Twelve

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Maldito

Maldito.

Maldito três vezes! Será que eu sou preso se eu der uns bons tapas na cara desse homem? Porque, sério, porque ele tinha que aparecer justo agora? E o pior, ele parecia saber sobre o que a gente estava conversando, seu sorriso cínico e a cara de deboche por ter nos atrapalhado evidenciava isso.

Eu já disse maldito?

— Senhores? — perguntou, uma vez que não obteve resposta para sua pergunta anterior.

Eu nem me atrevi a responder nada, se eu o fizesse era capaz de sair algo que eu fosse me arrepender. Então, só fiquei olhando para a cara dele com uma expressão neutra. Ainda dei uma tombada de leve na cabeça e arqueei uma sobrancelha, só para fazer uma cara de deboche.

— Bom, já que não obtive respostas, vou apenas ignorar — coçou a garganta e se aproximou da cama — Como o acompanhante aqui já sabe, sou o neurocirurgião responsável pelo seu caso, Dr. Park...

— Bogum — o castanho cortou a fala do médico, me fazendo olhar imediatamente para ele.

Me surpreendi ao vê-lo olhar para o médico com uma expressão mais séria do que a minha, parecia esbanjar mais raiva do que eu. Fiquei confuso, ele o conhecia?

— Olá, Taehyung — sorriu abertamente e lambeu os lábios.

— Vocês se conhecem? — perguntei, meio perdido.

— Claro, somos velhos conhecidos — respondeu o homem sorrindo — Não é mesmo, Tae?

— Primeiro, é Taehyung para você — não mudou sua expressão — Segundo, o que você está fazendo aqui, Bogum? — perguntou entredentes.

Me vi meio perdido e sobrando naquela conversa, sem entender o que eu estava sentindo.

— Sou seu neurocirurgião, não gostou da surpresa?

— Nem um pouco. Eu te falei que não queria te ver nunca mais, lembra? — o outro riu fraquinho.

— Não acreditei quando você disse aquilo, afinal, você só estava assustado e irritado.

Olhou para o relógio em seu pulso e abandonou a prancheta que trazia em mãos em cima da mesinha.

— Me poupe, Bogum — revirou os olhos — Eu fui bem claro.

— Você não estava pensando direito.

— Claro! Eu tinha acabado de perder a pessoa mais importante da minha vida e tinha sido por sua causa! — quase gritou ao meu lado, me fazendo arregalar os olhos com sua afirmação.

— Taehyung? O que isso quer dizer? — ele me olhou e arregalou os olhos, lembrando da minha presença no quarto.

— Ah, então você não contou para ele, Tae? Interessante... — riu anasalado. 

Olhei para o castanho com um olhar questionador.

— O que você não me contou?

— Jeongguk... — tentou falar, mas foi cortado pelo médico.

— Eu imaginei que você não fosse contar, afinal, você sempre foi um covarde egoísta mesmo — riu.

— Cala a boca! — o castanho gritou — Fica quieto, Bogum. Eu não sou nenhum covarde egoísta, eu estava tentando contar para ele quando você apareceu aqui e, sim, você nos interrompeu — parou e pensou, enquanto me olhava — Aliás, Bogum sempre nos atrapalhou.

— O que quer dizer com... — me calei, irritado.

Bufei, extremamente puto com o rumo daquela conversa e mais puto ainda pelo médico que sustentava um sorriso cínico nos lábios.

— Bem, mas isso não importa agora — voltou a pegar na sua prancheta e veio para o lado da cama — Vim aqui para te examinar e checar se você está se recuperando bem.

— Certo, mas vou pedir que outro neurocirurgião fique no meu caso — afirmou, sem olhar nos olhos do médico.

— Infelizmente, não há nenhum outro disponível além de mim — sorriu e suspirou — Atura ou surta, bebê.

— Rapaz, eu vou acertar um soco na sua cara — ameacei, me levantando. 

Ele arqueou as sobrancelhas e sorriu.

— Tenta — fechou a expressão — Só tenta e eu chamo a segurança — respirei fundo e fiquei encarando seu rosto, tentando me controlar.

— Jeongguk, se acalma. Não cometa nenhuma loucura, por favor — o castanho pediu, pegando na minha mão.

Olhei em seus olhos, vendo que ele estava me implorando para que me acalmasse. Respirei fundo e puxei meu braço, me soltando de seu contato e saindo de perto, me sentando na poltroninha perto da cama.

— Faça seu trabalho, Dr. Park — falei sorrindo falsamente.

— Com todo o prazer.

...

— Aparentemente, tudo certo por aqui — ditou, guardando suas coisas, pegando sua prancheta e se afastando da cama.

— Ótimo, então eu já posso sair da UTI e ir para um quarto lá em cima? 

Fiquei quieto, só observando a conversa dos dois. O homem negou com a cabeça, fazendo Taehyung bufar.

— Que? Mas porque não? Eu já estou bem, sem risco de vida, o que mais você quer de mim?

— Só quero que fique mais um tempinho aqui, para que eu possa ter acesso total a você e poder te vigiar todo o tempo — arqueei as sobrancelhas.

— Você quer vigiar ele? — me meti na conversa, fazendo com que os dois olhassem para mim.

— Claro, essa primeira semana após a cirurgia é essencial ter muita cautela e vigília para que, caso o paciente der algum indício de que vai ter um "treco", eu possa socorrê-lo imediatamente — sorriu — Por isso eu preciso ficar de olho vinte e quatro horas por dia.

— Isso não me parece bom...

— Eu sei o que estou fazendo, não questione meus conhecimentos.

Sorri de lado, apertando os dedos contra o tecido da poltrona para não voar naquele homem.

— Se você está dizendo.

— Certo, a consulta já acabou — o castanho interrompeu — Pode ir embora, Dr. Park.

— Claro — fez reverência — Tenham uma boa noite, senhores. Foi um prazer revê-lo, Taehyung.

— Não posso dizer o mesmo sobre você, Bogum — o médico deu de ombros e saiu do quarto.

Tem cachorro nesse mato e disso eu tenho certeza.

Unexpected Call | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora