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Karla Camila POV

Acordei mais cedo do sempre, olhei para os lados do quarto iluminado e vi Lauren sentada na poltrona da frente. Puxei o ar com certa força e ele ardeu em meus pulmões: a tensão me deixava nervosa. Eu não sabia mais em que posição eu estava de acordo com Michelle, ou como funcionava seus sentimentos pars comigo. Mas eu sabia que precisava de um tempo para pensar. E organizar cada pensamento em minha cabeça confusa. E esse era meu melhor momento.
Desde o acidente, eu havia me tornado uma pessoa mais difícil, mas o motivo disso é tão óbvio que as vezes me machuca ela não prestar atenção nisso. Ela quase morreu, eu a vi apagar em meu colo. E todas as vezes que olho para Lucy eu sinto que ela tem algo a ver com isso. E assistir Lauren com aquela mulher, tão íntima como se ela fosse eu. Me estressa, me irrita e me faz querer ir pra longe. Então eu não tenho nada a perder com a França.

- Bom dia. - Seus olhos verdes varreram todo o cômodo até que encontraram os meus. Eu aprendi a controlar meus sentimentos dessa forma com ela: Não falar, apenas sentir.
Todas as vezes que eu deixava com que meus sentimentos escaparem eu acabava chorando no chão. E  isso me magoada. Claro que eu não precisava dizer a ela. Pois sabia. Claramente sabia. Por isso me pedia desculpa depois de bater em meu rosto.

- Bom dia.- respondi tão seca que até eu me incomodei. Levantei devagar e senti um frio percorrer minha espinha por uma corrente vinda da janela aberta. Ela sempre abria a janela quando queria conversar:era quase o sinal de paz. "Veja que dia bonito. Sua cadela morreu e a culpa é sua. Estou transando com uma mulher detestável, preciso de você longe."

Não olhei para trás ao entrar no banheiro e trancar a porta. Eu sabia que se não houvesse uma discussão, não havia palavras até que eu voltasse da viagem. E Eu não sabia exatamente se voltaria cedo.

Escovei meus dentes e lavei o rosto, que estava levemente vermelho. Eu havia chorado bastante no dia anterior, e antes ainda. Sentia falta da cadela que fazia meus dias mais brilhantes. Lauren não pode anular isso. Não pode fazer menos doloroso.

Sai do local e voltei a minha cama, pronta para que ela começasse a falar.

- Você pretende ir sozinha ou vai levar alguma amiga? - a tentativa era ridícula de socialização. Ela sabia que Dinah nunca poderia ir comigo a outro país. Uma outra coisa que me deixava muito brava sobre Lauren, era que ela acreditava que nosso mundinho perfeito e sujo era de conhecimento de todos. E que qualquer pessoa cederia aos nossos desejos.

- Eu não tenho amigos para me acompanhar. Pretendo ir sozinha. - Ri mentalmente com a pergunta idiota. Ela se levantou: estava com a camisola cor pérola de seda. Os cabelos soltos. Parecia mais pálida que o comum. Senti uma pequena onda de preocupação.

- Okay, eu sei o que você está pensando. Mas eu não estou transando com ela. E não estou te mandando embora nem te afastando. - Dessa vez minha risada não ficou apenas em minha cabeça. Saiu levemente ácida. Como eu queria.

- Meio que não importa agora Lo. Não se preocupe, não tem que se explicar para mim.- Mas então minha preocupação que não existia surgiu em meu peito. Ela fez aquela mesma cara que fizera quando Halsey foi uma ameaça. Aquela amargura de que algo está errado e perigoso. Para nós. Respirei fundo  procurando aquele ar que ardeu mais cedo. Ele não veio. Senti minhas veias pulsarem por baixo do suéter. Olhei fundo nos olhos dela. - Mesmo se eu te pedir, você não vai me dizer. Não é?- ela fez que não com a cabeça. Passei minha não direita por sob meu cabelo frustrada. Ela estava fazendo de novo. Eu não permitiria.

- Lauren, olhe para mim.- gritei, e seu olhar me advertiu. - Eu não acredito que depois de todo esse tempo você ainda não confia em mim.- Seu rosto continuou com aquela expressão. E ela não disse nada, até que eu ameacei me levantar. Seu corpo foi posto na frente do meu. Uma lágrima descendo das orbes verdes.

Todo meu coração se quebrava quando eu via Michelle chorar. Me fazia querer morrer, se isso fosse fazê-la sorrir.

- Eu confio minha vida a você. Mas não posso confiar a sua. - Olhei para o chão, sentindo minhas bochechas esquentaram.

- Sei que você não deixaria nada acontecer comigo.- Simbolizei paz. Por mais que magoada. Eu não deixaria ela ir.

- Então eu preciso que você confie em mim. - Alguns segundos se passaram quietos. Eu apenas concordei com a cabeça.

- Tudo bem.- ela Então assentiu, e saiu do quarto. Me deixando sozinha.

Eu voltei a me sentar, não demorou muito para que ela voltasse ao quarto. Segurando um pote de sorvete de flocos e calda de doce de leite.

Ambas procurávamos paz.

BABY GIRL LESBIAN •CAMREN•Onde histórias criam vida. Descubra agora