TESTIMONY.

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— DEPOIMENTO de Julia Morales

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— DEPOIMENTO de Julia Morales. Domingo, 2 de outubro de 1994. — Nick Goode fala depois de ligar o gravador. — Pode me contar o que aconteceu?

Olho para o delegado que costumava ser da minha família. Não posso contar.

— Fomos buscar o remédio da Sam no mercado. — Começo a contar a história que eu e Josh inventamos para o depoimento. — Ai as luzes se apagaram, ficou tudo escuro. Então a gente se escondeu atrás de um balcão até tudo acabar. — Acho que soei convincente, pelo menos tentei ao máximo.

— E seus machucados? — Ele indica para as feridas que tenho. São muitas, incluindo o corte no braço que agora parece só piorar.

— Eu cai em cima de algum vidro.

— Você tem cortes por todo o braço, Julia. — Argumenta estranhando minhas justificativas.

Dou de ombros. Não me importo se ele acredita em mim ou não. Afinal, ele não acreditaria se eu o contasse a verdade.

— Eu vou te falar o que eu acho. — Pausa. — Os drogados...

— A Kate e o Simon? — Ele assente. — Meus amigos não são drogados. — Afirmo com raiva.

— Eles são culpados por tudo. — O delegado continua. — Parece simples demais para mim, mas é a história que vamos contar, a não ser que você me ajude a entender o que aconteceu de verdade. — O discurso típico dele.

— Desculpa, mas foi isso que aconteceu. — Minto. — Eles não são culpados, foi só mais uma merda que aconteceu nessa cidade e infelizmente os dois foram as vítimas da vez. — Minha voz ameaça que vou cair no choro em breve.

Nick desvia do meu olhar.

— Suas amigas vieram me pedir ajuda e eu não escutei, sinto muito por isso. — Diz se apoiando na mesa para se aproximar. — Mas agora eu quero te ajudar, Jules. — Sua expressão é cheia de culpa e não é apenas pela noite passada.

— Acho que agora é um pouco tarde demais. — Digo com duplo sentido.

Ele se afasta e suspira, como se as minhas palavras fossem espinhos. Que bom que ele está afetado. Eu sinto minhas mãos soarem e as esfrego no estofado do banco que estou sentada. Pensei que ia ser desconfortável vir aqui e dar um depoimento falso para o delegado, mas não. A única coisa que consigo sentir é raiva a cada frase que sai da boca do homem.

— Quer mesmo que seus amigos levem a culpa por isso? Vai haver consequências, sabe disso? — Questiona. — Isso se eles saírem com vida, claro.

Ele joga sujo, esfregando na minha cara a situação crítica de Kate e Simon. Mas é isso, um jogo. Sei que ele quer me manipular para dizer a verdade e funciona. Os dois estão internados em um hospital e se ainda sobreviverem vão sofrer as consequências e ter a fama de drogados? Isso não é justo.

CRAVEN - fear street.Onde histórias criam vida. Descubra agora