Capítulo 1

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~°~

" Hoje faz exatamente 3 anos que o mundo não vê Billie Eilish, a estrela pop, que desapareceu completamente sem deixar rastros. Seus familiares e amigos continuam a dizer que também não fazem ideia de onde ela esteja, mas ela manda cartas toda a semana para lhe informar que está viva e bem.... "

Bato com força no rádio relógio para desligar o mesmo, solto um suspiro e faço careta em protesto por ter que levantar, ainda não me acostumei com o fuso horário do Havaí, não é tão diferente de Miami, mas ainda sinto. Hoje é meu primeiro dia de trabalho, em um restaurante de um hotel, aluguei um pequeno quarto em um chalé de uma senhorinha bem simpática não muito longe, o que me facilita economizar dinheiro. Se alguém me falasse à dois anos atrás que eu teria que economizar dinheiro, eu iria morrer de rir por isso.

Passo o dia tentando equilibrar pratos e copos bandejas, e na minha cabeça parecia mais fácil, os turistas são sempre simpáticos e sorridentes curtindo suas férias não se importando muito com uma garçonete desajustada, o que me faz agradecer. Quando chegou o final do meu turno não me sinto cansada, e já me sinto entediada, não quero ir pra casa chorar até dormir, caminho até o corredor que dá para a sala dos funcionários, mas há uma confusão no corredor, o gestante parece aborrecido.

- Não posso ficar com um desfalque, a noite é muito movimentada, todo mundo quer vir pra cá - ele grita ao telefone - Isso vai me dar dor de cabeça mais tarde... ok tchau.

Sem perceber a minha presença ele bate na parede para extravasar a raiva, eu sei que eu deveria seguir meu caminho, mas o que são algumas horas a mais de trabalho, e eu posso estar cansada o suficiente para dormir sem precisar ficar pensando em tudo que me fez estar aqui.

- Licença - digo.

- Ah é... ?- ele nota a minha presença.

- Jenny, senhor.

- Jenny, desculpa está atrapalhando sua passagem, como foi seu primeiro dia ? - ele não parece realmente interessado, só está sendo simpático.

- Bem, senhor - digo apenas - Eu sem querer ouvir sua conversa, o senhor precisa de uma funcionária para o turno da noite?

- Na verdade, sim você conhece alguém que possa ??

- Sim, eu posso ficar com o turno da noite.

- Mas você acabou de sair - ele parece em dúvida - Você vai da conta ?

Me senti ofendida com essa pergunta.

- Claro que sim senhor, eu trabalhei durante toda a madrugada no meu antigo emprego e era ótima nele.

- Se é assim - ele dá de ombro - você pode voltar para seu trabalho

Me viro para voltar para o salão, mas ele me faz uma pergunta que me faz parar.

- O que você fazia no seu antigo emprego ? no seu currículo não tem referências.

Solto um suspiro antes de virar para encarar ele novamente.

- Eu arrumava os produtos depois do horário de funcionamento, em uma loja.

Não espero que ele continue a pergunta sobre a minha vida e voltou para o salão indo até as mesas para servir os clientes.

- Jenny - viro para olhar quem me chama - preciso de um favor seu

É o gerente Dalton que me chama, ele parece mais calmo dessa vez.

- Você pode ir servir na sala privada ?

- Sim, posso sim.

Ele sai, cumprimentando os clientes com um sorriso gentil. Fui até cozinha pegar o pedido do cliente da sala privada, não sabia muito bem o que era, mas uma outra garçonete me explicou que era apenas uma sala onde o cliente poderia ficar longe dos outros, a sala era separada do salão por uma cortina fina, entrei de Costa para que a mesma não derrubasse o conteúdo da bandeja, assim que virei tive tive uma surpresa com quem estava ali.

- Oh você é nova aqui - ela diz assim que me vê - você não precisa surtar comigo e só me servir, e não falar pra ninguém que me viu, ok.

Espero o meu choque passar para que eu possa colocar o prato dela na mesa.

- Eu só fiquei surpresa, estavam falando de você na rádio essa manhã - digo enquanto colocava o suco de maçã no seu copo.

- É... o estranho é que meu trabalho artístico é mais consumido agora do que quando eu vivia aquilo.

Como se um arrepio percorrese seu corpo e ela treme levemente.

- Provavelmente saudades... - digo.

Me preparo para sair, mas ela ainda quer conversar.

- Você é nova na cidade...

- Sim - respondo - estou aqui há alguns dias só.

- Você está fugindo de que ? - Ela começa a comer.

- Fugindo? - fico confusa.

- Qualquer pessoa que venha para esse fim de mundo para morar - ela olha nos meus olhos agora - está fugindo ou morrendo

Fugir ou morrer, eram realmente as minhas opções há alguns tempo atrás e eu já fiz minha escolha por isso estou aqui.

- Na verdade eu não sei - Não quero dizer a ela a verdade, na verdade a ninguém ali - Eu só tô começando uma vida nova, como você.

- Ah não, eu fugi mesmo.

Ela volta a atenção para seu prato e eu a deixo a vontade, não falamos nada quando recolho as coisas da sua mesa ela apenas agradecer, penso que ela estava de saída, mas no meu retorno para outras mesas a vejo no canto do salão tocando piano, ninguém ali se dá conta de que está na presença do ex fenômeno Billie Eilish, para eles é apenas uma pianista vestindo um vestido preto simples, um óculos escuros e uma boina. É claro que ninguém ali está preocupado em reparar nela, eu já fui como eles, eu sei como é não se importa com nada além de si mesmo, até que um dia eu me sentir tão nada, que me fez questionar se eu sempre fui um nada.

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Oiiiiiiee, espero que gostem dessa aquiii 🙃

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