CAPÍTULO 11 - Luz

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Em Romeu e Julieta, “Luz” era todas as suas formas e manifestações.

E era o que eu estava sentindo agora. No meu rosto.

Tinha algo quente que eu podia imaginar que era a luz do sol no meu rosto. Ela devia estar entrando pela janela aberta e iluminando todo o quarto. Um quarto brando, com lençóis de seda, e travesseiros penas de ganso, a iluminava esquentava o meu rosto e eu só não estava suada porque entrava um vento frio e esse mesmo vento frio fez eu me acordar.

Eu sabia que minha cabeça estava fodida. Eu tinha bebido horrores na boate depois da minha revelação emocional para o meu parceiro Cullen.

Sem contar que fora a bebida e eu não tinha apenas no meu sangue cocaína. Eu acho que experimentei um comprimido que eu tinha quase certeza que era ecstasy então os efeitos colaterais para um organismo não acostumado eram péssimos.

Como uma bad trip. Eu estava com cólica e a vontade de vomitar era grande, mas não tinha coragem de levantar. E eu estava com vontade de chorar.

Eu nunca acordava sem ser com dificuldade, e na maioria das vezes me lamentava porque ainda estava viva. Eu torcia para morrer durante um sono, mas isso não aconteceria com uma pessoa como eu.

Tomei coragem para abrir os olhos, e mais ainda para levantar a cabeça porque eu sabia que quando o fizesse eu iria querer me suicidar. Ou matar quem estivesse na minha frente.

Respirei fundo e abri os olhos. Apenas uma janela aberta com umas cortinas fubentas brancas balançando com o vento. Uma mesinha de cabeceira com algumas embalagens de camisinha abertas –agradeci internamente que o sexo pelo menos foi seguro – um abajur, e roupas espalhadas pelo quarto.

Meu vestido e minha calcinha branca. Apoiei meus braços na cama e olhei ao redor, minha cabeça rodou e o quarto girou junto. Desejei não ter nascido quando percebi a intensidade da dor.

Tomei coragem e levantei, me cobri com o lençol e tentei olhar ao redor com os olhos apertados um no outro.

O quarto era nojento, acho que era um motel ou pousada. Muito escroto. Motel de prostituta e pousada de pobre. Quem leva alguém pra foder numa pousada.

Alguém que levaria alguém pra foder em qualquer lugar.

Um tufo de cabelo saindo pelo lençol.

- Edward?

Não lembro de muita coisa. Mas me lembro dele levantando meu vestido até minha barriga, me beijando, me mordendo, me lambendo e enfiando a mão entre minhas pernas.

Depois de dizer a ele que eu tinha sede de sangue irlandês – Cecile escrota – eu não me lembro muito do que aconteceu.

O cara do meu lado não se mexeu. Eu puxei o lençol da cara dele. E não, não era o Edward.

Menos mal.

Pulei da cama com cuidado deixando o lençol escorregar e andando até olhar o rosto do cara da cama.

Ele tinha um cabelo castanho claro e estava de olhos fechados com o biquinho.

Toquei nele, o chamando, precisava fazer umas perguntas gerais.

- Hey idiota, acorda. – Ele se remexeu murmurando algo. – Eu sei que você está acordado mas não quer abrir os olhos. Mas eu preciso falar com você. Nada relacionado a paternidade de um suposto ser que poderia nascer daqui a 9 meses se não tivéssemos usado camisinha. – Ele franziu as sobrancelhas. – Nem a tráfico de órgãos, nem pra avisar de alguma DST, nem para denunciar você. São apenas perguntas de rotina para casos como esse.

CRUEL INTENTIONSOnde histórias criam vida. Descubra agora