Capítulo 3

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~°~
Dois anos antes 

— Jenny por favor, tem que ser azul — Mel está me implorando — Eu fico horrível de amarelo. 

— Mas Luca quer que as madrinhas usem amarelo. 

— Ah Jenn fala com ele — Fala Sam — ele nem deveria tá dando pitacos no casamento. 

— Ok, eu vou falar, mas agora eu preciso que vocês me deixem trabalhar. 

Deixo elas no balcão e vou atender outros clientes. Meus pais são donos de joalherias espalhadas pela cidade, mas eu sou mais que uma garotinha mimada de Nova York, eu gosto de vender as joias, as mais caras para os maridos que querem pontos com suas esposas ou agradar as amantes. 

— Ah Jenny, não sei por que você faz isso — Diz Mel me seguindo pela loja — Você é rica, tipo… vai tomar um champanhe e não ficar vendendo coisas. 

— Mel, meu pai começou assim, quero seguir os passos dele — digo enquanto arrumar um colar no mostruário — e eu amo vender as jóias, é a parte mais divertida. 

— Trabalhar não é divertido — diz Sem. 

— Como se você soubesse o que é isso Sem — reviro os olhos. 

Conheço Sem e Mal desde sempre, estudamos juntas e somos melhores amigas a vida toda, elas são como as irmãs que nunca tive e eu faria qualquer coisa por elas. 

— É verdade, eu nunca trabalhei, mas eu tenho dinheiro suficiente para não fazer isso. 

Eu não vou negar que penso como elas, eu amo o dinheiro, mas o que me diferencia é que eu tenho noção da minha sorte sobre isso, mas não me culpe, você também amaria se tivesse. 

Dias atuais 

Billie estava me esperando na entrada da casa encostada em seu carro, eu estava odiando aquele carro, ele me lembrava constantemente da vida que eu estava tentando esquecer. 

— Vocês querem um tempo pra vocês — ela diz, e noto que tô encarando seu carro. 

— Não, vamos ? 

— Vamos. 

Sigo ela, pois não sei muito bem para onde vamos, mas logo estamos em uma trilha perto da pousada. 

— Então qual é a sua história com meu carro?? — Billie pergunta.

— Longa história, e eu não quero falar disso

— É por isso que eu amo esse lugar, ninguém fica te fazendo perguntas ou você simplesmente não responde e tudo bem. 

— Sim, eu gosto disso aqui. 

Ficamos em silêncio por um tempo. 

— Quanto tempo você está aqui ? — dessa vez eu que pergunto. 

— Há quase três anos — ela responde, mas seus olhos estão na estrada. -- É bastante tempo. 

— É Sim. 

Agora ela parece tão infeliz quanto eu, me faz pensar se eu sempre vou ser assim. 

— Será que algum momento passa ?  — pergunto, mas acho que ela não vai entender. 

— Bem, três anos depois ainda me sinto em dúvida — ela responde, mostrando que entendeu — é que às vezes eu penso que seria mais fácil voltar para a minha antiga vida, e eu sinto falta das partes boas do meu passado.

— Pelo menos você pode fazer isso… — Eu sou interrompida porque tropecei e caí no chão. 

Billie tenta me ajudar mas acaba escorregando na lama e caindo em cima de mim, a ponta de seu nariz toca meu queixo e ela inala delicadamente meu perfume. 

— Gostei do seu perfume — ela diz baixinho — Eu acho que eu conheço ele, onde você comprou? 

— Você pode sair de cima de mim? — pergunto agoniada. 

Não quero falar sobre a porra do perfume, por que ela está perto demais e isso me deixou nervosa. 

— Isso te incomoda ? — Ela tem um olhar diferente agora. 

— A minha roupa tá molhando… — Isso saiu estranho — porque o chão está molhado.
 
— É claro — ela ri da minha fala desconfortável. 

Ela sai de cima de mim, minhas costas está ensopada de lama e me faz lamentar ter que andar assim. 

— Eu vou voltar pra casa — digo a Billie. 

— Eu te acompanho

Não falamos muito depois disso, mas quando chegamos em frente a pousada eu apenas murmurei um " até logo " sabia que a veria a noite no restaurante, e ela foi, jantou e tocou piano. No outro dia nós encontramos no mesmo horário na frente da pousada, mas dessa vez Billie estava acompanhada com um cachorro enorme.

Eu nunca tive contato com cachorros até então meu pai era alérgico e nunca me deixou ter um. Mas o cachorro a minha frente parecia gosta de mim imediatamente, fiquei com um pouco de medo por ele ser tão grande assim.

— Esse é o shark — diz Billie, nos apresentando — ele não estava afim de passar ontem, mas hoje ele parece animando.

— Olá amiguinho.

Ele parece realmente animado para uma hora daquela, e sem mais delongas, seguirmos o caminho até a trilha.

— Lembrei de onde eu conheço seu perfume...  — Billie diz — é bem caro.

— É — digo — Eu ganhei de aniversário da minha mãe

— Onde ela mora ?

— Bem.... se eu acreditasse em Deus diria que no céu.

— Ah sinto muito Jenny, não quis... — Ela tenta se desculpar.

— Não tem problema, é só meio que muito recente quase um ano.

— Sinto muito mesmo, eu sinto que isso muda tudo em alguém

Ela ficou calada por um tempo, mas depois volta a falar.

— É por isso que está aqui ?

— Mais ou menos isso.

— Eu amo esse lugar, mas ele é solitário... você não deveria ter vindo pra cá

Sinto que ela fala isso mas para si o que pra mim, talvez ela ache que eu tenha outra opções, as quais ela não tem.

— Você também não Billie.

the unknownOnde histórias criam vida. Descubra agora