CRAVEN - fear street.

AGAIN.

— SÉRIO isso? — Pergunto retoricamente. — É um absurdo não deixarem nós visitarmos o Simon e a Kate.

Estou quase explodindo de raiva quando chegamos na casa dos Johnson's. Fomos barrados no hospital quando tentamos ver os dois. Uma das enfermeiras justificou que a visita só era permitida para familiares. Não consideram amigos.

Só queria poder ao menos vê-los.

— É uma idiotice. — Deena concorda comigo.

— Vamos lá amanhã, quem sabe permitem? — Josh sugere tentando acalmar nossos nervos.

Eu e ele vamos para seu quarto. Minha mãe só volta da viagem no fim de semana, então vou permanecer aqui, na casa do meu amigo, até lá. Não consigo nem pensar em ficar em casa sozinha agora, penso que há qualquer momento algo ou outro maníaco pode aparecer querendo me matar. É o que muitos chamam de paranóia. E é perturbador.

Cogito ligar para mamãe, mas não ia ser muito agradável. Não quero preocupa-lá e não conseguiria mentir para ela, então apenas descarto a ideia. Tento dormir durante toda a tarde, já que não dormi desde os ocorridos, no entanto, não consigo. A cama de Josh parece uma pedra e mesmo com sono, é impossível adormecer. As cenas dos assasinos atrás de nós, Kate sendo esfaqueada e Simon ensanguentado na minha frente aparecem toda vez que fecho os olhos.

— Não consegue dormir também? — Digo para Josh. O garoto está jogado na cama do meu lado, mas nem sequer fecha os olhos, encarando o teto.

— Nem tentei.

— Isso é tão bizarro. — Murmurro. — Como fomos parar naquela perseguição assasina?

— Não sei. — Ele responde. — E acho que não quero descobrir. — Se senta. — Você não me contou como foi lá, com o delegado Goode.

— Foi...estranho. — Penso. — Mas ele se desculpou, acho que é uma coisa boa, né?

— Com certeza. — Afirma Josh e consigo ver um pouco de sátira no seu tom de voz.

Ele não é muito fã do Nick, não o julgo. Foi Josh quem me ajudou na época do desaparecimento do papai, enquanto ele apenas fazia entrevistas para jornais. Meu amigo tem todas as razões para desconfiar da bondade do meu tio. E eu também.

— Vai aonde? — Pergunto quando vejo o garoto se levantar da cama.

— Vou pedir uma pizza.

— Opa, campeão. Você vai pedir uma pizza? — Falo com surpresa. O garoto assente com tédio e lhe dou um sorriso. — Legal. Eu quero sabor calabresa.

— Eu odeio calabresa. — Rebate com nojo.

— Eu sei, mas o problema é seu!

A verdade é que estou orgulhosa de Josh. Parece nada pedir uma pizza, mas para ele é um grande passo. Ele sempre foi tão inseguro e envergonhado que até mesmo pedir algo era difícil. Tentei ajudar ele diversas vezes com isso, mas não sou um exemplo de extroversão a ser seguido também. Pelo menos algo de bom ele tirou dessa experiência traumática, afinal.

Simplesmente volto a tentar dormir depois que Josh sai. Vencida por um cansaço imenso, adormeço entre os flashes e lembranças sangrentas. Não tenho pesadelos, afinal, a vida real já é uma, não preciso sonhar. Sonho com algo feliz, meu pai me levando para um jardim ou algo parecido, depois Simon aparece radiante e me abraça. As imagens alegres se desfazem quando acordo com Deena abrindo a porta do quarto.

Ela atravessa o cômodo e segura as costas de Josh que está sentado na escrivaninha digitando algo no computador. Ele se vira para ver a irmã e é pela expressão dele que percebo que tem algo errado. Ainda sonolenta, me sento na cama.

— O que rolou? — Pergunto com a voz rouca e esfregando os olhos.

Deena gira em minha direção e, então, vejo sua barriga esfaqueada e cheia de sangue. Estou tão supresa que não digo nada.

— A Sam. — Deena começa. — Ela me...ela me atacou.

Descemos para o andar de baixo. Tem sangue em todo carpete e uma Sam amarrada com o fio do telefone no chão se debatendo e fugindo. Eu e Josh ficamos de boca aberta com a cena. Pensamos que tinha acabado, que tinha sido o fim.

— Que porra... — Josh balbucia.

— A Sam não tá passando bem. — Deena explica, a voz fraca por conta da dor.

— É notável... — Digo com um pouco de ironia olhando para a loira que está irreconhecível. Sam nunca faria assim, em hipótese alguma machucaria alguém, ainda mais Deena.

— A gente tem que dar um jeito. — Deena fala se aproximando da namorada. — Eu vou te trazer de volta. — Declara para ela, mas duvido que Sam se importe. A mesma dá um rugido muito alto que me faz dar um pulinho.

— E lá vamos nós enfrentar a bruxa. — Murmurro com cansaço para Josh. — De novo.