Oi, meus amores. Como estão?
Eu tô comemorando o sucesso de uma fic atualizando a outra. Vocês que me acompanham, precisam saber que eu sou extremamente grata por vocês lerem o que eu escrevo. Espero que tenham o mesmo carinho por Desarrumar que tem por Puzzle.Boa leitura pra vocês. 🥰
TT: @umamabs
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Atenção: Conteúdo sensível.
Nesse capítulo contém descrição de episódios de TOC.Transtorno Compulsivo-Obsessivo: são obsessões ou compulsões recorrentes, que consomem tempo e causam sofrimento à pessoa. O paciente com TOC tem medos, desconfortos, pensamentos irracionais e repete atos, acompanhados de ansiedade e mal-estar. E, no fim, vira escrava daquele comportamento.
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POV Gizelly
A água passava por minhas mãos, o sabonete líquido fez seu trabalho e agora escorria junto com a água suja pelo ralo da pia. Sentei novamente em frente ao computador, escrevi duas linhas, apaguei, levantei mais uma vez. A torneira ligada. Minhas mãos. O sabonete fazendo espuma, que repetindo o movimento de dez minutos atrás, ia embora pelo ralo da pia.
Eu perdi as contas de quantas vezes havia repetido esse ritual, eu que não perdia as contas nunca, agora não sabia quantas vezes tinha lavado as mãos. Eu não sabia quantas vezes tinha sentado na frente do computador e me frustrado, eu não fazia ideia de quantas vezes minha cabeça tinha pensado na mesma frase para que eu a incluísse no livro. Minhas mãos vermelhas chamavam a minha atenção, a alergia voltou, talvez eu precisasse trocar a marca de sabonete.
Marcela iria chegar a qualquer momento, ela não iria gostar de me ver assim. Estava tudo bem. Ou nunca esteve? Meu rosto refletia mais uma vez no espelho do banheiro. Esteve sim, em alguns momentos tudo se encaixava e fazia eu me sentir uma pessoa normal, mas logo em seguida toda a onda de desespero se apossava de mim mais uma vez. Os sonhos voltaram, alguns deles eram sonhos mesmo, outros pesadelos que me faziam reviver com detalhes todos os momentos que me fizeram mal ao ponto de eu me esconder em minha própria mente e me proteger em minhas manias.
O barulho na porta me fez sobressaltar, eu já esperava a chegada dela, mas mesmo assim me assustei com a presença anunciada porque estava perdida demais em meus pensamentos. Eu desliguei a torneira pela última vez.
- Oi, bichinho. Como você está? - Ela me perguntou, colocando a cabeça dentro do meu quarto. - Conseguiu dormir melhor? - Eu balancei a cabeça negativamente, ainda com a toalha nas mãos, tirando todo o resquício de umidade que se acumulava entre os meus dedos. Os olhos de Marcela foram dirigidos para meus movimentos repetitivos. - Você tá fazendo de novo, né? Os sonhos não pararam? - Eu sentei na cama e ela se aproximou de vagar, tirando a toalha das minhas mãos e indo colocar ela em seu lugar no banheiro. Assim que voltou, sentou a minha frente e segurou minhas mãos com cuidado. Ela examinou cada detalhe, cada pedacinho vermelho que se fazia presente em minha pele.
- Eu não consegui contar. - Falei com o olhar perdido nos movimentos que ela fazia enquanto continuava a examinar minhas mãos. Ela levantou e foi até o banheiro mais uma vez, voltou logo depois com um hidratante em suas mãos e sentou mais uma vez na minha frente. Despejou um pouco do creme em minha mão direita e massageou com cuidado cada ponto, em seguida fez o mesmo com a mão esquerda. - Eu falei com a Mari. Sobre as repetições. - Falei baixo. Eu tinha consciência do que estava voltando a fazer, eu só não conseguia parar de fazer. - Ela falou pra eu voltar com os medicamentos que o psiquiatra havia me receitado. Mas eu não gosto do jeito que eles me deixam.
- E você falou isso pra ela? - Eu assenti. - Certo, então a gente pode agendar uma visita ao psiquiatra pra conversar com ele e trocar os que você tomava por outros e nós vamos ver como você vai ficar depois que começar a tomar eles, ok?
- Eu só quero conseguir escrever quando estiver medicada, não quero que eles façam meus pensamentos fugirem, não todos os pensamentos. - Desviei meu olhar do dela e continuei falando baixo. - Eu acho que flertei com a Rafaella por mensagem. - Ela me olhou tentando entender. - A fotógrafa. - Expliquei e ela me fez entender que tinha assimilado, mas não falou nada, só continuou massageando minhas mãos, esperando que eu continuasse a falar. Mas eu não falei. Eu estava completamente envergonhada. Era como se eu não tivesse quase trinta anos e um flerte não fosse algo normal para uma mulher solteira na minha idade, mas eu também sabia de onde vinha a vergonha e a culpa, só não conseguia controlar.
- Ei, você sabe que não precisa se envergonhar por sentir interesse em alguém, né? - Ela levou o dedo indicador ao meu queixo e me fez a encarar pela primeira vez depois que ela chegou. - Eu já tentei me colocar no seu lugar por diversas vezes. E acredite, se pudesse trocar de lugar com você e fazer toda essa sua dor passar, eu faria. Mas a única coisa que posso fazer é te dá suporte pra que você fique melhor, tudo bem? Eu vou estar aqui sempre, bichinho. Sempre mesmo.
- Eu sei disso, Ma. E eu te amo por isso. Obrigada. - Quebrei o contato visual mais uma vez. - E desculpa te fazer mudar sua vida por minha causa. - Tudo que me envolvia me inspirava culpa e eu deixei mais uma vez transparecer na minha voz.
- Eu sou feliz aqui, bichinho. Como eu teria encontrado a mulher da minha vida tocando em um bar da via costeira de Natal se você não tivesse me feito largar tudo? - Ela sorriu com carinho no olhar quando se referiu a Luíza. - Você não precisa pensar nisso. Fica tranquila, que eu estou feliz demais em estar aqui por você, além de poder da uns beijos na mulher mais linda que eu já vi na minha vida. - Não pude conter o sorriso que se formou em meu rosto ao ouvi ela falar o quanto Luíza a fazia bem. - Agora me conta, você correspondeu a um flerte?
- Talvez eu tenha iniciado o flerte. - Levantei o olhar por no máximo dois segundos e vi o sorriso enorme se formar em seus lábios.
- Você iniciou o flerte? - Ela perguntou com cuidado, mas eu sabia que a vontade dela era de pular de alegria.
- Eu fiquei preza no banheiro aquele dia e ela meio que me salvou, nós trocamos algumas mensagens depois disso. - Falei tudo de uma vez. Mas ela me fez contar como tudo aconteceu, com todos os detalhes. E eu vi a vontade de me zoar em seus olhos, mas a minha crise em curso a fez recuar e só ouvir.
- Meu deus, você estava com ciúmes quando eu falei que ela estava com uma bonitona no bar. - Revirei os olhos quando ouvi o que ela havia constatado. - Não era só seu mau humor matinal, eu devia ter notado. - Ela parou um pouco pra pensar sobre. - Bem, eu entendo os seus medos. Entendo de onde eles vêm. Mas também sei que você deu um grande passo e isso é muito bom, talvez um flerte de leve te faça bem.
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Desarrumar - GiRafa
FanfictionTudo estava milimetricamente organizado, nada fora do lugar. E como se a calmaria precisasse de um furacão, aquele apartamento precisava de uma bagunça. 🎶 E é difícil dizer, mais ainda explicar, pro meu quarto entender que toda vez que arrumo ele...