The Curse [Em Revisão]

Third chapter

S/n se virou para trás lentamente e viu a criatura assustadora escorada no corrimão da escada, o que mais lhe causava aversão era o pressentimento de que aquilo poderia ser bem pior do que tudo que ela vira anteriormente. O ser ainda mantinha a cabeça baixa e continha um sorriso debochado nos lábios, estes estranhamente ultrapassavam o limite dos olhos, chegando quase ao meio da bochecha. Entretanto o que deixou S/n mais alerta foi o fato de aquele ser, parecer totalmente diferente do cara que ela vira duas vezes em seu quarto, sobre a sua cama. Como que por instinto, S/n voltou a se virar para Lia, caminhou até ficar ao seu lado e voltou a se virar para a sombra na escadaria. Respirou fundo e tentou ao máximo não transparecer o medo que estava sentindo, embora fosse quase impossível, achou que estava se saindo bem. Perdeu um pouco da postura ao ouvir um baque surdo e se virar para o lado novamente, Lia estava caída no chão, desmaiada.

Um lugar não físico que muitos não conhecem e outros fingem que não é verdade, um lugar que tanto Chan quanto MinHo conheciam bem. Ser um demônio significava viver onde os pesadelos viviam, um lugar escuro, sem esperança e carregado de energia baixa e pesada. De longe, o mais perto que a mente humana conseguiria assemelhar para entender o que era tudo aquilo seria uma cidade abandonada, como o inverso do que se tinha no plano onde os vivos estavam. Os tons neutros e quentes predominando. Embora parecesse abandonado, não era sujo ou destruído, bem pelo contrário, havia uma organização quase medonha. Chan se encontrava em um lugar que existia somente ali, não sendo espelhado de nenhum outro. Se assemelhava, entretanto, em sua estrutura exterior, com uma igreja. O que para muitos era símbolo de salvação e conforto, para outros era motivo de medo, desconfiança e levava até a morte. Por dentro, o mais perto que se podia chegar era uma casa luxuosa, cheia de cômodos, uma bela fachada para aqueles que viam somente com os olhos da luxúria. Ele seguiu, atravessando a grande sala, indo em direção a um grande corredor, este portava diversas portas, cada uma ligando um plano espiritual ao outro. De todas as portas, algumas tinham silhuetas humanoides na frente, demônios que estavam à espreita, prontos para se apossar de almas tristes ou raivosas como eles e assim, por fim, matar sua sede. Chan passou por eles, seu destino era sua porta e quando o mesmo avistou, mesmo que de longe, que ela se encontrava aberta, ele sentiu toda a raiva que sempre o acompanhava quase lhe escapar. MinHo rugiu, como uma besta furiosa, intimidando as silhuetas ao seu redor. Uma porta se abriu ao seu lado e pela visão periférica Chan pôde ver um cômodo bagunçado, sangue pelas paredes e corpos no chão, um parcialmente destruído e o outro pálido e seco, como se estivesse há anos ali. Um homem alto saiu e fechou a porta, enquanto limpava o canto da boca com certo gosto.

- Eu estava mesmo procurando por você. - disse o homem.

Sua forma voltando aos poucos a se assemelhar à humana. O homem tinha cabelos longos, um lado totalmente branco e o outro negro, seus fios quase engoliam seu corpo todo e este chegava quase à 3 metros. O homem era esbelto, seus traços faciais quase angelicais, seus olhos vermelhos e intensos pareciam conter diversos pecados, facetas e segredos. Era difícil de se confiar.

- Me achou. - Chan respondeu, sua atenção na porta aberta.

- Por que a demora? - o homem se aproximou de Chan, um sorriso escondendo sua real intenção. Suas mãos grandes abrigavam longos dedos e com estes ele afastou os fios teimosos de Chan para fora de sua vista.

- Tem algo errado, senhor. - Chan o encarou e desviou seu olhar para a porta.

As íris vermelhas se viraram imediatamente para a porta, acompanhando as castanhas de Kael.

- Quem ousa? - sua voz soou como um sussurro para Chan e como um furacão para o resto do local.

Os vultos se moveram de um lado para o outro, inquietos. As sombras do local pareciam ter se tornado tuneis à medida que o vermelho presente na parede ficava mais intenso, como se dali irradiasse um calor que Chan nunca sentira.