Outer Banks / 𝕁𝕁 𝕄𝕒𝕪𝕓𝕒𝕟𝕜

É bom estar de volta

Você olhava com tamanha atenção aos seus pés, que caminhavam lentamente sem rumo, mas com algo em mente. Você se pegava pensando no que aconteceu algumas horas atrás, a situação com Rafe parece ter piorado mil vezes mais, oque ele fez, não a perdão, ele a agarrou a força, e faria coisa pior se você não tivesse tomado uma atitude contra ele, Rafe tomou iniciativas de coisas que você não fazia ideia. Pensando completamente errado, encarando atitudes suas como insinuações amorosas? Sério isso?

Agora totalmente abrindo portas pra pensamentos mais aprofundados, por que ele fez isso? Ela não a odiava? Ele não a desprezava? Por que tal atitude? Ele estava chapado? Deprimido? Carente? A carência em si não importava, ele a agarrou a força, a coisa que você mais desprezava, porque infelizmente te trazia lembranças de seu passado, coisa que estava tentando a todo momento esquecer, foi uma promessa para seu corpo e alma. Esquecer de tudo que uma vez a machucou tão profundamente.

Sua garganta ressecada, pediam socorro a algum copo de água, com seus cabelos desgrenhados. Você ainda permanecia com a mesma roupa da noite anterior, já que o mesmo não a trocou, isso lhe deu um certo alívio, ele não viu seu corpo nu, somente JJ. A camiseta branca agora estava completamente suja, com poeira da rua por onde passava. Suas mãos tremiam um pouco sobre isso, e sua garganta ressecava mais e mais aos poucos, você se depara novamente com a camisa machada, tendo lembranças do que aquele cretino havia feito com você, a tocando contra sua vontade, sendo rápida então, ao tirar ela a força de seu corpo, estando em paz, já que por baixo tinha a consciência de que estava com um top preto.

Você então a jogou com toda força naquele matagal extenso, dando um grito alto em direção a mesma. Por que tudo isso acontecia com você? Era sua culpa apanhar de seu pai? Era sua culpa ser quase estuprada por seu pai? E pela segunda vez ser beijada a força por um outro rapaz? Era sua culpa ter manchas espalhadas pelo seu corpo? Roxos sem cura, cicatrizes uma vez curadas, já não era a mesma coisa que a grande ferida aberta que seu coração levava. O que se resumia sua vida? Em drogas e bebidas? Em foder com seu amigo? Em apenas fazer coisas ilícitas e depois ser presa novamente? Você tinha um propósito de vida, sua família fazia parte desse propósito, sua mãe estava incluída nele, seu pai estava incluído.

Mas agora, seu único propósito de vida, era poder chegar em casa e não se cortar novamente, o propósito de sua vida, era poder sobreviver dentro daquela casa, o propósito de sua vida, era poder viver.

Como aquela criança sorridente que há muito tempo morreu, com a adolescente amarga e obscura por dentro que veio crescendo em você. Tentando fazer seus amigos felizes, você se perdeu na floresta escura e sombria da sua mente, você se perdeu, você se perdeu, você se perdeu. Eu não me acho mais na escuridão.
Você não achou cura pra isso, na há cura pra uma mente sombria como a sua, na há mais cura pra uma alma que se perdeu.
Uma vez você brilhava, em meio a labirintos tão sombrios, você brilhava, seu sorriso era a cura de muitos ferimentos. Você está em busca desse brilho, e pode ter certeza, você está disposta a encontrar.

Com seus pensamentos sombrios, o caminho a sua volta se tornava sombrio. Sua visão tomando forma, agora notava a frente da casa de onde parou, o Castelo. Seu lar, a tanto tempo que não falava isso, que não se sentia acolhida por nada, que não via sentido ser acolhida por algo.

Você caminhou em passos de tartaruga até a porta velha dos fundos, então se assustando quando viu a porta rangendo, e por ela a pessoa que você tanto ama, e que tanto te ajudou, passando pela mesma , JJ. Ele parece não ter notado sua presença, enquanto descia as escadas, mas quando ele se depara com você o olhando cabisbaixa, e com seu corpo frágil, encolhido contra a brisa, ele solta a caixa pesada no chão sem escrúpulos, passando por cima da mesma, indo em sua direção.