Ciúmes

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Boa noite, meus amores.
Lembrem do meu biscoito que é a estrelinha e o comentário.
Boa leitura. 😘

TT: @umamabs

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POV RAFAELLA

Eu nunca gostei de falar que um relacionamento deu errado, se foi bom por um tempo, deu certo por esse tempo. Com Bianca foi assim, nós nos conhecemos e foi tudo muito intenso e muito rápido. Foi muito bom, deu muito certo. Mas em algum momento nós nos perdemos e não nos encontramos mais. E nesse desencontro ela me traiu com uma amiga, então, gosto de pensar que foi uma dupla traição. A amiga eu não perdoei. Mas Bianca pediu tantas desculpas e me fez uma proposta que a princípio me incomodou, mas depois passei a ver a ideia com outros olhos. Ela queria deixar o relacionamento aberto e com isso podíamos ficar com outras pessoas caso a vontade aparecesse. E acho que foi nesse momento em que eu percebi que não sentia mais nada. Porque eu aceitei.

Ela tinha os rolos dela e eu não me importava com isso, as vezes ficava sabendo de um encontro ou outro, mas nada que me fizesse pensar sobre por mais de dois minutos. E estava tudo bem assim, nós estávamos juntas, namorávamos, mas quando ela queria ficar com alguém, ficava. Não fazia mais diferença pra mim e pensava que pra ela também não faria.

Não tinha tido vontade de ficar com mais ninguém, mesmo sabendo que o amor tinha acabado, eu não estava empolgada em ficar com mais alguém. Mesmo que fosse só por uma noite, não era algo que eu estava procurando no momento. Mas Bianca não sabia disso, o trato era ela não me contar sobre os rolos dela e eu não contar sobre os meus. Então, acho que ela imaginava que eu devia estar ficando com alguém.

Até que as crises de ciúmes sem motivo começaram a acontecer com frequência. Sempre que saíamos, ela implicava sobre eu estar olhando pra alguém, coisa que não estava acontecendo. Porém, eu cansei de ser acusada sem motivos e sempre que ela começava a implicar, eu passava a procurar as pessoas com o olhar. As vezes não tinha ninguém, mas em uma noite teve. E depois de algumas cervejas o interesse falou mais alto e mesmo com Bianca presente, um beijo aconteceu.

Fui xingada, e se não fosse um pouco maior e mais forte que ela, tinha uma grande chance de ter apanhado. Naquela noite ela foi pra casa sozinha e eu continuei onde estava. Talvez eu estivesse punindo ela com o meu comportamento, não tenho certeza. Mas eu tenho certeza que estava dentro do que tinha sido acordado entre nós, a não ser por ter sido na frente dela. O que eu não entendia nesse esquema todo era que enquanto ela estava curtindo e ficando com outras pessoas estava tudo bem, mas quando alguém simplesmente me olhava, ela entrava em um looping de ciúmes e paranóias que seria capaz de irritar qualquer ser humano que presenciasse os acontecimentos.

Virou rotina, nós saíamos, ela procurava um flerte inexistente pra implicar, mas que passava a existir logo depois só porque ela tinha me mostrado que estava lá, e logo depois a briga, o escândalo, o choro. E no dia seguinte, a visita em minha casa antes mesmo de eu acordar.

...

O som estava muito alto e desde antes da gente entrar na balada eu já tinha notado que a noite seria de confusão. Eu tinha um ímã pra isso e Bianca não deixava nada passar despercebido, nossas mãos estavam entrelaçadas desde que entramos, mas isso não impediu que eu fosse encarada pelo menos três vezes na fila de entrada. Segundo ela, eu gostava de provocar, mas eu juro que antes de ela me falar, eu não tinha sequer percebido algum olhar em minha direção, mas foi só até ela me falar mesmo, porque depois da reclamação eu percebi e passei a retribuir toda a atenção que eu recebia. No bar ganhei um guardanapo com um número de telefone anotado, junto com duas cervejas e, pelo que parece, encontrei o limite.

- Você vai passar a noite inteira flertando com qualquer ser humano que passar na sua frente, Rafaella? - Ela soltou a minha mão e me perguntou já um pouco alterada.

- Eu não ia, não estava nem prestando atenção em ninguém. Mas você fez questão de me mostrar.

- E agora a culpa é minha por você não conseguir ficar comigo sem olhar pra mais ninguém?

- Não, a culpa não é sua. Muito menos minha, porque nós deixamos bem claro como isso tudo funcionaria. E de novo, eu tava bem de boa de casalzinho, você que me mostrou que tinha outras pessoas por perto. - Continuei falando, tentando não alterar o tom da minha voz.

- Vocês já estão brigando de novo? - Manu chegou por trás de mim, chamando nossa atenção.

- Eu não perco meu tempo brigando sobre algo que já foi conversado, você sabe disso, Maria Manoela. - Falei abraçando a minha amiga e tirando um pouco ela do chão por causa da diferença de altura.

- Ok, Rafaella. Então, fica aí, eu vou embora. Acabou. - Ela deu as costas e foi embora. Mal sabe, que estava me fazendo um favor.

- O que rolou aqui? - Manu me perguntou quando Bianca se afastou.

- O papel de escrota é sempre meu, não é? - Dei de ombros.

- Quando você me contou sobre como iria se configurar o seu relacionamento eu tinha certeza de que não daria certo. Mas não passava pela minha cabeça que seria a Bianca a surtar. A ariana ciumenta aqui é você. - Fui provocada.

- A questão não é ter ciúmes, a questão não é dá certo. Eu não queria mais estar com ela, quando ela voltou me pedindo desculpas e oferecendo uma configuração diferente, eu aceitei porque não faz a mínima diferença pra mim. Mas ela surta em todas as vezes que a gente sai. Se nós vamos comprar pão na padaria, ela briga por causa da pessoa que me atende no caixa e é um pouco mais simpática. Mas acabou, você ouviu, né?

- Ouvi. Mas duvido muito que amanhã ela não te procure. - Uma constatação que eu também tinha certeza. O fato era que Bianca gostava de me ver com ciúmes e saber que tinha minha atenção, acredito até que esse foi o motivo pra ela me sugerir um relacionamento aberto. Mas é difícil sentir ciúmes quando não se sente mais nada além de tesão.

- Então, deixa eu aproveitar antes que ela volte. - Tomei um gole da minha cerveja e puxei a minha amiga pra dançar.

Desarrumar - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora