Amor de Outras Vidas

Décimo Sexto Capítulo

Por volta das cinco da manhã, Carla trocou de roupa e vestiu a mesma que fugiu. Desceu as escadas cuidadosamente para que ninguém percebesse. Loi se encontrava no banheiro e seria o momento perfeito para sair dali, porém Jack percebeu a movimentação suspeita assim que ela pegou na maçaneta da porta.

- Para onde você vai? - Jack sai de trás do sofá.

- O que você está fazendo aí, Jack? - ela se assusta.

- Eu fiz a pergunta primeiro! Para onde você vai?

- O que está acontecendo aqui? - Loi chegou na sala enxugando as mãos em um pano. - Para onde você vai?

- Foi a mesma pergunta que eu fiz. - Jack disse.

- Eu vou voltar para a minha casa. Agradeço a hospitalidade, mas não quero ficar mais aqui. Eu sinto saudade do meu lar. - Carla diz aquilo para fingir o medo que sentia de está morando naquele ambiente.

- Seria melhor conversar com o meu irmão antes de ir...

- Não é necessário. Eu realmente quero ir para a minha casa. Talvez ele nem me deixe ir.

- Se quer ir tanto assim, tudo bem, mas inventa alguma coisa. A gente não vai poder receber a culpa logo agora que meu irmão não está nem em casa.

- Certo. Não contarei nada a ninguém.

Não tinha ninguém na rua e por isso era uma boa hora de sair da casa sem que ninguém visse nada. Depois que andou muito, olhou tudo em sua volta e sentiu-se finalmente livre. Não aguentava ficar mais presa naquela casa, queria sair e conversar com as pessoas, mesmo que não gostasse delas.
Apressou mais o passo para chegar em casa rápido antes que a polícia a visse e começasse a fazer inúmeras perguntas.
Tocou a campanhia e esperou alguém atender. Márcia abriu a porta e ficou pálida derrepente. Quase caia para trás, mas a felicidade veio em seguida.

- Carla!! - Márcia gritou de alegria e abraçou a menina. - Você voltou para casa! Como você está? Sentimos muito a sua falta. - ela diz chorando.

- Eu estou um pouco mal. Quero me sentar. - Carla faz drama e a tia entra com a menina para dentro de casa pedindo para que repousasse. Ela se sentou no sofá enquanto Márcia correu para chamar o marido que ainda dormia.

Carla olhou tudo em volta. Nada tinha mudado. José desceu rapidamente e vendo que era verdade, correu até Carla e a abraçou.

- Eu pensei que você não ia mais voltar, meu anjo. Eu estava desesperado e não sabia o que iria fazer. Onde você está esse tempo todo? - ele diz olhando para a face da menina.

- Tio, eu não estou em condições de contar nada agora. Quero me alimentar, tomar um banho e descansar. Em outro momento contarei tudo o que aconteceu nessas últimas semanas. - disse fingindo instabilidade.

- Márcia, prepare algo forte para que ela se alimente! Deve está passando muita fome. Coitadinha. - José disse sentindo uma felicidade sem fim. Passando a mão nos cabelos de Carla, sua face preocupada e assombrada passou para uma mais rosada e aliviada.

Após a cena que o tio fez ela sobe as escadas e vai para o quarto, indo em primeiro lugar para o banheiro. Queria tirar todo resquício e cheio daquela casa. Não aguentava mais viver como se fosse uma empregada doméstica em péssimas condições. Precisava de um banho relaxante para acalmar-se e pensar na mentira que iria contar. Um bom plano tinha que surgir de qualquer forma ou ela estaria em uma encrenca muito grande. Não pensou em dizer a Alexandre sobre a sua saída, pois ele poderia não permitir e por isso que achou mais certo sair logo dali quando ele não estava em condições de impedir. Deitou-se na banheira espaçosa e relaxou. Cerca de uns trinta minutos, saiu da banheira e se vestiu. Desceu as escadas e avistou o tio sentado no sofá, observando-a. Não disse nada e continuou o seu trajeto sem o encarar. Foi para a cozinha, como havia dito que faria, e surpreendeu-se quando viu a mesa farta. Bem do lado que ela sentou-se viu um bolo de cenoura. Ela amava, mas a tia comprava de vez em quando alegando que era muito caro. A tia também a admirava e ela começou a se alimentar com aquela observação. Irritou-se.