CAPÍTULO 27 - Demônios Disfarçados

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Eu sou louca? Não, claro que não.

Odeio quem me chama de louca. Odeio com todas as minhas forças.

Mas era o que estava parecendo. Eu tive que fazer um teste psicológico semana passada. Edward e Demetri também fizeram.

Foi tão ridículo. Duas escrotinhas que se dizem psicólogas, fizeram trocentas perguntas idiotas.

“Você se dá bem com sua família?”

“Você tem ciúmes do seu namorado?”

“Você já pensou em suicídio?”

“Você acredita em Deus?”

“Já roubou coisas de alguém sem que precisasse?”

“Já pensou em matar alguém?”

Uma roupa inocente, olhar carinhoso, e as respostas que elas procuravam resolveu tudo.

“Sim. Eu amo minha família. Especialmente meu pai.”

“Não muito. Só as vezes”.

“Não. Suicídio dói.”

“Claro que sim. Deus foi muito bom comigo. Ele me fez nascer rica.”

“Vale um dólar quando eu era da 1° série?”

“Não. Eu nunca tiraria a vida de ninguém. Não tenho esse direito.”

Sorriso no final e fecho com chave de ouro.

Você só precisa dar o que eles querem, quando você quer.

Meu teste psicológico?

Foi algo como 87% normal. Ou seja lá como eles chamam o resultado.

Normal. Fala sério!

Qual teria sido o resultado se eu falasse a verdade?

X

Inspirei profundamente aquele ar poluído de New York.

Fazia algum tempo que eu não vinha aqui. Senti falta da agitação, das pessoas de preto andando apressadas, dos táxis amarelos, das luzes, das propagandas em letreiros gigantes e brilhantes, da mistura das raças, e da diferença de classes.

Soltei o ar, e senti o vento frio tocar meus cabelos, fazendo ele se despentear.

Apertei mais o nó do sobretudo bege, e quase ia acendendo um cigarro, mas lembrei que daqui a algumas horas seria o julgamento.

Olhei para os lados e procurei por ele, que logo apareceu com uma expressão de impaciência, olhando para os lados e segurando nossos cafés.

Ele atravessou a rua, e sorriu para mim, me entregando o café.

- Demorou. – Eu disse tomando um gole em seguida.

- Aquela gente escrota que não sabe o que quer e fica decidindo na fila. – Ele disse bufando.

- Vamos? – Estendi uma mão, ele sorriu e a segurou.

Nós andamos calmos, enquanto as pessoas esbarravam em nós.

- Está nervosa? – Ele perguntou cuidadosamente.

- Um pouco.

- Tomou algo?

- Não. Eu não posso por enquanto. – Bufei de raiva.

Eu estava sem calmantes, anti-depressivos, soníferos e cocaína há mais de duas semanas. Fazia falta sim, porque antes, era quase como um ritual, mas não fazia aquela falta de me fazer ter convulsões.

CRUEL INTENTIONSOnde histórias criam vida. Descubra agora