Unexpected Call | taekook

Eleven

— Tudo certo por aqui também — disse se afastando e colocando seu estetoscópio ao redor de seu pescoço — Sinais vitais estáveis e nenhum indício de nova parada cardíaca. Se continuar assim, seu coração pode se recuperar bem mais rápido do que o esperado.

Taehyung vibrou baixinho, achando aquilo o máximo. E, de certa forma, vê-lo feliz daquela forma também me deixou feliz. Socorro!

— Por fim, sou a Dra. Kim Jennie, a cirurgiã geral responsável pelo seu caso. É um prazer — a garota tinha uma feição amável em demasia e sustentava um sorriso que transmitia confiança aos seus pacientes — Cuidei das suas lesões no abdome, tomando o máximo de cuidado para que seu intestino ou algum outro órgão da região não fosse afetado. Também assegurei que seus hematomas no peito não passassem de pequenos hematomas.

— Nossa, eu estava todo ferrado mesmo, né? — riu sem humor.

— Infelizmente sim, mas já cuidamos do senhor. Posso...

— Já sei — a interrompeu — Se pode checar meus curativos no abdome?

— Você é um rapaz esperto, senhor Kim.

...

Depois de muita conversa, muitas checagens no corpo do acastanhado e de algumas risadas ocasionadas por alguma besteira dita pelo meu namorado ou por algum ato atrapalhado de Namjoon, o médico destrambelhado, finalmente a consulta terminou.

— Você está praticamente todo fora de perigo, por enquanto, mas ainda precisamos do veredito final da neuro — disse o Dr. Kim chefe — Mas, infelizmente, nosso neurocirurgião não pôde estar presente aqui neste horário devido a problemas pessoais.

Só a simples menção daquele homem desprezível me causou enjoos. Qual o meu problema com ele?

— E quando ele virá? Quero sair logo dessa UTI!

— Não é assim tão simples, Taehyung — Yoongi se pronunciou ­— Você só sairá daqui quando não apresentar mais riscos de parada cardíaca.

— Saco...

— No entanto — o Kim chefe volta a falar — Dr. Park deve estar aparecendo por aqui logo pelo plantão da noite. Tudo bem?

— Claro, não tenho para onde ir mesmo — revirou os olhos, fazendo o mais velho rir.

— Bem, estamos indo. Tenham uma boa tarde! — dito isso, os quatro saíram do quarto, nos deixando sozinhos.

Levei meus olhar para o rosto de pele acobreada e não me surpreendi ao notar que seu olhar já caía sobre mim. Não sei dizer ao certo quanto tempo ficamos nos encarando sem dizer nenhuma palavra, mas gostei da sensação. Era como seu eu conhecesse aqueles olhos e, em contrapartida, aquelas orbes castanhas conhecessem a mim.

Estranho, não é? Na verdade, estranho apenas para mim, que não lembro de nada.

— Então... — tomo a iniciativa da fala e quebro aquele silêncio — Sobre o que estávamos falando antes...

— Jeongguk se não se importa, estou com sono. Podemos falar disso depois? — disse entre bocejos, já caindo de sono.

Malditos efeitos dos analgésicos.

— Tudo bem, também não tenho para onde ir mesmo... — falei, mas o outro já não me ouvia mais.

Já havia pego no sono com a cabeça virada de lado, olhos fechados com uma leve força exercida nas pálpebras, um biquinho fofo nos lábios e fazendo um barulho gostoso com a boca. Era definitivamente a cena mais adorável que eu já havia visto em toda minha vida — ignorando o fato de que eu não lembro nem de metade da minha vida.