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ATENÇÃO, CENAS FORTES DE MORTE.

Camila segurou a arma com tanta força que se fosse de um material fragil, teria quebrado em partes. Ela respirou fundo, entrando no local. A casa estava escura, porém ela ouvia sussurros daqui e ali. Ela olhou profundamente para a moça de olhos azuis e depois com a arma carregada, apontou.

- Bem, acho melhor ninguém se mexer. Não é Lo? - Lauren sorriu ao ver sua pequena protegida. A mais velha não disse nada.  -Agora, vamos. Armas no chão, e podem chutar para a Lauren. Porém ninguém obedeceu, Karla se sentiu raivosa. Não estavam dando a devida atenção. E então ela disparou o primeiro tiro. Não foi nada além de um ruído, evitando o barulho por um silenciador. O tiro foi direto na perna de um dos homens, que caiu no chão com dor.

Os outros apenas colocaram suas armas ao chão e arremessaram até a Lauren. Porém, o foco de Camila não era aquele. Ela se direcionou até a mulher que estava a um dos cantos. Lucy.

- Olá sua vadia maldita. - soltou Karla. E apenas disparou, em direção e um dos peitos da mulher. E então outro tiro foi disparado, dessa vez em direção a cabeça, o sangue espirrou como em câmera lenta. Era impossível decifrar o que mais havia saído da cabeça de Lucy além do sangue, talvez miolos. Camila se sentiu estranha, como se sua ação tivesse arrancado algo de dentro dela. Ela então caiu de joelhos. Todos olharam horrorizados a ela. Era tão pequena e frágil, ninguém concordaria que aquele acontecimento viria dela. A sala ficou em silencio, até que Lauren se levantou, e foi até a garota.

- Está tudo bem. Ela merecia, ela ia me matar, você prefere quem viva?- A pergunta fez sentido na cabeça de Karla, mas na cabeça de Michelle, ela sabia que não se passava de pura manipulação. Tudo para retirar a culpa de cima da mais nova. O que Camila não sabia, era que a cena em que ela mesma puxava o gatilho, se repetiria por mais algumas décadas em sua cabeça. Ou até quando continuasse viva.

Lauren pegou a arma que agora estava levemente molhada pelo suor e lágrimas de Cabello, e fez questão de atirar em cada homem vivo naquela sala. A mulher buscou o telefone em algum canto do local, digitou um número rápido e logo após que a chamada foi atendida, ela sussurrou. "Limpem minha sala."

A atenção da mais velha se passou agora para a garota que se ainda se mantinha estática no chão, ela segurava as lágrimas, se negava a derramá-las pela mulher morta estirada ao chão de sua própria casa. Lauren não imaginava que a partir dali, algo teria morrido dentro de Camila.


A mais velha se ajoelhou a frente da menina, os olhos verdes brilhando como esmeraldas em um anel de prata pura: ela tocou um dos braços de Camila, mas ela recuou.

- Eu gostaria de ficar sozinha, Lauren. Por favor, posso subir ao meu quarto?-

Lauren não respondeu, apenas concordou com a cabeça, e assim que confirmada, Karla levantou de pressa e subiu as escadas como se estivesse fugindo de algo. Logo, a porta se abriu, alguns dos homens de Michelle apareceram, e limparam a bagunça deixada; foi uma bagunça e tanto.

Lauren, por sua vez, não conseguiu descansar. Ficou parada encarando a janela por horas, esperando que algo lhe desse uma resposta do que fazer: ela não era uma mulher bondosa, e ver alguém como Lucy sofrendo e até morrendo, lhe satisfazia o suficiente para não sentir culpa. Mas a questão era, e sua garotinha que provavelmente estava chorando em sua cama agora? Essa era a culpa. A culpa de saber que fodeu uma pessoa mentalmente, de saber que era tão tóxica ao ponto de fazer a pessoa que ela mais amava no mundo cometer um crime, por ela mesma. E no final, não conseguir fazer aquela dor ir embora. Esse era o problema, a questão em si. Michelle se sentia responsável por cada mínimo trauma que Camila carregaria dali em diante. Ou até mesmo antes. Lauren sentiu nojo de si mesma. Se tivesse uma corda, se enforcaria naquele exato momento. Mas em parte, ela sabia, por si própria, que uma hora tudo passaria, e Camila só lembraria daquele dia como o que agora era: Um corpo enterrado.


Michelle decidiu ir ao banho, tentou limpar os pensamentos que corriam em sua cabeça mas era tarde demais, eles já haviam dominado todo o seu ser. Assim que terminara, notou que em cima do sofá maior, habitava uma garota, os cabelos bagunçados e os olhos levemente  vermelhos. Ela chorou, mas não foi tanto.

- Achei que perderia você para sempre.- Olhando para o chão, Karla iniciou. - Não pensei que conseguiria fazer aquilo, mas fiz. E não me sinto mal por isso. Poderia ter sido você a enterrada hoje, eu prefiro que seja ela.

BABY GIRL LESBIAN •CAMREN•Onde histórias criam vida. Descubra agora