CRUEL INTENTIONS

CAPÍTULO 26 - Um tiro no escuro

Eu sentia que tudo estava prestes a estourar.

A ir tudo para o espaço. Eu sentia isso muito claramente, mas eu não tinha mais medo de me ferrar. Eu tinha tanta certeza do que eu queria, tanta certeza de quem eu sou, tanta certeza de quem eu quero e de quem eu não quero, e nenhum arrependimento.

Eu não me arrependia de nada, nunca.

Talvez o único arrependimento na minha vida inteira foi chamar o Edward de covarde. Fui burra por achar que ele era meu capacho – mesmo ele dizendo – ele não era meu capacho.

Fui burra por achar que ele iria aceitar meus insultos como qualquer um aceitaria calado. Mas eu tinha que rir porque ele me deu um tapa, me chutou literalmente, e falou umas verdades.

Ele era um orgulho pra mim.

E lá fui eu... Pedir que ele aceitasse ser meu parceiro de volta.

Eu realmente acho que a gente estava possuído naquele estúdio de ballet.

E como todo demônio comportado chega e se instala, ele vai embora.

E foi assim. E por isso, devo informá-los que tenham se divertido a nossas custas, porque essa idiotice nunca mais ia acontecer.

Eu não vou dizer que nunca falei “Eu te amo” porque eu já falei pra muita gente.

Meu pai, minha mãe, meu irmão, mas isso só acontecia quando eu tinha uma idade abaixo de 9 anos e nos Natais.

Eu já disse “Eu te amo” pra meu mordomo, mas isso parou quando eu fiz 12 anos.

Eu já disse “Eu te amo” pra minhas amigas, mas isso parou quando uma delas espalhou fofocas sobre mim.

Eu já disse “Eu te amo” para alguém que não lembro o nome quando estava bêbada, mas isso parou quando eu fiquei sóbria.

E eu já disse “Eu te amo” pra o Demetri. Mas isso se foi quando eu percebi que ele também me amava e eu sabia que nem gostava dele tanto, só queria ter ele como um vestido de coleção nova, e ele acabou me traindo com uma vadia.

A vadia que eu matei.

E por fim que falei aquilo para Edward. As palavras que não devem ser mais pronunciadas.

Eu não quero me igualar aos idiotas, talvez eu já tenha me igualado, mas enfim...

É muito fácil falar quando se é criança. Você nem ao menos sabe o que significa, mas acha bonitinho porque dizem o tempo todo a você que é uma coisa linda.

É fácil dizer quando se é adolescente porque todo mundo que se torna seu amigo se identifica com você, e se torna especial rápido demais. Então palavrinhas pra todo mundo.

Fácil quando se fica mais velho, porque você acha que encontra alguém pra toda vida, casa, tem filhos e é obrigado a falar eu te amo pra eles. Mesmo que seja só por conveniência.

Oh, sim. Conveniência. Isso sim é verdadeiro.

Então... Eu dispenso essas palavrinhas. Mas eu acabei as falando.

Talvez porque pra nós fizesse mais sentido naquele momento, talvez essa coisa realmente exista, mas entre poucas pessoas. E eu não sou uma delas.

Então eu e Edward as substituímos para nosso clichê.

Eu odeio você.

Você é meu inferno.

Eu quero foder você.

Coisas desse tipo...

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