Sexto Capítulo

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A sala de estudos encontrava-se cheia de pessoas. Francisco, tenso, tomava água, em um local do corredor, pensativo. Será que ele realmente estava pronto para apresentar-se na frente de todos para palestrar? A resposta ele não sabia, porém vendo que já era 7:30, pega O Livro dos Espíritos de Allan Kardec e anda pelo o corredor indo até a sala de estudos sem notar que seu avô estava caminhando também do seu lado com a mão em seu ombro.
Ele entra na sala e todos observam. Uns cochichavam, outros apenas olhavam. Coloca o livro em cima da mesa e junta as mãos para frente quase na altura do peitoral, massageando a mão esquerda.

- Fique calmo e respire fundo. Você consegue. Eu estou aqui para lhe auxiliar nessa noite. - seu avô fala suavemente em seu ouvido.

Mesmo sem possuir a mediunidade desenvolvida, ele se sente aconchegado de certa forma e sabia que ele não estava sozinho.

" Não preciso ficar nervoso. Só vou falar o que sei. " - pensa e começa fazendo a prece.

Adalberto, que tinha ficado para vê como ele se sairia no primeiro dia, companhava todo o estudo alegre. Ele pode ver quando Francisco entrou na sala com um homem, que aparentava ter a idade avançada, e que ficou durante toda a conversa do seu lado. Percebeu que assim como ele, o homem encontrava-se emocionado com as palavras proferidas pelo novo palestrante.
Depois da prece final, o homem proximou dizendo:

- Diga para Francisco que eu o acompanhei durante todo o estudo, assim como sempre observei e que também sinto saudade dos nossos momentos de avô e neto, mas que não chore por meu afastamento momentâneo, porque nós dois nunca ficamos separados. Que as bênçãos de Deus caíam sobre nós!

Adalberto, ainda sentado na cadeira, acente com a cabeça e agradece em silêncio, indo ao encontro de Francisco com a esposa.

- Meus parabéns! Você foi ótimo! - pega na sua mão que se encontrava gelada por causa do nervosismo. - e suponho que esteja muito nervoso. Suas mãos estão gélidas! - ele da uma gargalhada.

- É, Francisco, você foi ótimo! - Tereza se aproxima falando.

- Não vou mentir, estou quase desmaiando de nervosismo, mas que bom que gostaram. - ele diz sorrindo para todos.

- É seu primeiro dia, meu jovem. Logo, logo você se acostuma. - Amélia diz.

- Preciso conversar com você em particular, Francisco. - Adalberto diz e eles dois se afastam das mulheres.

- O que aconteceu, senhor Adalberto? Eu disse algo que não poderia ter dito? - ele trava.

- Não, meu filho. Pelo contrário, eu saberia que você iria se sair bem, pois estava acompanhado.

- Acompanhado? Por quem? - seu coração bate forte.

- Eu vi você entrar com um senhor e ele assistiu a palestra inteira do seu lado. Fiquei em dúvida de quem seria, porém segundos depois de você fazer a prece final, ele veio ao meu encontro. Era o seu avô.

Algumas lágrimas escorreram pelo rosto de Francisco e o mesmo tirou o óculos do rosto e as enxugou, contudo a frequência aumentava.

- Ele disse alguma coisa? - diz com a voz quase embargada por causa da emoção.

- Sim, disse que assiste você durante todos os momentos da sua vida e que também sentia falta dos momentos de avô e neto, porém não era para você continuar triste por causa da partida momentânea dele, porque ele nunca ficou longe de você.

Francisco balançou a cabeça afirmando enquanto escutava.

- Muito obrigado por ter me passado esse recado, senhor Adalberto. - ele fala um pouco mais calmo. - ontem, sonhei com vovô. Estávamos em um jardim discutindo sobre o mesmo assunto da palestra de hoje. Ele disse para mim que estaria do meu lado e agora eu sei que aquilo realmente aconteceu e que não foi fruto do meu nervosismo.

O ar daquele ambiente, tranquilizou os corações aflitos e machucados, transformando a noite alegre e acalmadora para todos do recinto.

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- Aonde você vai, tia? - Carla pergunta a tia que saia as pressas.

- Vou a Igreja com o seu tio. Se sentir fome, faça você a sua própria comida. - ela diz e sai com o marido que já se encontrava no carro.

Ela não gostava de ficar em casa, por esse motivo preferiu sair e jantar fora assim como fazia todos os dias. A casa que residia, ficava um pouco longe do centro da cidade, mas ficava perto da casa dos seus amigos. Ela sempre os chamava quando precisava ir em algum lugar para não está desacompanhada. Passou pela casa de Thiago e o convidando para passear na cidade ele aceita o convite alegando que também tinha que sair para ir na confeitaria de seu pai e entregar um dinheiro para ele.
Atravessando a rua e chegando na confeitaria, Carla entra com Thigo.

- Boa noite pai! - ele vai ao seu encontro ao vê-lo atrás da bancada.

- Oi, meu filho. - olha para Carla. - Olá, Carla!

- Oi..- responde desanimada e sai andando pela confeitaria analizando-a.

Ela sai do local e se senta no banco da confeitaria vendo algo que não esperava.

- Pera, aquele é Francisco? - seu coração começa a bater descompassado ao olhar para ele que saia do centro com uma menina. - E porquê ele está com Tereza? - a raiva começa após reconhecer quem o acompanhava.

Eles entram no carro do pai de Tereza e saem do centro.

Saindo com Thiago, pergunta para ele depois de passar por lá.

- Thiago, você que é mais da Igreja, saberia me dizer se Olivia é mãe de Francisco?

- Sim. E segundo a minha mãe, Olivia é uma seguidora bem dedicada a Igreja como os seus três filhos e ainda por cima briga com a sua tia direto. - ele diz tranquilamente.

- Sério? Mas porquê elas brigam? - pasma.

- Sua tia diz que ela tem mais destaque na Igreja do que o próprio padre. Elas até discutiram publicamente se eu não me engano. Você não sabia disso? - admira-se pela falta de informação sobre a própria tia.

- Ela não conversa sobre essas coisas lá em casa. - mente e continuam a trajetória.

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- Obrigado pela carona senhor Adalberto!Amanhã nós nos vemos na escola, Tereza. - Francisco diz saindo do carro.

- Até amanhã! - ela diz fascinada.

Adalberto buzina o carro e sai com a família, deixando o rapaz em casa. Chegando na residência, Amélia e Tereza vão para a cozinha enquando Adalberto vai deitar-se.

- Mãe, ele é magnífico, não é? - ela fala imaginando a sua face.

- Tenho que admitir, ele realmente é um rapaz encantador. Mas você está muito apaixonada. - a mãe diz a olhando carinhosamente.

- Estou assim, porque acho que ele também sente o mesmo.

- Eu bem que observo o olhar apaixonado de vocês dois durante os estudos. Tente não chamar a atenção dele nesses dias, ele não pode desconcentrar-se do raciocínio que ele faz.

- Não posso fazer nada. Eu gosto dele e eu quero ficar perto o tempo que der. - ela diz decidida.

- Se for para ser assim, daqui uns dias ele vai pedir para você se retirar da sala. - ela brinca.

- Não exagere, mãe.

- É sério. Ele faz uns desdobramentos interessantes e olhe só que tem 17 anos de idade.

- Ele me disse que quando criança ia bastante com o avô para o centro e que o avô dele gostava de estudar bastante.

- Ah, então deve ser por isso que ele sabe de tantas coisas.

As duas ficam conversando durante um bom tempo e só depois vão dormir com os corações cheios de alegria.

Amor de Outras VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora