Nine

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Tudo em excesso faz mal.

Já haviam escutado esta expressão? De certo que sim, muitos pais, professores e psicólogos costumam dizer isto aos seus filhos, alunos e pacientes, respectivamente. Mas, já pararam para pensar no que essa expressão afeta o nosso dia a dia e o nosso psicológico?

Isso eu tenho certeza de que não fizeram. Vamos lá, pense aqui comigo.

Excesso de passado, o que pode nos causar? Depressão? Sim, depressão, afinal muitos pensamentos sobre o que aconteceu e o que você poderia ter feito a mais, nos torna depressivos. E excesso de futuro? Ansiedade? Sim! Pensar demais no que pode acontecer e nas consequências disso nos deixa ansiosos.

Mas e excesso de presente? O que nos causa? Provavelmente não sabe a resposta, eu também não sabia. Porém, depois de me encontrar numa situação como esta, acabei de solucionar o problema

Excesso de presente nos causa uma baita crise existencial. Surtos e gritos internos de o que está acontecendo nessa porra pelo amor de Deus alguém me ajuda. Sim, é de fato isso. Como eu sei? Porque eu estou me sentindo exatamente dessa forma ao encarar pela primeira vez aqueles olhos.

Castanhos claros, quase como um mel. Lindos assim como imaginei. Ao encarar aquelas orbes claras, senti um misto de sensações se apossarem do meu corpo. Tantas que nem sei explicar. Mas, além disso, senti que algo me era transmitido.

Não é à toa que dizem que "os olhos são a janela da alma". Só de olhar para aquele par de olhos, notei que eles passavam confusão, dor e nada mais nada menos que surpresa. Taehyung estaria tão surpreso assim em me ver?

Mas porquê?

Não tive muito mais tempo para pensar em nada, quando escutei aquela máquina que contava os batimentos cardíacos começar a apitar. Imediatamente, lembrei que eu deveria chamar o médico assim que o castanho acordasse. Então, me apressei em sair do quarto para poder chama-lo, mas fui surpreendido ao sentir um toque em minha mão.

Parei meus passos e me virei para o garoto que permanecia deitado naquele leito de hospital. Olhei para o meu pulso e vi sua mão ali, segurando com força no local. Observei, bem lentamente, ele afrouxar o aperto e deslizar seus longos dedos até minha mão, logo entrelaçando meus dedos aos seus.

E, céus, que sensação maravilhosa.

Desviei meus olhos para encontrar com os seus e assim fiquei, esqueci de chamar o médico, esqueci do mundo ao meu redor, esqueci do barulho incessante daquela máquina apitando, esqueci de tudo. Só conseguia focar no olhar penetrante daquelas orbes castanhas e como eu me sentia maravilhosamente bem com aquele simples entrelaçar de dedos.

Me sentia no céu, mas isso durou pouco.

Tudo aconteceu em câmera lenta. Fui retirado do meu transe quando me senti ser empurrado para o lado, olhei ao meu redor e vi vários médicos entrarem no cômodo com uns equipamentos estranhos nas mãos. Um deles olhou para mim e parecia ter dito algo como "o senhor precisa sair daqui", mas não tenho certeza. Não o ouvi. Esse mesmo médico começou a me empurrar para o lado de fora do quarto, fazendo com que minha mão se soltasse contra a minha vontade da mão do acastanhado.

E seus olhos castanhos cor de mel se fechando foram a última coisa que vi antes de ser jogado para fora e a porta ser fechada na minha cara.

...

Estou sentado na sala de espera do hospital já faz algum tempo, mas ninguém veio me dar nenhuma informação ainda do que havia acontecido com o garoto. Na verdade, eu meio que ainda estava em choque com o que aconteceu.

Unexpected Call | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora