Atrasada

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Boa tarde. Veio aí. 😄

Comentem, aperta na estrelinha também, me dá biscoito, fazendo o favor.

Boa leitura, bebês.

TT: @umamabs

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POV RAFAELLA

- RAFAEEEELLA!!!!!! - O grito me fez acordar em um salto e ao mesmo tempo sentar do sofá. - A bonita acordou. - Ela falou com um sorriso debochado no rosto.

- Eu não acordei, você que espancou o meu ouvido. Não tem como dormir com você gritando meu nome. - Eu estava mal humorada.

- Minha mãe está chegando, não dá pra você ficar no meu sofá o dia todo. Vai pra casa e termina com a Bianca de vez, não enrola, você sabe as respostas pra todas essas perguntas que estão dentro desse cabeção enorme. - Ela bateu na minha testa com a ponta do dedo. - No fim da tarde a gente se vê no estúdio, tem fotos de uma capa pra fazer, não esquece. - Ganhei um beijo no topo da minha cabeça. - Desmancha esse bico e cuida na vida, já passa de meio dia. Até mais tarde. - Ouvi a porta bater logo quando ela saiu e me joguei mais uma vez no sofá. Não conseguia entender essa disposição da Manu logo de madrugada.

Meu celular que estava em cima da mesinha de centro começou a piscar insistentemente, eu não olhei. Virei pro lado e voltei a dormir, mais meia hora, talvez uma e quando acordei mais uma vez, resolvi levantar de verdade, organizei o sofá da minha amiga, fui até o banheiro escovar os dentes e tomar um banho e depois de banhada e arrumada fui até a cozinha procurar algo para comer. Não tinha nada.

Manoela nem pra fazer compras decentes e deixar a geladeira cheia pra quando eu estiver aqui, me deixa morrendo de fome, sem ter nada pra comer. Eu pensei e ri do que acabei de pensar. Com toda certeza ela iria me dá um tapa e me acusar de ser a visita mais folgada e inconveniente que ela já teve o desprazer de hospedar. Mas eu tinha deixado de ser visita há muito tempo, quase todos os sábados em que eu saía com Bianca, eu estava terminando minhas noites no sofá dela, pelo simples motivo de que Bianca tinha as chaves do meu apartamento e no outro dia cedo ela estaria lá me acordando. A única diferença dessa semana é que eu havia passado o domingo jogada no sofá de Manu, comendo besteira e vendo filmes ruins com ela.

O telefone tocou mais uma vez. Atendi. - Oi, amor. - Ouvi a voz que um dia já foi a minha preferida falar do outro lado da linha.

- Oi. - Ela respirou fundo do outro lado.

- Tá na Manu?

- Em casa eu não estou, né? Mas isso você já sabe porque deve estar aí me esperando. Acertei? - Eu não conseguia disfarçar o quanto ela me deixava impaciente. - Eu estou indo pra casa, você pode me esperar?

- Posso sim. - Ela deu uma pausa e eu pude ouvir quando ela soltou o ar. - Eu preciso te pedir desculpas.

- Quando eu chegar em casa, nós conversamos. - Desliguei antes da resposta.

...

Quando abri a porta, ela estava lá, sentada no meu sofá, no meio da minha bagunça habitual. Vários livros de fotografia e revistas jogados na mesa de centro. Minha câmera ao seu lado no sofá, resisti ao impulso de pegá-la e fazer um registro. Ela estava linda. Por mais que eu estivesse brava, não dava pra eu deixar de observar o quanto ela estava linda e o quanto ela combinava com meu caos. E foi exatamente por esse motivo que nos aproximamos, dois espíritos livres, em algum momento eu me apaixonei e tudo passou a fazer sentido. Mas acabou, o carinho ainda existe, mas todo o resto se foi com a falta de honestidade. E como eu havia lido em algum lugar, um amor sem honestidade não merece ser chamado de amor.

- Bia, a gente precisa conversar. - Afastei uns livros e sentei na mesinha, ficando de frente pra ela.

- Sim, eu preciso me desculpar, passei dos limites e eu sei disso. - Seus olhos foram direto, dentro dos meus. Mas eu não os reconhecia mais.

- Bianca, não dá mais. Eu te desculpo, mas não posso continuar assim. - Não sei exatamente o que se passou pelo rosto dela, surpresa talvez? Eu realmente não sei. - Eu quero que leve suas coisas, preciso da minha chave de volta.

- Eu não estou preparada pra um final, dá só mais um tempo pra nós. Eu te amo, Rafa.

- Não, Bia. Faz tempo que você não me ama. Você ama a atenção que eu te dou e quando isso se quebra em algum momento, você vira uma pessoa que eu não consigo reconhecer. A verdade é que eu não te reconheço há um tempo já. - Fui sincera com ela. - Não é mais amor. Eu tenho um carinho enorme por você, mas não é mais amor. Mais tempo só vai fazer isso piorar, nós só vamos nos desgastar mais e no fim nem a amizade vai ficar.

Meu telefone tocou mais uma vez naquele dia, ignorei novamente por um tempo. Mas Manu era insistente. - Eu preciso atender. - A verdade era que Manu estava me salvando mais uma vez na vida. Salvando de ter que prolongar aquela conversa por mais tempo.

- RAFAEEEELLA. - Ela gritou mais uma vez o meu nome naquele dia, ela estava brava.

- Meu Deus, Manoela, hoje você está insuportável. Porque tá me gritando de novo? - Tirei o telefone do ouvido por um segundo antes do terceiro grito do dia chegar ao meu tímpano.

- VOCÊ ESTÁ ATRASADA. - Mesmo com a distância, ele chegou e chegou fundo. - Eu te acordei meio dia, Rafaella, você voltou a dormir depois que eu saí? - Não respondi. Era uma pergunta que ela já sabia a resposta.

- Manu, eu só preciso da ultima luz da tarde pra essa foto, tenho tempo. Em uma hora eu chego lá, não me espera no estúdio, senão vamos mesmo nos atrasar. - Ela resmungou algo que eu não consegui entender.

- Você se resolveu com a Bia? - Ela diminuiu o volume da voz.

- Sim. - Fui direta na resposta, não ia falar sobre o assunto por telefone e muito menos na frente de Bianca. - A gente conversa mais tarde. Beijo, até daqui a pouco. - Desliguei antes da resposta atravessada chegar. - Bia, você ouviu. Eu preciso ir, estou atrasada. - Falei me dirigindo a Bianca depois de desligar a chamada com Manu.

- Tudo bem, Rafa. - Ela levantou e se aproximou de mim o suficiente para eu pensar em recuar um passo. - Ultimo beijo? - Eu deixei um sorriso se formar no canto dos meus lábios e os selei com os dela, o carinho que se seguiu em meu rosto não demorou.

- Fica bem. Não se mete em encrenca. - Falei assim que afastei meu rosto do dela. - Não tenha pressa, eu vou demorar a voltar. Pode deixar a chave na portaria, tudo bem? - Peguei a câmera que estava no sofá e sai, deixando uma Bianca com um olhar que eu não reconheci, talvez tristeza.

Desarrumar - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora