16 - Confiança

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Narrado por Albert 


Com a saída de Victor e Gaia, Heitor e eu ficamos sentados no sofá em um silêncio absoluto, e nesse momento o que eu mais desejava era poder ter ido com Victor, mas devido as circunstâncias não havia nada que poderia fazer, se não aquentar esse ambiente irritante e estranho que havia entre mim e Heitor.

Para tentar melhorar o cenário em que estávamos, tentei puxar assunto, mas na verdade eu simplesmente questionei algo sobre qual estava curioso.

 —  Faz um tempo que estou curioso, sobre você e Gaia, vocês dois são realmente irmãos? - Ele transmitiu um olhar fuzilador enquanto franzia o cenho  — Desculpe se fui muito invasivo sobre sua privacidade, eu apenas estava curioso, pois não encontrei nem um traço sequer em vocês que se assemelhasse... mas vamos fingir que não fiz essa pergunta se te incomoda tanto, apenas estava tentando diminuir a tensão que havia entre a gente, irei volar para o quarto agora - Me levantei do sofá prestes a ir quando ele suspira e se encosta totalmente sobre o sofá para logo em seguida se pronunciar.

 — Você tem um intuito e tanto - seus lábios curvaram ligeiramente em um sorriso quase imperceptível  — Não temos o mesmo DNA, não somos irmãos de sangue, mas ele ainda será minha irmanzinha não importa o que digam.  - Seu olhar se tornou distante e isso me intrigou, pelo que parecia havia uma historia bem profunda por trás dessas palavras.

 — Como conheceu ela? - Heitor pareceu meio incomodado em responder, mas apos alguns segundos de silencio ele lentamente se abriu.

 — Encontrei Gaia ao lado de seus pais quando eles estavam mortos... ela tinha apenas três anos, chorando enquanto segurava as mãos de seus pais, sua aparência era precária, lembro claramente de sua face suja e delgada devido a fome. - Ele parou de falar como se estivesse analisando suas memorias passadas antes de prosseguir  — Por obra do destino eu estava de passagem perto de uma cidade que havia sido destruída, tudo estava em ruínas, foi quando a vi, e tal situação, tal cena... me fez querer cuidar daquela pobre garotinha que mesmo sendo tão jovem passou por tamanho pesadelo, me aproximei dela e a confortei, e de alguma forma ela confiou em mim, decidiu vir comigo, nos tornamos uma famílias, um era o apoio do outro, ensinei tudo que podia para ela, caso algum dia algo acontecesse comigo, ao menos ela conseguiria continuar e sobreviver 

Fiquei apenas anisando o que havia acabado de escultar, eu não sabia o que dizer, então apenas fiz outro pergunta: — E você ? - ele me encarou sem entender — Como era antes de encontra-la.

— Minha vida era uma tragedia de miserável - ele riu ao pensar sobre — Minha mãe morreu quando nasci, e meu pai simplesmente me culpava por sua morte, nosso relacionamento...não era muito saudável, ele sempre descontava sua raiva em mim - O semblante de Heitor era de pura repulsa — Quando completei dez anos fugi de casa, pois enfrentar a fome seria melhor que que estar naquela casa  que estava mais para um chiqueiro, onde era submetido a dor e tortura diariamente. Após fugir, fiquei vagando pelas ruas, de algum modo consegui um trabalho, era puxado, mas ao menos era suficiente para comprar comida, por dois anos fiquei de um lado para o outro até que encontrei essa casa abandonada e me apossei dela, modifiquei seu interior para como esta agora e deixei o seu exterior do mesmo jeito para não chamar atenção indesejada, minha vida se tornou monótona, se resumindo  ganhar pouco dinheiro em um trabalho árduo  e voltar para essa casa, mas tudo mudou desde que os governantes do outro lado daquela muralha começaram a destruir as cidades e matarem pessoas, e algumas eles levavam consigo em caminhões, o local em que trabalhava foi destruído por eles, a cidade já não existia mais, e novamente me encontrei vagando entre as ruas procurando por mantimentos para continuar vivo, mas diferente da outra viz, haviam apenas os destroços das casas e ruas. 

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