Décimo Sétimo Capítulo

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Cerca de três dias, um amigo de Alexandre pagou a multa e foi liberado. Ele tinha sido preso não pelo roubo, pois a polícia não tinha nenhuma prova, mas por ter feito desacato à autoridade. Chegando em casa, Loi, um pouco assustada, conta sobre a fulga de Carla. A raiva subiu. Ela deveria ter ao menos comunicado sobre a sua decisão. Depois de tantos dias que se manteve escondida em sua casa, a vontade que nasceu dentro de si foi de ir até ela e pedir satisfação, mas controlou-se, pois não poderia fazer aquilo. Em primeiro momento, ela tinha voltado para casa naquele dia e se o vissem de conversa com ela, poderiam supor coisas.

" Do jeito que Carla é, entregaria todo o plano com a interrogação da polícia. Ela é fraca." - pensou enquanto meditava sobre o assunto.

Em segundo lugar, ele já tinha se cansado de olhar todo dia para ela, ao menos ficaria um pouco tranquilo. Não aguentava ser observando a todo momento. Ele tinha medo que ela podesse estar vigiando-os para alguém, entretanto no primeiro dia notou que ela não era competente para fazer isso, já que olhava-o assustado e pouco conversava. Se tivesse observando-os, ela perguntaria inúmeras coisas a irmã e a ele. Perguntas e respostas, era mais do que ele precisava fazer e receber.
Tirando o foco da menina, que para ele estava sendo um fardo, voltou-se o seu pensamento a Eduarda. Como tinha deixado que o relacionamento deles acabassem daquela forma ? Deveria ter dito não as substâncias que procurava e sim ao amor daquela mulher.
Conheceram-se durante os tempos de escola. Começou como todo belo drama de o nerd e a popular, porém no seu caso era o contrário. Ela sempre foi a mais inteligente da sala e ele o mais popular. Namorava com várias em uma mesma noite, mas nenhuma foi capaz de tirar a vontade que tinha de ter Eduarda em seus braços. Um dia tomou coragem e abriu o seu coração. Ela, para a sua alegria sem fim, disse que carregava os mesmos sentimentos e que sempre achava que ele nunca iria olhar para ela. Não durou muito e logo começaram um intenso namoro que durou apenas três anos. Alexandre tinha fracassado consigo mesmo. Havia mudado. Estava mais agressivo e grosso. Não era o mesmo rapaz que tinha conhecido na época da escola. Ele era mais inocente e mais doce, mas com o passar dos messes, seu comportamento e sua forma de ver o mundo mudaram para pior. Acabando o relacionamento, Alexandre a procurou durante muito tempo, contudo não durou muito, a tia o internou em um local de recuperação do consumo de drogas. Ficou lá durante cinco anos e depois foi liberado. Nos dias atuais, não reconhecia-se mais. Sempre estava em alguma encrenca por se envolver em coisas erradas. Sabia que nunca daria certo com Eduarda já que ela era do típico de mulher que era reservada e precisava de um marido cuidadoso. Ele poderia mudar, poderia, mas não queria isso. Achava que não tinha problema em continuar a vida que levava.
Remoendo os pensamentos, Alexandre levantou-se do sofá e saiu de casa em direção a residência que Eduarda morava. Observou-a bem enquanto aproximava-se. A casa simples ficava em uma rua calma que não tinha muita movimentação de pessoas, e por isso ninguém julgou pelos olhares quando Alexandre tocou a campanhia.
Olinda, a mãe de Eduarda, abre a porta e sente que iria ter um infarto. Diante dela estava alguém que desejava não ver nunca. Seu rosto, extremamente modificado com as substâncias que usava, transmitia desconfiança e um pouco de insanidade.

- O que quer? - disse quando encontrou forças para não gaguejar.

- Quero ver o meu filho. Onde ele se encontra? - o doente disse tentando olhar para dentro de casa. 

- Ele..ele não está.

- Como ele não está? O que fizeram com ele? - Alexandre altera um pouco a voz fixando os olhos nos de Olinda.

- Eduarda saiu com ele para passear. Foram para a praça que fica aqui perto. - diz com medo da reação.

- Muito bem. - Alexandre saiu para a praça sem dizer mais nada, causando preocupação na senhora.

Amor de Outras VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora