CRAVEN - fear street.

RUN.

OUÇO Deena fazer todo um discurso motivacional sobre acabar com a maldição e fazer justiça por todos que sofreram com ela. Acho que todos nós fingimos que estamos sem nenhum medo, mas, na realidade, estamos apavorados. A ansiedade pulsa dentro de mim e parece que a qualquer momento vou explodir.

Começamos a pôr em prática as ideias de Josh. Colocamos tinta neon na mistura de água e o sangue de Deena e espalhamos o líquido pelo shopping. Também colocamos ela em armas de plásticos. Martin desliga as luzes do shopping para vermos as luzes néon.
O resultado é bonito, como uma festa néon, o shopping todo enfeitado de cores tão vibrantes que os olhos doem, mas não é tão bonito quando você sabe faz parte de um plano para acabar com uma maldição.

Ouvimos o barulho de alguém chegando. Merda. Corro com Deena e Josh e nos escondemos. Minutos depois vejo um dos policiais atrás de nós.

- Parados! - Ele manda, segurando uma arma e levantamos os braços. - Achei mais três. - Avisa para o rádio.

- Senhor, nós...

- Larguem as armas! - Ele me corta, ríspido como uma mula.

- Senhor, por favor, deixa a gente explicar... - Josh diz com bastante medo na voz.

- Larguem as armas! - Repete. - Joguem para cá.

Então o fazemos, deslizando as armas verdes no chão. No mesmo instante, ouço Martin gritar do outro lado do ambiente, isso porque o policial que estava na frente dele e de Ziggy foi esfaqueado...pelo Leiteiro. Eles chegaram. Os dois adultos correm para longe, enquanto o policial que estava com a gente atira no serial killer, mas obviamente, não adianta. O Leiteiro ataca ele e o mata, assim como o primeiro. Resmungo em horror quando corremos para onde tem a corda.

- Por favor, toma cuidado. - Deena diz a Josh segurando seu rosto. - Vocês dois. - Completa olhando para mim e faço que sim.

Ela sai e deixa eu e Josh segurando a corda. Segundos depois, o Esquartejador aparece no corredor, começa a caminhar perto de nós. Agora, parece que até respirar se torna perigoso, então seguro o ar. Josh troca um olhar apavorado comigo e assistimos o assassino passar por nós. Consigo sentir o alívio nos meus ossos. O Esquartejador entra na loja tão devagar quanto uma lesma, quando ele, finalmente, alcança um distância boa da entrada, Josh puxa a corda, descendo o portão. Pego o resto da corda e amarro num gancho, o prendendo no estabelecimento.

- Essa parte foi fácil demais. - Digo com desconfiança da nossa sorte.

Josh concorda, mas vamos para o balcão onde deixamos Sam amarrada. Lá encontramos Deena e Martin.

- Quantos foram?

- A gente pegou um e o Martin pegou o Leiteiro. - Josh responde a irmã.

- Quatro. - Levanto a cabeça para ver que Ziggy apareceu. - Pegamos quatro. - Ela se senta junto a nós. - O Máscara de Caveira e o Nightwing.

- E a Ruby? - Deena questiona.

- Ela não apareceu, até agora. - Falo.

- A gente tem que ficar de olho no...

- Ei! - Martin chama interrompendo Josh. - Por que tão todos quietos?

Boa pergunta. Ficamos em silêncio, não esperávamos que isso acontecesse. Olhamos por cima do balcão, checando se eles conseguiram sair, mas nada. Eles estão quietos e silenciosos nos portões

- É ele. - Ziggy conclui.

Já era hora dele chegar, afinal.

- Você não precisa fazer isso. - Deena a diz.

- Preciso sim. - Ziggy está determinada e me olha buscando compreensão, balanço a cabeça a apoiando.

A mulher pula o balcão e eu a acompanho. Deixo que ela siga na frente enquanto me afasto. Tenho que deixar que Nick só a veja, então, fico atrás de uma parede.

E ele entra. É estranho como não consigo vê-lo mais como meu tio. Só o vejo com um monstro que usa a pele de humano para se disfarçar de homem. A vontade de vomitar me volta, mas a seguro. Ele para quando vê Ziggy, mexido de alguma forma com a presença dela. O policial caminha até ela e diz o seu nome. Ele olha de forma tão carinhosa para ela que eu poderia acreditar que há sentimentos em seu coração, se não soubesse quanto sangue e dor há nas mãos dele. Ziggy também diz o nome dele.

- O que tá fazendo aqui? - Pergunta.

- Peguei, tá com você. - Ziggy diz, pegando a corda ao lado e puxando.

O balde com a mistura de água, sangue de Deena e tinta néon cai sobre ele, o encharcando com o líquido. Momentaneamente, Nick parece confuso. Os outros três aproveitam o momento para soltar os assassinos, que agora vêem o policial como alvo principal.

Nick parece me notar agora, quando me olha, hesito, mas ele volta se concentrar em se safar. O desgraçado agarra Ziggy por trás e a prende a si mesmo.

- Deena, leva eles pra longe de mim. - Ele grita e levanta a arma. - Se eu morrer, ela morre.

Ouço os gritos de Ziggy e olho para Deena, ela não sabe o que fazer, muito menos eu. Mas o Máscara de Caveira aparece atrás de Nick e o corta, dando tempo para Ziggy correr. No entanto, agora ela está com sangue de Deena na blusa e isso atraí o Leiteiro que também a agarra. Tento correr na direção dela, mas quando chego perto Deena já resolveu a situação cortando sua mão e chamando atenção dos assassinos.

Pelo canto do olho, percebo Nick fugindo e entrando em uma porta por ali. Não posso deixar ele fugir, então o sigo.

- Você não vai fugir, não dessa vez. - Digo assim que abro a porta.

O vejo caminhando com certa dificuldade e ele se vira.

- Julia. - Ele chama num tom autoritário. - Saia disso tudo, eu não quero te machucar.

Dou uma risada dolorosa.

- Você já fez isso, fez muitas vezes.

Ele continua caminhando para trás.

- Mas já chega, isso acaba hoje. - Falo com uma falsa determinação.

- Garota burra. - Ele diz ríspido. - Igualzinha ao seu pai quando ele descobriu também...

- Então ele sabia? - Pergunto com dor ao lembrar dele. - Ele sabia e, você...você...

As lágrimas brotam dos meus olhos, encarando a verdade. Eu deveria saber que meu pai nunca me deixaria, não porque ele queria.

- Eu o matei e farei a mesma coisa com você se ficar no meu caminho. - Ele ameaça com frieza e crueldade.

- Você não é nada, sabia? - Falo com ódio. - Você e todo os seus descendentes - Minhas palavras saem com nojo. - São só um bando de fracassados que não seriam porra nenhuma se não fizessem um pacto com o diabo.

Percebo que o irritei quando ele começa a voltar e aproximar de mim.

- Eu vou acabar com você e seus amiguinhos, até aqueles que estão no hospital, e vou fazer questão de deixar todos acharem que vocês os matou. - Balbucia com tanto ódio que me afeta.

Tenho certeza que meu olhar vacilou de medo. O vejo se mover rápido e sinto algo bater com força na minha cabeça.

- Você deveria ter ficado longe disso.

É a última coisa que escuto antes de tudo ficar escuro.