Luffy acordou no meio da noite, completamente ofegante.
— Pensei que isso tinha parado. - sussurrou para si mesmo.
Sua cabeça doía, o seu corpo tremia, os olhos arregalados, sua camisa ensopada de suor e o seu travesseiro molhado pelas lágrimas incessantes. Eu chorei? olhou para o lado e viu a silhueta de Nami, em um sono bem profundo e sua pele estava marcada. Luffy, no início, pensou que tinha arranhões enquanto estava se afogando nos seus milhares de pesadelos há dois anos atrás, mas não.
Enquanto não chegavam à próxima ilha, os dois tiveram que pôr em prova o sentimento que perdurou por dois anos separados. Eram beijos escondidos na sala de observação, quando a ruiva ficava de vigia o capitão acordava para fazer companhia e conversavam sobre o treinamento enquanto estavam separados. Luffy, por incrível que pareça, dividia sua carne com ela.
— Vem cá, o que essa bruxa fez com você? Um tipo de feitiço?
A noite que tiveram foi diferente, Luffy era idiota mas não um completo ignorante. Entendia as necessidades de seu corpo e por isso, tinha evitado muito o deque do navio. Se não, teria que olhar a cada minuto ou de soslaio o decote do biquíni de Nami e vê-la nadando no mar tranquilamente. Ficou com uma vara de pescar em mãos para se aquele calor que tanto sentia passasse.
E não guardou segredo quando chegaram ao quarto depois de uma noite de bebedeira que o bando fizeram. Luffy sentiu aquele calor mais uma vez, só mil vezes intenso. Os corpos se moviam em sincronia, numa velocidade lenta, apreciando cada toque, beijo, marcas e arranhões que faziam um no outro. Mas o capitão sempre adorou seus lábios. Tinha o sabor cítrico das laranjeiras. Do jeito que gostava.
Tirou o cobertor de cima de suas pernas e acendeu a luz do banheiro e fechou a porta. Ligou a torneira e apoiou os braços na madeira. Lavou o rosto diversas vezes até dar um suspiro de alívio. Quando olhou seu reflexo, seu lábio curvou para baixo, indicando descontentamento. Estava pálido que nem neve e as olheiras eram profundas.
Não era a primeira vez e talvez a última que os seus tormentos sobre a guerra de dois anos atrás. Uma parte sua agradecia que seus companheiros não estivessem por lá porque bem no fundo da sua consciência, sabia que iriam ser completamente traumatizados. Ele não queria isso. A outra parte dizia que queria reencontrá-los no meio de seu tormento pessoal. Uma inútil tentativa de trocar aqueles rostos cheios de desespero quando se separaram em Sabaody para sorrisos e risadas.
Ao sair do banheiro, vestiu a bermuda e voltou para cama, deitando-se novamente ao lado de Nami e a abraçou fortemente. Logo, adormeceu sem pesadelo nenhum.
...
O sol apareceu no horizonte indicando o amanhecer. Zoro foi o primeiro a acordar em seguida de Sanji, Nami e Brook junto com Robin, que segurava a mão do pequeno Chopper e Franky vinha logo atrás dela. Usopp apareceu logo depois para se reunir no café da manhã.
— Ué, alguém viu o Luffy? - perguntou Usopp, estranhando a ausência de seu capítão.
— Estranho, ele nunca dormiu por muito tempo. - disse Zoro.
— Navegadora-san, pode acordá-lo, não é?
Nami suspirou baixinho.
— Sanji-kun, prepare uma carne para ele. Vamos ver se ele acorda com isso, tá bom?
— É CLARO, NAMI-SWAAAAANNN!!
— Esse é gado. - murmurou Zoro, com uma expressão de descontentamento.
Na medida que se afastava da cozinha, a barulheira se tornava cada vez mais abafada enquanto se aproximava do quarto do seu capitão. Abriu a porta do quarto e o encontrou adormecido. Se sentou ao lado dele e acariciou os fios negros. Seu indicador tocou suavemente a cicatriz abaixo de seu olho.
— Ei idiota, está de manhã. Você vai perder uma carne super deliciosa que Sanji está preparando para você.
— Não quero.
— Ahn???! - gritou seriamente. Ele negou carne? — Idiota, todo mundo tá preocupado com você! Carne é sua comida favorita.
— Não estou afim de comer hoje, Nami. - repreendeu no tom sério. - Me deixe sozinho.
A ruiva fez justamente o contrário. Trancou a porta do quarto e subiu em cima do garoto, começando a dar tapas e socos fracos em seu rosto, tudo isso com uma expressão raivosa. Luffy não teve tempo de revidar.
— Vou te matar, idiota! Você é um estúpido, imbecil e cabeça-oca!! Todo mundo tá preocupado com você. Eu tô preocupada com você! Você age assim agora, é?
— Tá bom, tá bom, tá bom! Eu não quero morrer. E eu sou de borracha, então não dá pra fazer isso. - diz com uma expressão de medo e não tardou de segurar as duas mãos da navegadora.
— Idiota! Me solta agora!!
— Por que tá tão brava?
— Você ainda pergunta?!! - indagou furiosa. — O que aconteceu com você?
Luffy engoliu seco e ficou calado. Ainda segurando suas mãos, ergueu seu tronco e sua respiração quente bateu na frente do rosto da ruiva. Afrouxou o aperto e automaticamente seus braços enrolaram a cintura fina em um abraço protetor e apoiou a testa em seu ombro.
— Você é real, graças aos Céus.
O que?
Antes que pudesse responder, batidas incessantes na porta do quarto foram ouvidas. Nami, quase caiu do chão enquanto encarava Luffy saindo do quarto gritando.
— SANJI COMIDA!!!
Do lado de fora do cômodo, Zoro, Usopp e Chopper lhe encaravam com um misto de curiosidade e confusão. Nami apenas balançou a cabeça em negação.
— Ele negou carne, sabia?
— É O QUE???? - Chopper e Usopp exclamaram totalmente surpresos.
— Então vamos ter que ir para o caminho difícil. - disse Zoro, simplesmente.
— Ei, Zoro, temos que pegar leve, sacou? - respondeu Usopp preocupado. — Você não pode simplesmente ameaçar com suas espadas e forçá-lo a dizer!
— Não se esqueça do que ele passou por dois anos atrás. - disse Chopper, bastante preocupado com a saúde mental do seu capitão. — Ele pode ser criança e fingir que está tudo bem mas ainda pode ter muitos gatilhos na sua mente.
Nami engoliu seco.
"Você é real, graças aos Céus"
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SOBRE PIRATAS, TESOUROS E LARANJAS ➜ lunami
De TodoO observou de longe mais uma vez, o sorriso que contava todos ao redor, ele segurava uma carne e ao mesmo tempo conversava com Chopper e Usopp. A conversa que tivera com Robin ainda mexia com sua mente de todas as formas possíveis. Desde que o conhe...