[ UDG/F2 ] ORIGENS. Antes do "Espelho, Espelho Meu"

PRÓLOGO: MONSTROS NÃO NASCEM MAUS

" Furte o ovo de um grifo, ou até mesmo de um dragão do ninho de sua mãe.
Cuide dele até que ecloda, dando ao filhote calor, abrigo, sustento.
Ao crescer desta criatura; terás um companheiro leal e disposto a dar a própria vida para proteger-te se preciso.
Porém jamais confie em homens, mesmo que sejam sangue de teu sangue."

Relembrar tais palavras ditas por eu mesma, e mais tarde reafirmadas por ninguém menos que Malévola; uma antiga mentora e grande feiticeira que apresentou-me os segredos das poderosas forças, por trás da aparente delicadeza da Natureza, me faz compreender o porquê de minhas ações serem tão questionadas ao longo destes séculos, justamente pelos homens, os seres que foram criados para dominá-la e prosperar junto dela, porém tornaram-se cada vez mais desconexos do próprio mundo que os trouxe à existência.

Outrossim; recordando-me de quando a ainda jovem Morgana Le Fay foi iniciada comigo por sua tia Viviane, a Dama Do Lago, no vasto campo da Magia obscura do Caos...
À medida que aprendia a não temer as trevas e sim a abraçá-las e subjulgá-las, cada vez mais constatava um princípio indubitável:
Assim como os próprios humanos...

Monstros não nascem maus.

A humanidade me deu muitos nomes, através das incontáveis eras pelas quais passei, transformando-me em bruxa, em deusa, em demônio, em lenda, até mesmo em personagem de conto de fadas e assim, minha história foi tantas vezes recontada, que a verdade sobre ela acabou sendo completamente apagada.

Em meu encontro transcendental com a verdade; alcançei o poder que me foi dado por entidades cuja sabedoria está além da compreensão humana, libertando-me, enfim, das amarras às quais estão presos os mortais.

Quantos altos preços paguei, e sacrifícios que me houve mister fazer para não falhar em minha busca pelo poder, porém embora tenha me tornado algo que muitos passaram a temer e pouquíssimos puderam deter, ainda havia forças ocultas com as quais jamais soube, porém teria de aprender a lidar.

Para unir-me à Magia que selaria meu destino para sempre; ao fluir de minhas entranhas iniciando a cruzada, que embora árdua levaria-me à descoberta de meu glorioso propósito, bastou-me proferir as palavras:

" ESPELHO, ESPELHO MEU"