Capítulo 3

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O ambiente da sala de estar pareceu ficar pesado

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O ambiente da sala de estar pareceu ficar pesado. Podre, como se expusesse um ar de mentira, traição e decepção. Mamãe e papai nunca respeitaram minha opinião, era sempre “Nós decidimos tudo sobre sua vida” e eu era obrigada a obedecer. Mas, decidir algo tão importante que envolve não só a mim como também toda a nova família do meu pai sem me consultar, é muita mancada.

Eu não queria sair do Brasil agora – mesmo que eu não tenha amigos aqui – o Brasil é a minha casa, onde eu nasci e fui criada. E agora eles querem que eu mude para o Japão para morar com meu pai que eu não vejo á anos e a nova família dele que eu não faço ideia quem são, simplesmente porque decidiram – preste atenção no adjetivo usado para dizer sobre a “escolha” deles – que eu estou depressiva?

“Senhoras e senhores, com vocês: Os melhores pais tradicionais brasileiros”

— Não. – Apenas uma única palavra pode ser emitida por mim. Os olhos de mamãe estavam marejados, por que ela estava chorando? Era eu quem estava em uma situação tão patética.

— Mas, Kaira... – Ela murmurou, e se ela acha que pode me convencer com esse tom de voz cabisbaixo, está muito enganada. Sei bem o que ela está tentando fazer, está tentando me manipular. Isso é tão errado.

— Eu não vou, ponto final.

...

Uma semana depois

— Kaira, anda logo!

Comi a última colherada do copo de açaí e joguei a embalagem em uma lata de lixo que havia ali perto e andei até onde Katrina estava sentada, vigiando minhas malas. Bom, como podem ver, não tive escolha. Estou no aeroporto, apenas esperando a hora em que entrarei em um avião e irei observar o meu grande e belo – talvez não tão belo assim, devido as muitas coisas ruins que acontecem aqui, e toda a corrupção – Brasil ficar para trás.

Talvez Tóquio não seja tão ruim assim, quando mamãe avisou á papai que eu iria para lá, ele fez questão de me ligar para avisar que ia pagar uma professora particular de japonês para mim. Professora particular, passagem na primeira classe... Parece que os negócios por lá vão muito bem.

Dois dias atrás, fui na minha – graças a deus – as antiga escola; estava pegando uns livros no armário, livros que eu guardava na escola, já que a minha prateleira estava abarrotada de livros não só escolares como também livros que eu leio como passatempo. Ela estava lá, Jasmine.

A garota que aterrorizou a minha vida durante anos. Nos conhecemos no jardim de infância, a professora colocou a gente na mesma mesinha. Ela olhou pra mim, e perguntou: “Por que seu cabelo é tão estranho?”

Nesse mesmo dia, eu vi ela debochando de mim com os colegas. Sei que éramos crianças, mas existem coisas que não importa quantos anos se passem, nunca serão esquecidas. Eu passava horas me olhando no espelho e me perguntando o porquê de ter nascido assim, o porquê de eu ser tão “diferente” da Jasmine e dos meus outros colegas.

Quando ela me viu pegando todos os livros que estavam no meu armário, não perdeu a oportunidade de “se despedir” de mim. Ela e seus amigos pararam ao lado do meu armário, e desdenharam de mim. Não gosto de lembrar as coisas horríveis que eles falavam. É patético.

— O seu vôo já vai sair. – Mamãe disse, com voz de choro. Sinceramente, não haviam motivos para ela estar chorando, eu estava indo embora por decisão dela e de Jean Carlo. — Vou sentir sua falta.

Se fosse sentir minha falta, não estaria me mandando para tão longe. Não caio nesse papinho, francamente.

— Eu também vou sentir sua falta.

Vôo 328, destino: Tóquio, Japão.”

Uma voz feminina anunciou.

Estava na hora.

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