Há muito tempo atrás, pouco antes de Cristo, houve um homem que jurou amar à sua esposa durante a eternidade e além. Madea não pôde ficar mais feliz e, embora considerasse exagerada a declaração do marido, jurou fazer o mesmo por ele. O ato foi selado com um adorno dourado, a linha brilhante foi disposta ao redor do pulso da mulher. MinHo e Madea fizeram seu juramento sob a luz da lua nova e das estrelas mais brilhantes, ele não estava brincando quando disse que a amaria através do tempo, tal declaração nunca fora uma maneira de impressionar, o homem sequer se via numa posição onde precisasse mentir para ser levado em consideração. Embora MinHo fosse um exemplo de homem, a família de Madea o desaprovava, juntamente jogando essa má energia sob o relacionamento. MinHo provou ser digno de Madea em desafios quase diários, e faria valer a pena cada momento ao seu lado. Felizmente a mulher sentia o mesmo e para ela o único julgamento o qual MinHo precisava passar era o dela, e mais nenhum outro. Logo, de muito pouco valia todos os conselhos e suspeitas, parte delas vindas do fato de MinHo vir de uma família nobre e Madea ser apenas uma camponesa.
O pai de MinHo era guerreiro e ele consequentemente seguia esse caminho. Madea vivia do que plantava, aprendendo desde nova a como ser uma boa dona de casa e esposa. O pai da moça odiou MinHo por sua arrogância e prepotência, mas com o tempo o rapaz mostrou querer mais do que apenas usar o corpo da humilde jovem.
O pequeno reino onde viviam invejava Madea mais do que faziam à própria princesa, ter a atenção de MinHo era tão cobiçado quanto o ouro que a novel monarca exibia ao redor do pescoço e braços, ser o desígnio de seu amor, então, mal podia ser comparado com todo o patrimônio que o rei portava.
- Por que eu? - questionou Madea em uma tarde ensolarada, com a cabeça apoiada no colo de MinHo. - Dentre tantas moças aos seus pés, por que insistiu e lutou justo pelo meu amor?
MinHo lhe sorriu o sorriso mais sincero que podia. Seus dedos acariciaram com delicadeza o rosto corado de Madea, como se a qualquer instante ela fosse se partir bem na sua mão. Ele a encarou, o olhar apaixonado, e fixou, mais uma vez, cada detalhe dela em sua memória. Desde os cabelos longos e escuros, que caíam como uma cascata de caracóis sob as coxas fortes do guerreiro; os olhos amendoados e intensamente castanhos com cílios volumosos, que lhe davam um ar de sensualidade nunca notado por MinHo em qualquer outra mulher; os lábios carnudos e levemente rosados, que acolhiam MinHo de maneira amorosa e viciosa; ao fim do queixo arredondado e bem formado. Madea era lindíssima e, acima de tudo, muito forte. Sua resiliência e esperteza foram, sem dúvidas, o que mais atraiu o almejado rapaz.
Ele pôde se lembrar, como se tivesse acabado de acontecer, o dia em que colocou seus olhos em Madea pela primeira vez. O sol castigava de maneira impiedosa o batalhão enquanto o general gritava ordens, o treinamento havia começado cedo e os homens já estavam extremamente exaustos, o suor escorria de suas cabeças, molhando todo o rosto e parte do pescoço. O treinamento acontecia em praça pública, MinHo estava ao lado do general, observando e instruindo melhor os soldados que não seguiam as instruções de forma correta. Um dos soldados, Evan, se deixou vencer pelo cansaço e caiu desidratado. MinHo foi incumbido de pegar água para ele e sem expressar qualquer descontentamento seguiu o caminho que o levara á um riacho. Madea havia acabado de chegar, comportava uma trouxa de roupas debaixo do braço, sua expressão esbanjava descontentamento. Ele pegou sua água e quando percebeu estava rendido, atento a cada palavra que saia com certa fúria da boca sapeca de Madea.
- Porque você é a única capaz de me dar o que eu preciso. Algo que vai além do toque. Você é a única que me ensina todos os dias que vale a pena viver por alguma coisa que não seja eu. - ele respondeu.
Os olhos de Madea brilharam como na noite em que se estabeleceram e a pulseira lhe foi concedida.
As tardes de descanso de MinHo eram quase sempre assim, usadas com Madea, cheias de amor e carinho. Até que Madea começou a adoecer. Seu corpo mudou, perdeu massa, uma vez que nada parava em seu estômago. Acharam que poderia ser um herdeiro, e estavam certos. MinHo não poderia ficar mais feliz, finalmente estava se orgulhando da nova vida, das novas responsabilidades, dos novos sentimentos e das atitudes que tomara.
