BLOSSOM

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LAUREN POV

Olhei ao redor e vi minha pequena sorrir ao ver flores em nosso jardim. Seus olhos castanhos refletiam carinho, seus lábios entreabertos pós sorriso. Eu estava mais uma vez no paraíso. Sentada no na grama sob um calor agradável, Karla saboreava um sorvete de creme, que sujava os lábios e logo depois tinham um acompanhamento de língua sobre eles. Após tanto, tantas escolhas ruins, ela era aquela  que valia a pena. Aquela garota, com os cabelos castanhos jogados como uma nuvem de proteção, os braços esguios e o rosto perfeito. Aquela era minha paz. Pousei o cigarro no cinzeiro de vidro e ela veio até mim. 

— Quero ir ao Texas. — sentou-se em meu colo depositando seu peso sobre meu corpo. Dei a ela um sorriso. 

— Bem, seria uma boa ideia. Poderíamos andar a cavalo. — Ela dedilhou a parte superior da minha camisa. 

— Poderíamos... — Camila não costumava verbalizar o que queria, geralmente, um gesto ou outro deixava suas intenções claras. E, Deus, fazia tanto tempo que eu não a tocava. Isso se dava pelo espaço, para mim, um morte era como qualquer outra. Nenhuma outra vida além da dela me importava, nem mesmo a minha. Mas ela não sabia disso, ou poderia não sentir o mesmo. Por semanas se fechou num looping de acordar, tomar banho e dormir. E eu a coloquei na terapia. Pedi a ela que mantesse o máximo de descrição possível sobre o ocorrido, mas que falasse sobre o que sentisse. E ela o fez, claro que não no começo, onde apenas ficava sentada, encarando qualquer coisa que fosse, menos o terapeuta. Mas, de repente, ela simplesmente começou a falar. Sobre cada sentimento obscuro dentro de si. Sobre como eles consumiam sua alma. Foi então que percebi que eu não estava fazendo o suficiente para salvá-la. E quando o assunto não passou mais a ser sobre a pessoa "figurada" que ela matara, e passou a ser sobre nosso relacionamento e dia a dia, foi que percebi o quanto eu estava sendo errônea. Eu estava sufocando a vida dela, tomando toda sua juventude para mim. Comendo e me lambuzando da inocência enquanto nela não restava mais nada. Nada de amigas, vida social. Tudo se definia as paredes daquela casa. Eu prometi protegê-la de qualquer mal, mas esqueci de quem principalmente eu deveria fazer isso: de mim mesma. 

E claro que o sexo foi deixado de lado, pelo meu próprio bem. Estabeleci uma regra a qual eu não iria até ela. Esperaria que pedisse qualquer que fosse sua demanda. Eu atenderia, claro. Como todo e maior prazer mundial. Claro que observar seus gestos mais inocentes tornava tudo mais difícil, árduo. Tornava até doloroso não tocar a pele bronzeada. Mas era necessário. Qualquer que fosse o tempo ele era necessário e eu precisava respeitar isso. 

Respeitar para que eu não a perdesse. 

E quando eu paro para pensar, não digo mais sobre ela me deixar. Ela poderia passar pela porta naquele exato momento e dizer que não me queria mais, que não sentia mais nada. Que tudo o que vivemos não valia mais nada. 

Mas esse não era meu maior medo. 

O meu maior medo, era aquele sorrateiro, que invadia as noites dela. Que se juntava a ela na cama, crescendo em seus pensamentos e tornando o ar difícil de respirar, as cores difíceis de ver. Eu poderia suportar qualquer coisa, menos a morte daquela garota. 

E por isso, cada espaço fora estabelecido. Claro, nem ela mesma estava acostumada com tal ato vindo de mim. 

— Lo? — A voz suave ecoou por entre meus ouvidos, e eu levantei meu olhar para ela. 

— Sim, baby? — Ela se ajeitou sobre meu colo, e pegou do maço um cigarro. Mau hábitos nessa casa, os mais comuns. 

— Eu estava pensando, acho que quero sair amanhã, sozinha. — Minha confiança não era plena sobre isso. E ela sabia. 

— Que tal se chamar uma amiga? — Camila olhou para baixo, com vergonha. A pergunta fora errada. 

— Desculpe. — respondi imediatamente. 

— Talvez pudéssemos fazer algo eu e você. Vamos ao cinema? — Meu sorriso invadiu o lugar. Poderia ser visto a longes distâncias. 

— Claro, o que quer ver? — 

— A pequena sereia. — 

BABY GIRL LESBIAN •CAMREN•Onde histórias criam vida. Descubra agora