chapter eleven

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🏹۰ ۪۪۫۫  𝓢alvation

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MABEL CONTINUAVA SENTADA NAQUELA mesma cadeira que conheceu dois meses atrás. Santos, nem parecia que todo esse tempo tinha passado! A jovem Vanscheest já não sabia que dia estava, ela passava a maioria deles implorando para morrer. Não suportava as agressões dos oprchinik. Eles, claramente, não a matariam. Diziam que ela era bem melhor viva e sofrendo.

Mabel levou seus primeiros dias no lugar bem, pensou que Alina e Malyen entrariam naquela porta e a salvariam, então eles tirariam sarro dos homens e depois os matariam. Um por um. Ela se achava egoísta por isso. Seus amigos poderiam estar mortos agora e Mabel achando que só sua vida importava.

Depois de um mês, ela já nem abria sua boca para falar e muito menos para comer. Ela estava morrendo lentamente. Principalmente por não usar seus poderes. Suas mãos ficavam acorrentadas 24 horas por dia. Ela nem tomava mais banho. Sua perna baleada já estava começando a infeccionar.

Suas bochechas estavam tão magras que seu osso saltava para fora. Suas olheiras estavam roxas, além dos hematomas pelas torturas que recebia.

Deixavam ela presa em uma sala escura, sem janelas e com três portas beges. Havia nenhuma outra decoração, era só ela, a madeira com cheiro péssimo de mofo e uma cadeira azul que estava prestes a se despedaçar. Sua única companhia eram ratos, baratas e todos abomináveis animais, que transmitiam bactérias e doenças ao passar por seus pés.

Mabel não via graça em nada. Já não tentava se proteger como fez na primeira semana. Não se importava com as gracinhas que eles diziam e faziam. Ela só queria conhecer a paz. Queria muito reencontrar seus pais novamente. Talvez estivessem em um lugar bonito. Uma montanha de neves, com casacos luxuosos e seus lobos ao lado. Mabel e sua mãe poderiam ser Grishas normalmente. Ninguém acharia estranho Fjerdanos e Ravkanos juntos. Não teria guerra. E ela poderia estar nos braços quentes deles.

Mas ela passava o dia inteiro olhando para um mesmo ponto na parede. Era um pequeno desenho de navio. Aquilo fazia ela se acalmar.

━━ Ora, ora, ora. Veja só se não é a Sangradora mais bonitinha que temos ━━ um dos guardas narigudo entrou na sala, passando a mão nas bochechas da menina. Segurando um prato de insetos mortos. Era o que eles chamavam de uma comida digna para a menina. ━━ Sua comida chegou. ━━ ele levantou suas sobrancelhas grossas para ela.

Mabel não ousou olhar para ele. Só olhava para a mesma imagem sempre. O navio. Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, uma voz ecoava em sua cabeça.

━━ Não vai comer, não? ━━ ele segurou o rosto magro e pálido da menina de um jeito bruto e a fez olhar em sua direção. Ele cuspiu em seu rosto e a bateu. Deixou o prato de lado, mas seus movimentos falharam e ele acabou derrubando o prato no chão.

Mabel olhou para o prato caído e viu que o homem levou a mão no coração. Normalmente os fjerdanos não deixavam nenhuma fraqueza aparecer, mas então ele caiu no chão e uma mulher com cabelos bem curtos apareceu em sua frente, estendendo as mãos como Vanscheest fazia. Ela também era uma Sangradora.

━━ Olá, Mabel. Viemos te buscar ━━ sua voz soou alta e clara, mas Vanscheest não soube expressar nenhum sentimento. Ela só podia estar sonhando.

Ao seu lado apareceu um homem gigante. Eles tinham as mesmas feições, Mabel percebeu.

Então, ela escutou risadas. Santos, aquela risada que escutava nos sonhos! Abrindo mais uma das portas, um menino ruivo apareceu, cambaleando. Ele era lindo, tinha aspecto de ter um nariz quebrado, sua pele tinha algumas cicatrizes e suas roupas eram largadas. E seu sorriso... era a coisa mais linda que já tinha visto. Mabel sentiu que algo se acender dentro dela, mas só podia ser um sonho, nada de bom podia acontecer com ela.

━━ Caramba, aquele brutamontes perdeu para um magricelo como eu! ━━ falou para o gigante. Aquela voz era igual a voz de seus sonhos. A aparência do menino era totalmente diferente com a do loiro, mas mesmo assim aquilo a reconfortou.

O ruivo observou a menina sentada na cadeira e por um momento sua respiração também falhou, ele sentiu seu coração palpitar mais forte. Os sangradores também perceberam isso, já que encararam Mabel e o ruivo de uma maneira estranha.

A mulher arrancou as algemas e tentou ajudar Mabel a se levantar, mas a menina ainda não expressou nenhuma reação. Ela não queria mais lutar. Ela não queria ser salva. Ela só queria paz.

Ela sentiu os olhares sentimentais em sua direção e odiou se sentir fraca.

━━ Como? ━━ ela conseguiu perguntar, com a voz rouca depois de tanto tempo muda.

━━ Ordens da Conjuradora do Sol ━━ o ruivo respondeu abrindo um sorriso para Mabel. Ela realmente estava viva? A morena sentiu seu coração vacilar. Não podia ser verdade.

Eles devem ser outros guardas do Darkling e vieram para matar ela. Bom, ela pensou, a morte não parecia algo terrível. Assim toda sua dor iria embora de uma vez por todas.

A menina deixou os irmãos a carregarem nos braços, afinal não tinha nada a perder. Mabel viu a carruagem real parada na frente do aposento e hesitou.

━━ Não... não, não posso. ━━ ela disse se afastando. Mesmo que soubesse que não poderia sofrer mais do que já sofreu, ela estava com medo. Não podia mais confiar em alguém tão facilmente.

━━ Mabel, nós não vamos te machucar ━━ o ruivo disse fazendo questão que a morena a olhasse nos olhos. ━━ Alina está te esperando, assim como seu amigo Malyen. Vai ficar tudo bem.

"Vai ficar tudo bem." Era exatamente isso o que o loiro dos sonhos falava para ela. Eles trocaram um olhar intenso, como se o ruivo quisesse dizer algo por trás disso.

Não sabia se podia acreditar nisso. Era impossível Alina estar viva. A única justificativa palpável seria que Darkling tivesse mandado ela fazer isso. Afinal, a Conjuradora jamais saberia onde Mabel estava. No entanto, a morena entrou no automóvel para ver o destino que a esperava.

𝓣rouble  ─── 𝓝ikolai 𝓛antsov Onde histórias criam vida. Descubra agora