XII - O NOBRE TRAIDOR

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- Lorde Merlin? - Griphyus questiona assustado ao reconhecer as vestes do recém-chegado, enquanto Regina o intima:

- Dê-me uma boa razão para não matá-lo agora.

- Alteza? - o jovem mago aprendiz parece assustado com a reação da princesa, que revela muito do que viu no futuro distante e distópico revelado por Autor:

- Vi o que seus mestres fizeram com meu reino. O regime déspota que instauraram sobre esta nação e os males que fizeram a todas as criaturas mágicas, assim que anunciaram a todos a minha falsa morte.

- Esplêndido! - o jovem mago diz intrigado. - Vossa alteza também previu o porvir?

- Certamente. - Autor diz reaparecendo na frente de todos, e Merlin cai sentado ao chão, diante da criatura mística, que diz estendendo-lhe a mão direita:

- Levante-se, meu jovem. - Autor segura-lhe a mão e demonstra complacência, enquanto dirige-se à princesa e grifo que o olham, confusos.

- Não foi a única a quem revelei a verdade vindoura, Regina.

- Pois então, temos uma vantagem. - Regina deduz - Alías, duas. Vejo que temos um dos magos ao nosso lado e... Provavelmente, nada menos que a criatura mais poderosa deste universo encontra-se em meus aposentos, após trazer-me de volta através do próprio tempo.

- Através do tempo? - o jovem Merlin questiona surpreso.

- Mas o que estás dizendo, Regina? - o grifo também indaga, intrigado e ela prossegue:

- Deveras, caro amigo. Esta é uma longa história. Teremos tempo para ela depois. - Regina diz voltando-se para o ser místico que agora contempla os jardins reais através duma janela enorme:

- Ilmo Autor, vejo que meu pai, momentos antes de sua morte estava certo. O Conselho dos Magos certamente é o mal que há neste reino. Sem ofensas, caro Merlin.

- Não por isso, alteza! - o aprendiz dos feitiçeiros diz enquanto acena com as mãos, para que Regina não se preocupe em escolher as palavras ao referir-se aos mestres dele.

- Mas, apesar de ouvir, tanto naquele futuro sombrio, quanto neste amargo presente, o quanto o povo sofre e está revoltado... Por que nada fizeram? - Regina indaga, quando Merlin explica rapidamente:

- Os lordes Urgannus, Aldemorn, Calixtes, Lominom, Adollur, Villannard e até mesmo seu jovem aprendiz Merlin... - Autor diz num tom notavelemente sério e ríspido. - São portadores de habilidades que poderiam subjulgar, até o mais poderoso exército dos homens. Por qual razão acham que decidi intervir nos acontecimentos desta realidade?

- Não posso acreditar no que vejo! - O jovem Merlin diz se aproximando de Autor. - Um dos Seres Antigos, entre nós?

- Contenha seu entusiasmo, mago. As paredes têm ouvidos neste lugar. - Autor pede para que Merlin se acalme enquanto Regina diz caminhando pelo aposento imenso:

- Pelo que vimos do futuro, os magos anunciarão minha falsa morte, daqui a seis semanas, exatamente ao meio-dia, para que Urgannus ascenda ao trono ao cair daquela mesma noite!

- Os magos usarão barro e ossos de animais numa estranha alquimia sombria de transformação, para criarem um corpo falso e idêntico ao de vossa alteza, porém com sinais de afogamento. - Merlin diz pesaroso, como se escolhesse as palavras. - Pude ouví-los planejando isto na Távola do Conselho, meses atrás.
Entre outras tantas cousas que certamente vistes e ouvistes em vosso vislumbre do sombrio porvir que nos aguarda, vossa alteza...
Estes eram os planos de Lorde Urgannus para vossos pais: Provocar a morte do rei e da rainha, colocando-os no trajeto daquele navio à deriva que impedistes de cair sobre o reino.

[ UDG/F2 ] ORIGENS. Antes do "Espelho, Espelho Meu"Onde histórias criam vida. Descubra agora