Capítulo 7

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Sinto que passei vários minutos apenas analisando e tentando assimilar o que havia acabado de acontecer comigo

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Sinto que passei vários minutos apenas analisando e tentando assimilar o que havia acabado de acontecer comigo. Alguém jogou uma bola de neve em mim, acertando em cheio meu rosto e me fazendo cair em um sofá de maneira extremamente desengonçada e que muito provavelmente me deixaria vermelha se a pessoa á lançar a bola de neve tivesse visto a forma como caí.

Levantei do sofá branco e macio, afastando alguns fios de cabelo do rosto e tentando localizar a pessoa que eu imaginei ser um desocupado qualquer, para jogar uma bola de neve em mim, assim, do nada.

Assim que meus olhos bateram nos dois garotos que estavam rindo descontroladamente, uma raiva imensa se apossou de mim. Eles jogaram neve em mim de propósito, e eles nem me conhecem!

— Quem são vocês? – Gritei para que eles pudessem ouvir com clareza, visto que estavam rindo tão alto que se estivesse de noite, acordaria os vizinhos.

Um dos rapazes ergueu a cabeça, me permitindo ver seu rosto que antes estava coberto por um capuz. Ele tinha traços muito parecidos com o de Akemi, um semblante fechado e cabelos negros precisando de corte. Mesmo distante, pude perceber as pequenas sardas espalhadas por seu rosto. Ele parecia sério e divertido ao mesmo tempo, o que era estranho.
Assim como o outro garoto, estava usando uma calça social escura e um suéter branco, a diferença é que o sueter do outro garoto era verde.

— Eu que deveria estar fazendo essa pergunta. Quem é você, e por quê está na varanda da minha casa? – Ele frisou a palavra “minha” e eu praguejei, entendendo o que estava acontecendo ali.

— A não, era só o que me faltava! – Resmunguei, entrando no quarto novamente e fechando a porta da varanda, garantindo que nenhuma bola de neve me acertaria. — Bom, pelo menos ele fala português.

Eu já imaginava um garoto arrogante quando papai me disse que Akemi tinha um filho, só não imaginei que ele fosse capaz de me jogar uma bola de neve no meu primeiro dia aqui. Já vi que não vamos nos dar bem.

Resolvi esquecer o acontecido e foquei apenas em arrumar minhas coisas no meu novo quarto. Deixei um suspiro escapar por meus lábios, o meu quarto no Brasil não chegava nem aos pés desse, mas eu gostava dele. Tinha alguns pôsteres velhos de bandas que eu gostava, como BackStreet Boys ou My chemical romance. Era simples, mas era o meu lar, o meu refúgio, o lugar onde eu me trancava sempre que estava triste ou feliz.

Já o meu quarto novo, era moderno e luxuoso, parecia imaculado. As paredes tão claras pareciam implorar por uma cor mais viva, ou pôsteres coloridos. Talvez eu fosse me acostumar, um dia, talvez. Mas isso ainda me parecia algo muito longínquo.

...

Jean Carlo veio me chamar para o jantar algumas horas mais tarde, ele apenas deu duas batidas na porta, e não entrou. Tudo já estava em seu devido lugar, e Flake ainda estava dormindo, embolado nos travesseiros da cama. Eu não sei de onde ele tira tanto sono.

Não troquei de roupa, pretendia tomar banho depois do jantar, e achei que na havia necessidade de por outra roupa. Prendi meu cabelo em um coque baixo apertado, tentando o deixar sem volume. Eu sempre fazia isso, tentava tirar o máximo volume possível do cabelo. Á muitos anos eu havia deixado de me afetar com o que as pessoas falavam do meu cabelo, mas mesmo assim, tentava esconde-lo, era algo automático.

Assim que desci as escadas, encontrei Akemi e Jean Carlo conversando na luxuosa sala de estar, sentados em um dos sofás. Um garoto estava de costas para nós três, servindo-se com uma bebida estranha.

— Ahh, ela chegou. – Akemi exclamou, e pela primeira vez eu pude ver uma pitada de animação no seu tom de voz. — Yukio, venha conhecê-la.

O garoto se virou rapidamente, juntando as sobrancelhas ao me encarar e evidenciando sua surpresa.

— Você?!

— Você?!

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