Oi, bebês.
O covid achou minha família e eu não consigo escrever porque estou muito preocupada com isso. Esse é o último capítulo que tenho escrito.
Desarrumar estará em stand by até que eu consiga colocar minha cabeça em ordem e que esteja tudo bem com minha família.
Rezem por eles, seja qual for a sua crença.
Se protejam e protejam os seus.
TT: @umamabs
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POV RAFAELLA
Eu ouvi o choro baixo assim que entrei no banheiro do bar. Entrei no reservado desocupado, fiz meu xixi e saí para lavar as mãos, mas algo me prendeu lá dentro, por mais que eu não conhecesse a pessoa que estava lá dentro, algo não me deixou sair.
- Oi? Tudo bem aí? - Eu perguntei em voz baixa e esperei que os soluços diminuíssem para que a garota que estava por trás daquela porta pudesse responder.
- Eu estou presa. - Ela falou com a voz de choro, parecendo uma criança pequena. - Tentei gritar, mas ninguém me ouvia. - Eu não pude deixar de sorrir com aquela situação.
- Ok. Deixa eu tentar abrir. - Eu forcei a fechadura da porta e tentei abrir. - Tá bem emperrada, eu vou pedir ajuda, tá?
- Não, não, não me deixa sozinha de novo, por favor. - Tinha um certo desespero na voz dela e algo mais que eu não conseguia identificar. Medo talvez?
Eu não sabia o que fazer, ela não queria que eu saísse pra pedir ajuda, mas eu não tinha certeza se iria conseguir abrir aquela porta sem ajuda. - Tá... - Parei um pouco pra pensar. - Então, qual o seu nome? Se eu vou ter um encontro no banheiro do bar, preciso pelo menos sabe o nome do meu date, né?
- Eu sei quem você é. E nós não estamos em um encontro. - Não pude ver, mas pelo tom da voz, ela ainda estava se recuperando do choro.
- Se você sabe quem eu sou e levando em conta que não faço a mínima ideia de quem você é, eu estou em uma grande desvantagem aqui.
- Gizelly Bicalho. - Ela falou baixo, de um jeito totalmente diferente de quando se apresentou a mim pela primeira vez.
- Entendi, desculpe pela brincadeira sobre o encontro, então. - Tentei me desculpar, mas a verdade é que eu não sabia porque estava me desculpando, eu não tinha feito nada demais.
- Tudo bem. - Ela fungou.
- Olha, Gi... Posso te chamar de Gi? - Ela fez um som anasalado e eu deduzi que era um sinal positivo. - Certo, Gi. Você não pode ficar trancada aí a noite toda. Precisamos dar um jeito de te tirar daí. - Eu havia entrado no reservado ao lado, subi no vaso e olhei por cima da parede fina que dividia os dois. - Você já tentou passar por baixo? O chão não está sujo.
- Eu não vou me deitar nesse chão, Rafaella. Ele está sujo sim, você pode não ver, mas está. - Ela cruzou os braços sobre os seios e fez um bico. “Paciência, Rafaella, paciência.” Meu consciente me alertou.
- Tudo bem. Vamos tentar por cima, então? - Ela me questionou com o olhar. - Você sobe no vaso, me dá as mãos e apoia o pé nesse negócio de colocar o papel que tá aí na sua frente. Depois da um impulso e eu tento te puxar, ok?
- E se quebrar quando eu der o impulso? - Ela pareceu horrorizada com a possibilidade de cair.
- Não vai quebrar. - Eu menti, não tinha como eu ter certeza. – Mas caso quebre eu já vou ter te puxado.
Meu plano era bom. Era o único que eu pensava que daria certo, já que ela não queria que eu fosse buscar ajuda. O plano era bom e eu consegui convencer ela de que era, só não esperava que ela acabasse caindo em cima de mim. Nós não caímos exatamente no chão, eu caí sentada no vaso e seria quase impossível descrever como ela caiu. Quando notei, seus calcanhares estavam na altura dos meus ombros e suas costas estavam encostadas do chão. O grito foi ensurdecedor.- AAHHHHHHHHHHHHH. ME AJUDA A LEVANTAR. - Ela estava esperneando embaixo de mim e a puxei pelos braços e com o impulso ficou sentada em meu colo. Por um breve segundo seus olhos encontraram os meus, mas logo ela notou a posição constrangedora e levantou rápido. - Eu preciso ir embora. - Eu mal vi quando ela passou pela porta, foi tão rápido que ela só deixou o constrangimento que pesava no ar para trás.
...
- Porque demorou tanto, Rafinha? - Bianca estava por trás do balcão do bar. Não perdia a oportunidade de chamar pelo diminutivo do meu nome, ela estava diferente, mesmo que tudo fosse tão recente, pareceu ter lidado bem com o término.
- Se eu contar, ninguém vai acreditar. - Eu ainda estava processando o que tinha acontecido no banheiro. Já tinham acontecido coisas no banheiro comigo, mas nada se comparava aquilo. Nunca me senti em algo tão íntimo e constrangedor. Primeiro Gizelly estava chorando feito uma criança, e essa foi parte íntima. Diferente da mulher que eu havia conhecido, aquela era totalmente vulnerável e desprotegida. Segundo ela se sentiu extremamente constrangida por ter sentado, mesmo que por menos de dois segundos em meu colo.
- Devia tentar. - Bianca insistiu.
- Tentar o que? - Eu me perdi em meus pensamentos ao ponto de não saber mais sobre o que ela falava ou sobre o que eu falava.
- Contar porque demorou tanto, talvez eu acredite. A não ser que você estivesse com alguma piranha no banheiro. Aí não precisa me contar, eu prefiro só te servir uma cerveja e me poupar dos detalhes da sua vida de solteira. - Ali estava a Bianca de sempre. - Ainda não estou preparada para entrar nessa fase da amizade. - Ela se justificou quando viu o olhar que lancei a ela.
- Não é nada disso, maluca. Quer dizer, tinha uma mulher lá. Mas acho que você vai precisar mandar alguém olhar as fechaduras dos banheiros, ela estava trancada lá dentro, eu só ajudei a sair. - Meu celular vibrou, uma notificação de e-mail.
De: Gizelly Bicalho
Para: Rafaella Kalimann
Obrigada por me salvar.
G.B.
E só então eu notei já existia um e-mail anterior de agradecimento pelas fotos, um sorriso pequeno se formou em meu rosto e quando levantei o olhar do celular, Bianca me encarava com um olhar questionador.
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Desarrumar - GiRafa
FanfictionTudo estava milimetricamente organizado, nada fora do lugar. E como se a calmaria precisasse de um furacão, aquele apartamento precisava de uma bagunça. 🎶 E é difícil dizer, mais ainda explicar, pro meu quarto entender que toda vez que arrumo ele...