Agradeci ao garçom, vendo ele se retirar logo após colocar vinho em duas taças e deixar a garrafa em cima de nossa mesa. Ainda estou um pouco receosa, só bebi vinho uma vez e a experiência não foi muito boa. Mas, antes que eu pudesse recusar a proposta, Yukio já estava chamando o garçom e solicitando uma garrafa do vinho mais antigo que há na adega do clube.
— Por quê está tão quieta? – Sua voz grave me fez estremecer em meu assento, e eu acho que ele percebeu isso, visto que um sorriso de satisfação pairou em seus lábios.
— Não tenho nada a dizer. – murmurei, seus olhos olhando-me atentamente, seguindo cada gesto meu como uma fera olha sua presa.
— Você não vai beber? – Perguntou, tomando um grande gole do vinho em sua taça. Parece que ele está acostumado a beber.
Olhei para a janela á nossa frente, vendo algumas crianças correndo na neve. Se a três semanas atrás, me dissessem que eu iria morar em um lugar como esse, eu nunca acreditaria. Os prédios e carros de luxo, as grandes casas, e toda essa neve. É magnífico. É uma pena saber que muitas pessoas não tem direito a isso, assim como não tem direito a coisas básicas como um salário mínimo. Odeio o capitalismo.
— Eu não bebo.
— É claro que não bebe. – Ele revirou os olhos como se já soubesse disso desde o momento em que pôs os olhos em mim. — Vamos, experimente.
Ainda com seus olhos em mim, levei a taça até meus lábios e bebi o que havia nela. O gosto doce e quente do vinho desceram em um queimor agradável por minha garganta. Eu havia me esquecido quão bom isso é. Memórias de dois anos atrás vieram em minha mente assim que coloquei a taça na mesa novamente.
— Vamos lá, Kaira, beba! – A voz de Isobel soou em meu ouvido. Ela estava gritando, devido á música alta e os gritos. Todos estavam gritando “beba, beba!” enquanto eu segurava uma mistura estranha na mão. Em um tom roxo escuro, parecia vinho, mas o cheiro era de algo mais forte.
— Não sei, Isobel, você sabe que eu não bebo... – Gritei de volta, as pessoas ao meu redor estavam com grande expectativa no olhar. Não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei vir a esta festa, e confesso que me senti minúscula ao ver todos os adolescentes mais velhos que eu aqui.
— Vamos lá, só um pouquinho, não vai fazer mal.
Me dando por vencida, bebi todo o conteúdo que havia no copo plástico, fazendo todos aplaudirem, a bebida desceu queimando minha garganta, causando uma instantânea ânsia de vômito. Eu disse a mamãe que ia dormir na casa de Isobel, minha melhor amiga desde a infância, eu confio nela cegamente, e quando ela me mandou mensagem me chamando para uma festa de veteranos da nossa escola, não tive como recusar, ela me arrastaria de qualquer jeito. Rapidamente vesti um jeans velho e um moletom escuro e quando dei por mim nós já estávamos na frente de uma casa enorme, onde uma música alta ecoava dentro dela.
— Muito bem! Agora vamos dançar. – Isobel me puxou para a pista de dança, onde jovens dançavam livres ao som de alguma música qualquer da One Direction.
As memórias mudaram para horas depois de Isobel me puxar para a pista de dança.
Sons de sirene faziam meus ouvidos doerem do lado de fora da casa, todos haviam ido embora. Eu estava sozinha. Um homem alto e de pele clara com um uniforme policial caminhava rapidamente até mim, com a mão em sua arma presa na cintura.— Kaira, está me ouvindo? – A voz de Yukio espantou a cortina de memórias da minha frente, me fazendo perceber que provavelmente passei alguns minutos aérea.
— Sim, o que você dizia?
— Que você fica incrivelmente sexy quando bebe. – Diz ele, me fazendo corar. Um sorriso ladino em seu rosto. Yukio sabe como me deixar nervosa, e eu odeio isso. Odeio a forma como ele lambe os lábios antes de falar, odeio suas covinhas atraentes, odeio seus braços fortes, odeio o jeito desleixado dele ao passar a mão no cabelo várias vezes ao dia e odeio admitir que estou atraída por ele. Também odeio que ele seja proibido para mim. — Você está corando?
— Você é um idiota. – Arquejo, fitando-o com raiva pelos pensamentos que me fez ter agora.
— E você gosta. – Ele afirma, deixando-me ainda mais irritada com toda a sua presunção, desdém e terrível mania de estar sempre certo. — Porquê não fazemos um brinde? A nós.
— Não existe um nós. Nunca irá existir. – Exclamei, em um tom baixo e frio. Um pouco distante, Akemi nos observava, alheia do que suas amigas estavam falando, estreitando os olhos como se estivéssemos fazendo algo errado.
— Se você diz. – Ele deu de ombros, tranquilo como se estivesse em uma conversa amigável com um conhecido. Yukio pegou a garrafa de vinho em cima da mesa e despejou em minha taça, que estava quase vazia. Estou começando a crer que isso não vai acabar bem.
Não revisado.
Link da playlist do livro na bio do perfil.
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Não Posso Amar Ele
RomanceKaira sempre esteve acostumada á uma vida simples e dias repetitivos. Sendo uma adolescente de dezessete anos, ela sempre teve dificuldades em fazer amigos. Com uma mãe controladora e que mais parece uma amiga do que mãe, ela enfrenta os problemas d...