[ UDG/F2 ] ORIGENS. Antes do "Espelho, Espelho Meu"

XVIII - O RECLAME REAL

Cercada por inúmeros animais e outros seres míticos, Regina, que agora veste sua formidável armadura dourada e coberta pela grande capa vermelha que cai de seus ombros está às voltas duma enorme távola feita do toco de uma conífera imensa, uma mesa onde discute os planos do golpe contra os magos, ao lado de centauros, minotauros, sátiros, faunos e fadas.
- Tive a revelação de que Lorde Urgannus e seus asseclas manipulam nossos monarcas a gerações, há muito tempo preparando o terreno para tornarem-se os únicos dominadores da magia.
Meus pais descobriram seus planos, porém escolheram manter as aparências para que eu pudesse ser a espada que empunhariam contra os magos, mesmo após suas mortes.
- Eles serão obrigados a abrirem mão do poder e até deverão coroá-la, majestade como manda a tradição do Reclame Real. - Diz um grande centauro que tesa alguns arcos ao lado dela, enquanto alguns cervos mágicos e gigantes caminham às margens de um córrego ao fundo, na orla duma densa floresta de cores verdes e alaranjadas pelo entardecer.

- Certamente. - Alguns soldados e faunos afirmam eufóricos, quando Regina questiona enquanto olha para todos animais falantes e seres míticos acampados numa parte mais ampla e inferior da campina à sua frente.
- Achei que toda sorte de seres mágicos estariam nestas terras, meus amigos, porém... Por que não há dragão algum aqui?
- São predadores, minha rainha! - Um grifo amarronzado diz arrumando suas asas - Criaturas como eles fogem ao se sentirem ameaçados, o que de fato ocorreu!
- Os cavaleiros e mercenários recompensados com seus próprios pesos em ouro, terras e pedras preciosas por caçá-los... - Regina relembra - É claro!
- Como bem relembrastes, Regina, - Griphyus ainda acrescenta - Quantas não foram as cabeças, asas, escamas e ossadas trazidas por tantos caçadores contratados, justamente por Urgannus...
- Sob a alegação de que os dragões eram uma ameaça - Alguns ogros gritam se aproximando. - Disseram o mesmo sobre nós.
- E sobre nós também, majestade! - Duas hidras com três cabeças também intervém com vozes graves e retumbantes, enquanto emergem de um rio próximo.
- Todos fomos vítimas dum plano minuciosamente elaborado e perfeitamente executado. - Diz uma pequena fada do tamanho dum colibri, que se aproxima voando com pequenos cabelos louros repicados, de pontas esverdeadas e cintilantes.

- Sorte que a maioria de nós, as fadas, voltamos para Arcádia, nossa dimensão natal, embora nosso êxodo tenha exigido o sacrifício de alguns, que como eu, precisaram ficar para trás. - a fadinha conclui, enquanto todas as demais fadas no lugar juntam-se à ela.
- Já fomos apresentadas, pequena, porém valente guerreira? - Regina caminhando até a fadinha que a reverencia, curvando no ar:
- Me chamo Nannis, majestade.