Capítulo 2

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Assim que terminamos de almoçar – com meu prato quase intocado – mamãe me chamou para a sala de estar e se sentou ao meu lado no sofá. Flake pulou em meu colo rapidamente e se aconchegou em uma almofada.

— Bom, não acho que seja uma boa ideia ficar enrolando.

— Definitivamente não é, mamãe.

Ela suspirou, ficando de frente para mim. Em seu rosto estava uma expressão de culpa, arrependimento e tristeza. Seja lá o que ela fez dessa vez, foi algo muito sério.

— Não sei como dizer isso. – Ela murmurou, cabisbaixa. — Eu andei conversando com seu pai, por ligação.

Realmente foi algo muito sério, Katrina e Jean Carlo nunca conversam. Nunca mesmo. Eles se divorciaram á oito anos atrás, alguns meses depois do divórcio ele se mudou para o Japão, lá ele conheceu uma mulher que pelo o que eu soube é milionária, a família dela é dona de uma rede de cosméticos. Parece que ela tem um filho mais ou menos da minha idade.

Uma vez na semana ele me liga pra saber como é que eu tô, sempre as mesmas perguntas e sempre as mesmas respostas.
Como vai na escola? Sua mãe está bem? Você está se alimentando direito? Uma criança da sua idade deve comer muitos legumes. Aqui no chão as crianças começam á comer brócolis a partir dos nove meses de idade!”

E depois ele inventa uma desculpa do tipo “Tenho que trabalhar agora” e encerra a ligação. Bom, não posso dizer que sinto falta dele, quando ele e mamãe ainda eram casados a minha vida já não era tão legal assim. Ele chegava tarde do trabalho, os dois viviam brigando e ele tinha um grande problema com a bebida.

Ele dizia que beber o fazia esquecer dos problemas, sempre a mesma desculpa. Chegava em casa tarde da noite, caindo de bêbado, as vezes ele dava um show no meio da sala de estar, dizia que Deus ia nos curar, dizia que ele bebia porquê o "demônio" estava encarnado nele. Coisa de gente bêbada. As vezes ele chorava, e dizia que ia estar sempre comigo e com o meu irmão.

Meu irmão mais velho, Ítalo. Vinte e três anos, morando sozinho em um apartamento na capital da Bahia. Meu pai tinha um grande favoritismo com ele, acho que por ele ser o mais velho. Ou talvez porque o meu irmão sempre teve uma amizade maior com nosso pai, já eu mal falava com ele.

Talvez ele esteja diferente agora, o meu pai. Talvez a nova esposa tenha feito ele mudar, largar a bebida. Nas poucas chamadas de vídeo que tivemos, ele sempre estava usando um terno escuro muito bem passado e uma gravata vermelho sangue. Aqui no Brasil ele usava sempre uma camiseta velha de botões e um simples shorts preto. Ele manda pensão para mim todo mês, como se só isso bastasse.

— E o que conversaram?

Katrina esfregava as mãos uma na outra, um gesto que expressa nervosismo e medo. Ela suspirou novamente antes de falar:

— Ele acha que você está depressiva, e eu também acho.

Depressiva? Meu deus.

— E o que fez vocês pensarem isso, mamãe? – Questionei, com a voz falhando. Eu já sabia onde isso ia dar.

— Bom, você quase não sai de casa, apenas para ir á escola. E você nunca trouxe nenhum amigo aqui em casa. – Ela despejou tudo em cima de mim como se não fosse nada. — Você está sempre trancada naquele quarto.

— E o que isso tem a ver com depressão?

— Não importa. – Sua voz pareceu ficar mais firme quando ela disse isso. — O que importa é que seu pai e eu tomamos uma decisão.

— Que decisão?

E após alguns segundos – que para mim pareceram horas – de suspense, ela finalmente me disse o que esteve evitando dizer desde o momento em que me sentei na mesa para almoçar.

— Você vai passar um tempo em Tóquio, com seu pai e a família dele.

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