável guerra. E essa é a história de quando resolvi me encontrar no amor. - Ronald Wasley.