Sem reclamar

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Bom dia, leitoras mais lindas desse mundo.

Tá aí, eu não consigo mesmo segurar. Aproveitem enquanto eu tô conseguindo escrever rápido. KKKKKKK

Lembre de curtir e comentar bastante.

Boa leitura. 😘

TT: @umamabs

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POV RAFAELLA

Perdi as contas de quantas vezes eu já tinha respirado fundo quando o assunto era as exigências de Gizelly Bicalho. Quando fui informada de que ela havia dispensado o estúdio e que eu devia levar somente o essencial de equipamentos contei até dez mais uma vez. Mas nada me irritou mais do que ela ter simplesmente trocado a modelo e a agente dela ter me avisado na hora de marcar comigo. Segundo Manu não iríamos precisar levar ninguém.

- Vou fotografar o que? Um copo?

- Acho que ela deve ter contratado alguém, Rafa. A Marcela não me passou muitas informações, só pediu pra não nos atrasarmos e levar só o indispensável, câmera e kit de iluminação, e ainda perguntou se o kit seria mesmo necessário. - Meus olhos já viravam sozinhos.

Nós já estávamos na portaria do prédio, tínhamos informado que precisávamos subir pro apartamento da escritora e estávamos esperando a autorização, que não demorou muito. Um senhor nos acompanhou, ele falava sem parar, era engraçado e no pouco tempo em que nos fez companhia já sabíamos seu nome, Sr. Felipe, e que trabalhava no prédio desde que o condomínio tinha sido construído, há dez anos. Ele parecia animado por Gizelly está recebendo visitas.

- É bom ter mais alguém aqui além da dona Marcela, as vezes eu acho a dona Gizelly muito sozinha. - Ele falava tranquilamente e nós, que estávamos alheias ao que ele estava falando, só sorríamos.

- Nós viemos trabalhar com ela, fazer umas fotos. - Manu estava sendo simpática e demonstrava interesse pelo assunto. Mas eu me permiti só ouvir a interação dos dois.

Ele nos deixou em frente a uma porta branca, com o número 802 gravado no seu alto, apertou a campainha pra gente e se despediu com um sorriso largo no rosto. - Até mais tarde, moças. Bom trabalho pra vocês.

Sorrimos de volta e ficamos ali, esperando a porta ser aberta. Gizelly atendeu a porta, ela estava vestida casualmente, jeans e camiseta branca, o cabelo em um coque alto na cabeça, uma maquiagem leve cobrindo sua pele, os pés estavam descalços. Bem diferente do dia em que ela foi acompanhar o ensaio, que usava algo mais formal.

- Vocês se importam em deixar os sapatos na entrada? - Tive a impressão de que ela estava sem graça com o pedido antes de qualquer comprimento.

- Claro, tudo bem. - Manu e eu falamos praticamente ao mesmo tempo. Achei estranho, não vou mentir. Mas tiramos os tênis e ficando só de meia, os deixando do lado de fora do apartamento.

Ela arqueou um pouco a sobrancelha quando nos viu com os equipamentos de luz, mas não fez nenhum comentário. - Oi, Manoela. Como você está? - Ela foi simpática com Manu.

- Estou bem e você? - Manu estendeu uma das mãos e a cumprimentou depois que já estávamos em sua sala.

- Estou bem também, obrigada. - Quando ela largou a mão de Manu, ofereceu sua mão a mim. - Acho que você não me falou seu nome naquele dia. - Ela estava sendo um pouco cínica? Talvez fosse impressão minha, mas eu acho que sim. Ela sabia o meu nome, eu sei que sabia.

- Rafaella. - Estendi minha mão, segurando a dela. Um choque leve no contato percorreu meu corpo. - Kalimann, Rafaella Kalimann.

- Eu sei. - Ela deixou um sorriso grande se formar em seus lábios. - Vocês podem ficar a vontade. Eu preciso ver como Marcela está.

Sua sala era espaçosa, não tinham muitos móveis, pouca decoração. Impessoal, a não ser pelos nichos em uma das paredes com vários livros organizados pela sua cor. As paredes brancas refletiam a luz que entrava pelas janelas, era tudo muito claro, tinha muito branco em tudo. Mas mesmo sendo um lugar bem iluminado, iríamos precisar das luzes por ser um ambiente fechado. Eu havia notado um banco alto, que pela organização da casa parecia estar fora do seu lugar habitual.

- Eu pensei em deixar ela sentada no banco e você fotografar ela na parede branca mesmo. Quero algo limpo na capa. - Me assustei quando ouvi sua voz perto enquanto eu e Manu montávamos os equipamentos.

- Desculpa, não quis assustar vocês. - Ela tinha um sorriso pequeno nos lábios.

- Não se desculpa, Rafaella se assusta com um alfinete caindo no chão. É dramática. Se você for se desculpar por isso, vai ser uma desculpa a cada dois minutos. - Eu fuzilei Manu com o olhar.

Marcela saiu do que eu presumi ser o quarto de Gizelly, ela estava vestida com uma camisa larga branca que ia até o meio de suas coxas, também com uma maquiagem leve, sem exageros. Ela era bonita, o contato tinha sido sempre com Manoela, então, eu não a conhecia.

- Gizelly, eu preferia vestir algo mais comprido. - Todas nós rimos da afobação da loira.

- Você está linda, para de bobagem, a camisa tá cobrindo tudo que tem que cobrir. - Marcela mostrou a língua e fez uma careta, Gizelly gargalhou.

- Seu bom humor tá me irritando, volta a ser a chata mau humorada, quero minha amiga de volta. - Marcela reclamou tentando demonstrar que estava brava, mas falhando pois quando virou pra gente, ela estava com um sorriso no canto dos lábios.

- Tá bom, você que pediu. - Quando o equipamento estava todo pronto, Gizelly pegou o banco e posicionou ele no lugar em que ela queria. - Senta aqui. - Pelo visto ela iria me dirigir e eu não sabia se aquilo era bom ou ruim. Eu não gostava de ser dirigida quando estava fotografando por que tudo parecia mecânico e nada do que eu gostava de fazer era mecânico. Marcela sentou na frente das luzes e Gizelly a colocou na posição que ela queria. - Rafaella? - Ela chamou minha atenção. - Podemos começar? Quero que você foque nos ombros dela, nos olhos, boca, quero detalhes em close, ok?

- Eu tinha pensado em algo mais sensual, Gizelly. - Ela arqueou a sobrancelha.

- Eu quero recortes dela, quero a capa seja montada com partes isoladas, mas que mostrem mistério, sensualidade também, mas eu quero algo que não deixe tão óbvio a sensualidade. - Ela foi até Marcela e arrumou uma mexa do cabelo que estava fora do lugar.

- Vamos lá, acabem logo com isso, que ainda temos que fotografar a Gi para a contracapa, orelha e outros materiais de divulgação dos livros. - Gizelly pareceu congelar onde estava.

- Eu não quero fazer fotos. - Ela falou mal humorada. - Já tem fotos minhas para tudo isso.

- Mas você vai. - Marcela insistiu. - Você tinha 20 anos quando as outras fotos foram feitas, precisamos de fotos novas.

Ela revirou os olhos e saiu de perto de Marcela, dando espaço para que eu e Manu começássemos a trabalhar, finalmente. - Faça como eu falei, Rafaella. - Ela me deu a ordem e eu não faço ideia do porquê, mas eu obedeci sem reclamar.

Desarrumar - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora