One

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Lavanda. Esse era o cheiro que invadia minhas narinas. Um cheiro tão bom, mas tão bom, que me fazia permanecer com os olhos fechados. Apenas apreciando aquela fragrância.

Tão leve, suave, doce...

Me perguntei mentalmente, de onde pudera vir tal fragrância?

Com esta pergunta em mente e tamanha curiosidade rondando os meus pensamentos, permiti que minhas pálpebras se movimentassem lentamente. Permitindo que minhas orbes ficassem expostas para procurar a origem da lavanda.

De início, não avistei nada.

Minha visão embaçada e completamente borrada impedia que eu pudesse ver algo com clareza. Pisquei algumas vezes e esperei que meus olhos se acostumassem com a claridade. Me surpreendi, ou não, ao ver em minha frente um grande campo verde, preenchido por flores e mais flores.

Era com certeza a visão do paraíso.

Olhei para a minha esquerda e percebi que era ali a origem do cheiro de lavanda. Uma figura borrada estava do meu lado esquerdo, mas por mais que eu tentasse visualizar nitidamente, não conseguia. E quando tentei abrir a boca para perguntar, a quem quer que fosse aquela sombra, a tão comum pergunta "quem é você", não consegui.

Nem ao menos um mísero ruído escapou de minha humilde garganta.

Franzi o cenho, confuso sobre o que acontecia. Mas não desisti tão fácil. Tentaria me comunicar através de gestos. Ergui meu braço com certa dificuldade, uma vez que parecia que haviam prendido algo deveras pesado nele.

Fui aproximando, de pouquinho em pouquinho, bem lentamente, a minha mão daquela sombra. E, quando eu estava prestes a tocar-lhe em seu possível rosto, algo de estranho aconteceu.

Observei a sombra se desfazer em pó bem na minha frente.

Acordei com os olhos arregalados e me sentei de supetão na cama. Mas que diabos de sonho foi esse? Isso pode parecer soar estranho, mas ao mesmo tempo que foi um sonho esquisito, fez eu me sentir nostálgico e melancólico.

Mas por quê? Por qual motivo uma sombra familiar sentada ao meu lado num campo — e que cheirava a lavanda, devo ressaltar — poderia me afetar de tamanha maneira?

Tampo meus ouvidos assim que escuto o som ensurdecedor do toque do meu celular soar pelo meu quarto. Maldita a hora em que coloquei Shake it Off como toque. Suspiro pesadamente e me arrasto, com certa preguiça, para fora da minha cama.

Ando com passos lentos até a cômoda, passando a mão sobre o móvel, tateando em todos os lugares até encontrar meu celular. Ao pega-lo, olho em sua tela e fecho os olhos imediatamente devido à claridade repentina. Pisco os olhos e tento me acostumar com a luz. Levo meu olhar até o relógio no canto superior direito da tela e vejo que o mesmo marcava 02:05 da manhã.

Mas que droga! Porque estão me ligando em plenas duas da matina?

Desvio meu olhar do relógio e foco no centro da tela, onde exibia o número que me ligava e um enorme "número desconhecido" brilhando logo em cima. Ponderei rapidamente se eu deveria mesmo atender aquela chamada.

Afinal, dizia que era um número desconhecido. Portanto, é de alguém que eu não conheço. Não que eu conheça muita gente, também.

Desculpa por dizer o óbvio, mas é isso. Porque eu me daria o trabalho de atender alguém, que eu nem sequer conheço, em plena madrugada? Eu tenho mais o que fazer, como dormir. Provavelmente, nem se fosse alguém conhecido, eu teria vontade de atender.

Mas, algo me deixou com uma pulga atrás da orelha. Não sei dizer ao certo o quê.

Portanto, depois de um longo suspiro e um forte revirar de olhos, cliquei no botão verde e o deslizei, atendendo a chamada.

— Alô?

Alô, bom dia. Estou falando com Jeon Jeongguk?

— Sim, sou eu. Em que posso lhe ajudar?

Senhor Jeon, eu me chamo Lalisa e sou enfermeira do Daegu's Hospital Center. Desculpe se interrompi seu sono, mas sinto em dizer que um ente querido seu sofreu um acidente.

— Ente querido? — franzi o cenho fortemente.

Que eu me lembre, eu não tenho ninguém. Mas, de novo, não é como se eu me lembrasse de muita coisa.

Sim, senhor. Peço que venha o mais rápido possível ao hospital. O paciente está gravemente ferido e não sabemos se sairá da sala de cirurgia com vida.

— Então tá... — cocei a nuca, sem saber o que fazer — Eu estou a caminho, mas antes posso te perguntar uma coisa?

Claro, o que deseja?

— Qual é o nome? Digo, o nome do paciente que chegou aí. O meu "ente querido" — a enfermeira pediu que esperasse um minuto para que ela pudesse verificar a ficha.

Não sei porque, mas meu coração batia muito rápido. A ansiedade se fazia presente e eu nem sequer sabia o porquê. O cortisol se espalhando cada vez mais pelo meu corpo, me deixando cada vez mais ansioso.

Então, depois do que me pareceram ser horas, a enfermeira disse que finalmente encontrou o seu nome.

— Taehyung. Seu nome é Kim Taehyung.

xxx

Oi, gente! Essa fanfic é tão linda que sou apaixonada por ela, espero que gostem!

Unexpected Call | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora