'AMY BELL' [Cap 7]

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Amy Bell
Capítulo 7

Eu não aguentava mais perguntas. O mesmo delegado substituto que havia me dado o endereço do acidente há algumas horas atrás. Estava a minha frente na sala de interrogatório enquanto olhava para a algema que prendia minhas mãos a cadeira.

Ele era um velho com expressão maliciosa que invés de papéis segurava uma bebida na mão. Ele fedia a cigarro e me olhava estranho.

-Repita essa história denovo - Disse ele com a voz tão rouca que tive certeza que se ele fumasse mais um cigarro seu pulmão iria se desintegrar.

Suspirei e pela terceira vez naquela noite comecei a falar.

-Depois que passamos por aqui de tarde, fomos direto para o endereço que vocês nos passaram. Chegamos lá e havia o carro, oque eu acho uma total irresponsabilidade de vocês.

Ele sorriu debochando da mim. E tinha certeza com todas minhas forças que odiava aquele cara.

-Continue. - ouvi ele dizer.

-Ouvimos um grito. E seguimos uma trilha da onde o grito parecia ter vindo.  E achamos... - minha voz vacilou. - achamos...o corpo de Amy Bell no córrego e sangue que saia... da garganta descolada dela que eu percebi só depois...

Fiquei em silêncio por alguns segundos. O delegado meramente tomou um gole de sua bebida.

- E então... Voltamos para o carro de Dan, ligamos para vocês e vocês só atenderam depois da quinta tentativa. E ainda demoraram uma hora e meia para chegarem. Nos algemaram brutalmente e agora estou aqui respondendo isso e esperando a tanto tempo que já escureceu.

O delegado me olhou nos olhos e eu sustentei o olhar.

-Você já foi revistada?- foi oque ele disse e o bafo de álcool chegou a mim.

-Oque?

-Parede. - Disse ele soltando minhas mãos somente da cadeira mas me algemando com as mãos para frente e me forçando a ir para a parede de costas para ele.

-Oque? Não! Se for para ser revistada vou ser revistada por uma mulher. É meu direito. E não em uma sala de interrogatório. Ei! Eu disse que não. - Virei com toda minha força no momento que ele iria tocar minha cintura.

Meu cotovelo bateu com força no nariz dele que cambaleou para mais longe de mim. A garrafa caiu e quebrou no chão.

Me dirigi rápido para a porta mas quando fui abrir alguém entrou.

Um rapaz, provavelmente uns anos mais novo que eu, loiro com os olhos escuros e uniforme da polícia,bem alto.

-Oque está havendo...Delegado, o senhor está bem? - Disse rapaz olhando para o delegado mas não mexeu um centímetro para ajudá-lo.

O delegado virou de costas para ele mas mesmo assim pude ver que o nariz dele sangrava.

-Estou.. estou! Tire ela daqui,Peter. Imediatamente,seu tolo! - Disse ele com uma voz autoritária.

Peter sorriu triste e tirou as algemas de mim. Estávamos atravessando o corredor quando o silêncio foi interrompido.

-Eu sinto muito... - disse ele sem olhar  para mim com muita sinceridade na voz.

"Fuja" -ᴅᴜsᴋᴡᴏᴏᴅOnde histórias criam vida. Descubra agora