CAPÍTULO 2 - Lar-Amargo-Lar

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Cautelosa e lentamente eu ia andando como se estivesse pisando em ovos, naquele chão brilhante da mansão do meu pai que refletia minha linda imagem. Minhas sandálias Prada salto agulha 10 cm na mão, para nenhum idiota me escutar entrando.

Eu amo esse lugar, eu me sinto em casa. Claro, Paris é a minha casa.

Sim, aquela mesma que você sonha em ir um dia na sua lua de mel. Mas provavelmente não tem dinheiro o suficiente, ou talvez não consiga passar nem pelo consulado, claro, as pessoas aqui possuem uma xenofobia incrível. Mas eu praticamente vivi aqui minha vida inteira, então eles estavam acostumados com a minha pessoa.

Eu não era francesa, eu era da América do Norte com nenhum orgulho (deixando claro que eu não digo “americana” já que na geografia envolve todo continente americano, incluindo países latinos subdesenvolvidos que não vou citar nomes – Já basta ter nascido nos Estados Unidos).

Se alguém me perguntava de onde eu era eu enrolava bastante ou mentia dizendo que era de Paris.

Eram 4 horas da manhã e bom, eu estava chegando depois de uma noitada no Mad minha boate preferida, bom nem foi uma das melhores porque eu estava de castigo por ter tido uma crise histérica no meio da reunião do meu pai com uns investidores japoneses. Danem-se idiotas. Eu não sigo regras.

Eu precisava de água, toda aquela vodka me fez sentir literalmente seca, álcool é uma merda, desidrata meu corpo perfeito.

Andei com cuidado para que nenhum criado me escutasse, a cozinha ficava em uma distância considerável da porta de entrada.

Não sei porque estava tão assustada. Não me importava, só o fato de perder meu American Express – The Platinum Card por uma semana. Seria o pior de todos os pesadelos para um adolescente que vive em mundo consumista.

Eu tinha necessidades. Por exemplo: Eu precisava de um lenço Hermés para ir a um almoço com meu pai na casa de não-sei-quem próxima semana na Inglaterra. E só o meu AmEx poderia me proporcionar essa compra.

Antes de entrar, olhei para trás para ver se alguém vinha, e nada. Quando voltei meu olhar para dentro da cozinha dei cara com alguém sentado.

- Ahhh! Porra Alec! – Coloquei a mão no coração sentindo ele palpitar aceleradamente. – Assim você me mata antes do tempo.

- Não é tão fácil e gratificante assim, maninha. – Ele falou indiferente.

Aquele miserável escroto era meu irmão. A gente se evitava. A gente não se comunicava, não se falava, só se fosse para ter uma boa discussão e foder com a paciência do nosso querido papai.

Eram raras as vezes em que nos juntávamos para alguma merda. Talvez para uma festa quando Charlie – meu pai – estava viajando com minha mãe. Ou talvez para pedir dinheiro ao mesmo.

 Mas ele era tão parecido comigo. E isso me irritava completamente.

Na aparência. Olhos verdes, cabelos pretos apontado para todos os lados, a pele tão branca quanto a minha, e tão presunçoso quanto eu.

Nós andávamos pelos mesmos locais. Nós sabíamos do que acontecia um com o outro. Andávamos como o mesmo tipo de gente. Nós sabíamos de cada um dos nossos podres, e claro, usávamos isso para acabar com a felicidade do outro.

Eu sabia no momento que o vi que estava fodida por ele estar me vendo sem pijamas e com jeans e camisetas Valentino, - que ficou bem clara a grife já que tinham um “V” gigante na camiseta e no bolso traseiro do jeans - nesse exato momento.

- Pensei que você estivesse de castigo. Não foi você que teve uma crise histérica em uma reunião no Flandrini? – Ele falou comento cookies de baunilha. – E realmente pensei que no Flandrin só fossem os putos dos nossos amigos.

CRUEL INTENTIONSOnde histórias criam vida. Descubra agora