Entretanto, como toda história feliz precisa de desafios, tudo desmoronou quando MinHo precisou ir para a guerra, ele tentou de tudo para ser substituído, porém ser um dos melhores do batalhão tinha suas consequências. Uma praga caiu sobre o reino, fazendo de Madea uma das suas vítimas, a mulher adoeceu e o bebê não resistiu, o sangramento notado pela manhã depois de uma noite de dores e febre lhe confirmou o infortúnio. Ela sofreu sozinha o luto, não querendo ninguém além daquele que não podia estar por perto naquele momento, e isso fez o brilho em seus olhos mudar. Quando MinHo finalmente retornou com a vitória para o reino se deparou, não com sua amada e herdeiro os esperando, mas com uma Madea que nunca imaginou que veria um dia. Ele não chorou pelo filho, não podia. Ele precisava ser forte e foi. Ele fez por Madea o que ela havia feito por ele em todos os anos em que estiveram juntos, ele fez de tudo para devolver o brilho aos olhos dela e quando finalmente conseguiu mal pôde aproveitar, pois a perdeu de vez.
MinHo nunca sentiu tanta dor, nem mesmo nas suas piores feridas de guerra. Ele sofreu por dias e noites inteiros, seus urros abafados por panos em seu rosto. Foi então que ele decidiu que a encontraria no outro plano e assim poderiam ficar juntos pela eternidade. Seu plano tinha tudo para dar certo, exceto por um detalhe: almas tem seu tempo para partir e por um mínimo detalhe podem ficar presas na Terra. Madea estava presa ao símbolo do amor deles, ao juramento que fez á ele e o sacrifício de MinHo não o levou á nada além dos castigos eternos no submundo. MinHo fez um novo juramento e usaria sua determinação para conseguir libertar Madea, já aceitando o fato de que sua alma condenada não poderia nunca mais voar ao lado da dela.
A pulseira de Madea passou por muitas famílias, por muitos casais e baús, sempre sendo perseguida por MinHo. Ele fez o possível e o impossível para alcançá-la e tentou de tudo para libertá-la. Tantas vidas arruinadas e ceifadas apenas para tê-la, consequentemente isso lhe deu força e ele descobriu de onde vinha sua fonte de energia. MinHo deixou de ser apenas um espírito, se tornando algo pior e iníquo.
Séculos se passaram e os humanos não mudaram muito com o passar dos tempos. Muita ganância, ódio, inveja, mentiras, atos perversos contra a própria raça, intolerância, desrespeito, etc. A maioria dessas ações tento consequências à altura. Christopher experimentou delas quando agiu com ódio por inveja e cometeu atos perversos contra um dos seus. Não era a primeira vez que Chan errava em vida, sua alma teimosa sempre caía nos mesmos hábitos maldosos. Ele teve inúmeras chances e sujou suas mãos no sangue do seu irmão com gosto em cada uma delas. Chan já foi rei e invejou a vida humilde de seu irmão; já foi dono de gado e invejou o ouro que seu irmão carregava ao redor do pescoço; teve a mesma vida do irmão e mesmo assim não conseguiu conter todo o seu ódio. Chan teve seu irmão da vida original como amigo, pai, tio e por muito pouco aquela humilde alma não lhe foi dada como filho, pois certamente Chan o mataria também.
Diferente de MinHo ele não lidou tão bem com o castigo, aprendendo de imediato com seu erro ao se ver condenado. Porém, nada é assim tão fácil e se arrepender não iria o salvar como acreditou. Chan aprendeu com o tempo, aliás ele tinha a eternidade para tal. Aprendeu como se comportar e já que era para ser mal, ele faria isso com gosto e seria o melhor.
Foi desta maneira que conheceu MinHo e juntos se tornaram demônios poderosos e temidos, quase infantes. Fazendo história através das eras e chegando cada vez mais perto de voltar para o plano terrestre. MinHo já fora a sombra da caverna, Chan já tentara jovens puras com seus toques em sonhos genuinamente devassos.
Uma vez descobertos pelos humanos começaram a ser estudados e invocados por leigos, curiosos e desavisados. MinHo fez sua festa e Chan deu um jeito de fazer isso ser cada vez mais frequente, mostrando aos humanos como invocá-los em sonhos e outros modos.
- Formamos uma ótima dupla. - Chan exclamou sentindo todo o sabor do medo de mais uma vítima corrompida.
- Sim, mas eu tenho planos. Não fique no meu caminho. - MinHo expôs sua condição de parceria.
Tempo depois Kael descobriu sobre a história de MinHo e entendeu o porquê de tanta sede. Ele havia prometido e nem a morte o fez quebrar seu juramento. Ele continuava a amando e a libertaria. Custando o que custasse, MinHo não tinha muito mais o que perder. Chan se perguntou se um dia poderia ter sido agraciado com um amor tão forte, caso não tivesse arruinado todas as suas vidas com o ódio. Ele descobriu também que sempre foram os mesmos, MinHo já foi muitas coisas antes de viver como o guerreiro que perdeu sua amada, o que levou Chan a se perguntar se ele havia sido criado para isso, se ele nunca sentiria nada além de inveja e raiva, se MinHo mudou seu destino ao se apaixonar por Madea ou se aquilo fazia parte do que ele deveria ser, se ele poderia ter sido capaz de salvar seu irmão ao invés de tê-lo atacado. E com essas questões algo passou a soar diferente para Chan.
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The Curse [Em Revisão]
FanfictionContinuação do imagine "Demon" do livro "Imagines Stray Kids"